Já imaginou ter a sua entrega de diploma cancelada por falta de respeito do jurador durante a sua Colação de Grau? Foi o que aconteceu com os alunos da PUC – RJ, em janeiro deste ano.
A aluna escolhida para representar os alunos para realizar a leitura do juramento, inseriu por sua conta o complemento “ou não” ao final de cada frase do juramento:
Prometo exercer minha profissão/ com espírito de quem se entrega / a uma verdadeira missão de serviço / tendo sempre em vista o bem comum; ou não
Dedicar-me a conhecer e avaliar / a realidade social / e aprofundar meus conhecimentos / a fim de satisfazer as necessidades da sociedade; ou não
Aplicar-me à busca da verdade / à realização da justiça / e à defesa dos direitos fundamentais do homem, ou não.
Claro que para os alunos presentes, a surpresa deve ter sido levada como motivo de brincadeira, e aposto que muitos convidados presentes também riram desta situação. Mas e para o corpo docente?
A atitude tomada pelo diretor presente na cerimônia foi de levar (após a solenidade) a filmagem do evento à reitoria, que determinou a suspensão da Colação Oficial e, por conseqüência, da validade daquele ato solene. Acredito que a façanha tenha tomado repercussões na mídia após uma das formandas não poder ser contratada pela Rede Globo justamente por ter a sua entrega de diploma adiada.
A ideia deste post não é apenas descobrir de quem foi a culpa, mas de discutirmos medidas que possam ser tomadas para evitar que algo inusitado assim aconteça novamente.
Alguns questionamentos para incentivar a sua participação:
- O mestre de cerimônias poderia intervir?
- Existem meios da equipe organizadora ter maior controle sobre os discursos dos alunos?
- O diretor presente poderia ter solicitado à formanda para repetir de forma correta o juramento?
- Foi realmente necessário punir todos os alunos?
E você, o que pensa a respeito?
Para ajudar na compreensão, abaixo algumas definições sobre os temas abordados. Aproveito para recomendar a leitura do post: Ritos de passagem: Colação de Grau (parte I).
Colação de Grau: É o ato de colar grau, uma tradicional cerimônia acadêmica em que o estudante concluinte do Ensino Superior recebe oficialmente o direito de exercer sua profissão
Juramento: É uma afirmação, como uma promessa para seguir os mandamentos éticos que envolvem a profissão. Cada curso de graduação possui um juramento específico.
Fonte: Leonardo Vieira
No juramento é ainda pior!
Mas na minha formatura, nosso orador se empolgou nos palavrões e brincadeiras. No início até estava engraçado, mas o orador se empolgou demais e deixou os pais, os convidados e até os formandos um pouco constrangidos. Não soube se portar, representar a turma e saber o limite pra uma cerimônia oficial. Tanto que no final, o diretor fez questão de dar uma bronca geral nele e em todos nós e, ainda, pediu desculpas aos pais pelo discurso. Tem muita gente sem noção mesmo, né? rs
Oi Luiz, me lembro de sua Colação, eu estava lá como MC no teatro Paulo Machado, foi uma solenidade bem difícil, por características dos cursos de Comunicação os formandos são bem animados!rs Me lembro deste fato, o orador fez um tipo de stand up, divertido para os formandos, mas constrangedor para família e professores. O Diretor fez muito bem ao final, em seu discurso de encerramento, pediu desculpas aos convidados presentes. E não foi só isso, me lembro bem de avisar que era proibido a utilização de equipamentos como confetes e mesmo assim vários formandos levaram confetes escondidos por debaixo da beca…rs
Achei interessante que todos apontaram o erro dos estudantes, mas poucos apontaram o erro do diretor. Este disse que a universidade realmente não deve "compacutar", mas ele foi conivente em respeito aos pais dos formandos, mas enviou o vídeo para a reitoria, obviamente já esperando a reprimenda vinda da chefia direta e, obviamente, o eximindo de parecer um "carrasco" ou "estraga prazeres". Isso custou aos alunos todos estes transtornos e aos pais, os quais ele tanto quis respeitar no momento, mais transtornos também. Seria uma "pegadinha do malandro" com os pais, parentes e amigos?
A intervenção deveria ter sido feita na hora e não dias depois quando se preocupasse em ser procurado pelo fato. Todos terão seus devidos prejuízos, menos este diretor, que no máximo receberá um "tapa na mão" pelo que fez, enquanto outros alunos, inclusive a estudante que perdeu o emprego em uma empresa de renome, não vão sair tão ilesos desta.
Quanto ao problema, todos tiveram o exemplo que precisavam de que com ética não se brinca.
