Um dia desses eu estava conversando com uma colega de empresa sobre trabalho remoto, carreira e mais um monte de coisas, até que ela disse algo que me deixou com a orelha em pé: “Pedro, nossas empresas são o nosso sobrenome!” Fazia tempo que uma frase não me fazia pensar tanto!
Faz quinze anos que eu trabalho no mercado de comunicação, desde meu primeiro ano de faculdade. Este tema já havia sido falado antes, mas nunca tinha me feito pensar o quanto ele afeta nossas vidas, nossas carreiras e nossos planos futuros. E é isso que tem me feito pensar muito.
Se puxarmos o contexto global, as grandes corporações que existem ainda hoje – Coca-Cola, Ford, GE, Procter & Gamble, Volkswagen, Hering – todas surgiram por volta dos anos 1900 (um pouco antes ou um pouco depois). Até essa época o que definia um cidadão (ou o dava destaque, relevância e reputação) era sua profissão: advogados, médicos, engenheiros, professores, policiais, etc.
Com o surgimento e desenvolvimento das grandes corporações e conforme elas passaram, com o tempo, a investir em propaganda, em construção de marca (branding) e a se tornarem extremamente valiosas ao passo que o capitalismo ganhava corpo ao redor do mundo, as empresas onde trabalhamos também passaram a nos dar destaque, relevância e reputação.
Elas tornaram-se praticamente nossos sobrenomes, nossos cartões de visita que abrem muitas portas: Maria, da Coca-Cola; Renato, do Google; Clara, da Unilever… ter uma empresa colada no seu nome ainda conta muito.
E o que me fez pensar foi isso: trabalhar em uma grande empresa, hoje, conta muito sim – e eu sinto isso no dia a dia, desde quando entrei na Uber até chegar onde estou. Conta muito, mas não nos define como pessoas e profissionais.
E a gente precisa falar disso, pensar nisso, ficar bem com isso e questionar isso, especialmente quem já tem um pouco de tempo no mercado, por dois motivos:
A grande maior parte dos jovens com os quais converso querem trabalhar em empresas famosas, de renome, como se isso fosse algum tipo de status. E pode até ser, eu sei, mas não deveria.
Entretanto eu também observo que, dentre os mais jovens (e me corrijam se eu estiver errado) isso tem se tornado cada vez menos relevante. A busca por significado, pertencimento, propósito tem ganhado muito mais força entre as gerações mais novas, e isso é muito bom 🙂
E como um bônus, tem mais uma reflexão que a gente precisa fazer sobre “empresas e sobrenomes”, que é como isso pode ser usado para o bem, para ajudar na inclusão de pessoas no mercado de trabalho, para abrir oportunidades para alguém. E isso pode ser tema pra um post futuro – mas isso daqui pode nos ajudar a começar a refletir.
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