Trabalho com social media, sou a favor da interação com usuários, da comunicação cada vez mais próxima com o consumidor, mas não concordo com algumas formas de fazer comunicação. Pode me chamar de old school.
Não tolero por exemplo, como comunicadora, que algumas marcas criem uma comunicação informal demais com seu público. Claro que tem a ver com target, posicionamento do produto e outras estratégias mercadológicas. Mas via de regra, marca tem que se comunicar como marca e ponto.
Também não curto o chavão corporativo adotado por 9 entre 10 artigos, o tal DNA da empresa. É uma linguagem figurada? Ok. É. Mas não consigo ver marca ou empresa com DNA. Afinal, aprendemos que marcas/empresas tem missões e valores. Uma empresa não é uma mitocôndria.
Mas o que me deixa indignada é o que algumas agências tem feito com marcas e produtos na comunicação digital. Em nome de x likes, n compartilhamentos e viralizações y estão criando campanhas ou anúncios que não só banalizam a marca, como colocam por terra anos e anos de imagem institucional criada com muita comunicação de marca, assessoria de imprensa, branding, eventos corporativos, feiras, publicidade, propaganda, relações públicas e todas as formas de comunicação corporativa.
E por quê? Por um punhado de likes. Por um resultado de comunicação baseados em números vazios, por uma interação feita só de % e alcance. Começamos a viver na comunicação digital, uma fase que ainda temos na propaganda, o resultado do riso. Quantas campanhas engraçadas ou polêmicas que já vimos, comentamos, mas sequer lembramos qual marca assinava?
Até onde eu puder, vou dizer que não faço esse tipo de comunicação digital. Foram 4 anos de graduação e vários livros lidos e sendo lidos sobre gerenciamento de crise. A regra sempre foi clara: não se brinca com imagem institucional. Nem por um punhado de likes.
Acho que a comunicação informal pode funcionar bem, mas com certeza não funciona para todos. Embora eu não me considere old school, também fico incomodado quando a informalidade é demais. O nosso único problema aqui no argumento é que o grau de informalidade é uma questão bem relativa, e como comunicadores usamos filtros um pouco diferentes do público comum.
O que não dá para negar é que a comunicação tem que estar de acordo com missão e valores. É muito ingênuo que campanhas arrisquem o esforço e dinheiro investidos em tantos anos na construção de uma marca, para simplesmente obter mais likes e seguidores no twitter. São esforços vazios e métricas extremamente equivocadas.
Já os chavões… ah, os chavões. Eles são legais e extremamente inovadores, até se tornarem "chavões". De tão populares, ficam extremamente chatos. Não ligo para as analogias fisiológicas, já que tendemos a usar esse tipo de coisa em todas as áreas de estudo. A própria web é uma teia, certos departamentos em empresas são considerados seu coração, cérebro, ouvidos… seja como for, o chato mesmo é escutar o mesmo discurso com as mesmas palavras, com as mesmas analogias, buzzwords de sempre.
Gustavo,
Eu disse que podem me chamar de old school, não que eu seja ;D
Mas o toque é principalmente para os comunicadores. Temos que manter esses filtros na hora de criar.
Obrigada por complementar com o comentário.
Abraços
Marcia, me solidarizo com suas impressões. No afã da marca ser "humana" e "descolada", ela chega até a dar "oi, bom dia" para seus seguidores… Pra mim, não serve, mesmo sabendo que, claro, quem cumprimenta do outro lado é o funcionário ou fornecedor contratado, a relação não é pessoal e íntima. A marca fala por suas atitudes, patrocínios, campanhas e depois por sua reputação conquistada a partir da percepção do público sobre estas exposições e interfaces. Outro ponto importante levantado por seu post são das métricas centradas na ótica financeira e no dado quantitativo, que significa empregar uma visão de mundo industrial para uma realidade/sociedade que já está em outro patamar.
Adorei Marcia! É a tchurma do Klout, mais vazio de conteúdo impossível. Bjs!
Haha. O Klout. Ah, o Klout. Influência agora é dada por uma ferramenta, por um robô, que pode ser manipulada por quem tenha um pouco a mais de conhecimentos de programação, rs. Não gasto minhas expectativas com isso. Influência, pra mim, é outra coisa. 🙂
Oi Márcia, gostei e aprendi bastante com seu post! =D Tb concordo com seu ponto de vista e seu post me fez refletir se esta tendência não se dá também por um certo deslumbramento de algumas agências de comunicação e profissionais que descobriram ferramentas que “tangibilizam” os acessos, likes e compartilhamentos, como as redes sociais. O tangibilizar as ações de comunicação, sempre foi, e continua sendo um grande desafio para nós RPs, o que não se deve esquecer é que estes números, e sem interpretações bem posicionadas e com um planejamento bem feito tornam-se apenas dados. Não sei se viajei, mas pensei nisso enquanto li o seu post. Um abraço.
O que mais tenho visto por aí, Marcia, são marcas engraçadinhas demais, informais demais. Soa pedante. Pior de tudo é perceber que não há nenhuma identidade com o que de fato a marca (e as pessoas) é no offline, na prática. Se isso é reinventar a comunicação e o marketing, então temos de voltar ao passado, resgatar as boas práticas, sem tanto descomprometimento com a marca, a curto, médio e longo prazo.
Márcia,
Concordo plenamente com você mas…a questão vai um pouco além.
Quando falo "além", me refiro implicitamente aos CLIENTES. Por que? Porque insistem em medir o sucesso de campanhas ou do gerenciamento de suas mídias sociais em quantidade de likes, followers, fãs, views, etc. Não enxergam além disso, não entendem de posicionamento, de branding, etc…querem "medir resultados" , falam conosco sobre ROI,etc…
Então fica aqui um reflexão sobre o que é melhor : fazer do jeito 100% correto e não atender as expectativas dos clientes (e arcar com as consequências disso) ou entregar ao cliente aquilo que ele está buscando, tendo que utilizar algumas "licenças poéticas"? OK! Vc vai me responder que o correto é educar o cliente, mostrar pra ele os benefícios de longo prazo, etc.etc. mas nem sempre isso é possível.
Concordo que exageros existem em todas as partes – tanto para um lado quanto para outro – mas, de modo geral, o bom senso e o pragmatismo devem caminhar juntos!
Grande abraço!