Concordo plenamente @Fe_quirino! Acredito que o diretor poderia sim ter realizado uma intervenção e não esperado passar a solenidade para punir os alunos. Pedir para que a formanda realizasse a leitura corretamente seria uma boa alternativa. E outra, se não fosse por iniciativa do diretor a equipe de cerimonial ou da organização poderia sim dar um "toque" ao diretor.
Na Casper, um professor frequentemente terminava frases, em aula, com "ou não". E aí, devemos considerar o conteúdo dado previamente?
Acredito que tudo tem o momento certo para brincar, durante um juramento inserir o "ou não" para mim foi falta de ética e respeito com a própria profissão.
Ser orador e ter liberdade para "brincar" é uma coisa. Agora, juramento da profissão é coisa séria, gente! É o compromisso público, diante de testemunhas, de que seremos éticos naquilo que fazemos…
Perfeito Carol! Faltou seriedade por parte da formanda. Estudar e se dedicar tanto (ou não) durante 4 anos e no momento de expor os princípios e comprometimento com a profissão escolhida passar a imagem que poderá ou não seguir aquele princípio é falta total de decoro.
Fica complicado "eleger" um culpado para a situação na minha opinião. Erra o orador, no momento em que faz um juramento, brinca com coisa séria, como @fe_quirino atentou em seu comentário. A solenidade pode sim ter seus momentos de descontração, mas nada que coloque em cheque a ética da profissão, dos valores humanos, dos valores estudantis e até mesmo da instituição de ensino que proveu novos profissionais. Erra também o diretor, que se valeu de sua força política dentro da Instituição, levando à reitoria o vídeo. Por que não interromper a solenidade e começá-la de novo? Poderia ser vergonhoso? Sim, poderia. Porém, seria melhor do que expor toda a questão, amplificando o barulho que na verdade, ainda era ruído, comprometendo a imagem da instituição e de seus formandos.
Em momentos assim, medir forças não é a melhor maneira de corrigir e solucionar situações embaraçosas.
Realmente @LidiaCWagner, um esforço naquele momento, já tendo quebrado o protocolo pela formanda, poderia ter evitado que o problema fosse parar na reitoria dias depois.
Atos solenes – como uma colação de grau – são só isto mesmo: atos solenes. O problema criado deriva do "assalto de empresas organizadoras de festas de formatura" aos ainda ingênuos estudantes abordados já no primeiro período da faculdade para "fazer a vaquinha" voltada para 4 anos adiante. Em duas Universidades em que trabalhei era simplesmente proibida a atuação dessas empresas, porque a colação de grau é uma ato solene da instituição que deve, pois, arcar com sua organização e cumprir o seu rito oficial. Festas, comemorações diversas, locais "da moda" e colações "fake", com farta distribuição de canudos – inclusive a quem ainda não terminou seus créditos – são outra coisa, mas nem sempre isto fica claro aos "contribuintes da lista da 'colação'.". Quando se mistura as coisas não há a – necessária – revisão antecipada dos discursos, homenagens e protocolos (indispensáveis num ato formal), o que levou ao incidente. Essas orientações deveriam ser passadas aos alunos, formalmente, no momento em que ingressam na faculdade, separando bem os dois conceitos: colação de grau é uma coisa e festa de formatura é outra. Aí os mesmos saberiam que o ato formal é aquele que tem exigências – inclusive terminar o curso todo com aprovação, sem "pendências", e o outro é aquele que o limite do bolso e da criatividade podem proporcionar. Numa Universidade do Rio de Janeiro uma estudante teve o direito de receber o seu diploma reconhecido por um juiz ao provar que "colou grau" junto com a sua turma – a partir de vídeos e fotos – em que estavam as autoridades universitárias necessárias à legitimação do ato. Você quer dividir o mercado de trabalho com um colega "fake"?
Olá Marcondes, obrigado pela contribuição. Acredito sim que exista um grande mercado para empresas de formaturas atuar, mas para universidades tradicionais como PUC, USP e outras as também empresas são contratadas, mas para os atos solenes seguem a risca os ritos próprios das univesidades, a empresa entra com a parte de estrutura, mestre de cerimônias, decoração, som, convites e becas.
Existem Universidades, como a Metodista de São Paulo que possuem um manual próprio de formaturas. A Profa. Isildinha é quem o escreveu, lá existem normas e critérios para que estas empresas possam adentrar a Universidade, lá a colação oficial, bem como a festa da beca (cerimônia festiva e simbólica) é realizada pela própria Universidade. Existe todo um controle e padronização que dificilmente saem dos script. Um exemplo para as demais Universidades que se arriscam deixando tudo por conta das empresas.
É preciso lembrar também que existem empresas e empresas, pesquisar é preciso, mas este será assunto para um próximo post! Abraços.