O primeiro palestrante do WCF Davos deste ano foi Paul Holmes, um dos mais respeitados consultores de RP do mundo. No evento, o tema da sua palestra foi “RP está morta x Vida Longa às RP de todos os canais! Como a essência da indústria de RP muda? O que substitui as RP?”.
É claro que a conclusão do debate foi que a necessidade do mercado, em todas as indústrias, pela nossa profissão, está mais viva do que nunca. Mas, atenção: é preciso correr, estarmos atualizados e aprender novas habilidades fundamentais para que possamos aproveitar todo esse mar de possibilidades que surge com a percepção, real, de que todo mundo precisa de um RP em uma era de consumo colaborativo e de moeda social.
Tivemos a oportunidade de falar com exclusividade com Paul, numa conversa cuja versão (quase) sem cortes está no vídeo a seguir:
Aqui fica um resumo do presente e do futuro das RP, na sua visão:
1. Sobre habilidades a serem desenvolvidas pelos profissionais de RP:
– RP, administração e ciências humanas:
– RP deveria ser ensinada não apenas em cursos de jornalismo e comunicação, mas também e, principalmente, em cursos de administração.
– É preciso diversificar o conhecimento e mergulhar em temas como análise de dados (big data) e analytics, para entender o que os números dizem sobre o mundo. Esses conhecimentos ainda passam longe dos cursos formais.
– Também é preciso sermos muito melhores cientistas sociais para entender o que modifica o comportamento humano e de que forma uma narrativa pode impactar nos nossos públicos.
– RP, assessoria de imprensa e produção de conteúdo:
– Embora as relações com a imprensa sejam fundamentais, RP está além delas e mesmo estas relações precisam mudar.
– RPs devem pensar como repórteres, mas também como empreendedores. Ter uma visão de negócios para assumir liderança nas empresas.
– É preciso mergulhar na produção de conteúdo. O RP precisa circular na empresa e encontrar histórias para contar, como um repórter.
2. Sobre empreender em RP:
– Como a relação entre as empresas e as pessoas tem-se tornado cada vez mais importante, já que elas sabem muito mais sobre as empresas com as quais elas se relacionam e tem opiniões sobre as interações gerir isso é vital. Por isso vivemos uma época fantástica para entrar no negócio de RP.
– Ao empreender, temos que lembrar que o tamanho dos negócios de RP não é o mais importante – e, aliás, o tamanho grande pode ser uma desvantagem.
– Para ter sucesso, é importante criar algo muito bem encaixado aos modelos de negócios e não copiar modelos antigos.
– Antes de sair da faculdade e empreender, é importante aprender com as agências. Aprender o que estão fazendo errado para fazer certo nas suas.
3. O que é RP para Paul Holmes:
– RP é a profissão que faz a gestão dos relacionamentos com todos os públicos de uma organização – inclusive os clientes. Logo, se marketing é o departamento que gere a relação da empresa com um dos públicos, que é o consumidor, torna-se também uma área de RP.
– A diferença entre RP e marketing é o tamanho do orçamento. E isso também precisa ser revisto.
Ao acompanhar organizações em crise ou que faliram nos últimos anos, Paul percebeu que se a relação com a comunidade, ONGs, governo, mídia, investidores ou os próprios funcionários não é pensada junto com a relação com os clientes, estes outros públicos podem criar problemas que desfazem todo o trabalho bem feito desenvolvido com os consumidores.
Um exemplo: a pizzaria que gastou milhões no intervalo do SuperBowl e, dias depois, teve um vídeo viralizado na internet com um funcionário cuspindo numa pizza a ser entregue a um cliente. O impacto da atitude do funcionário coloca a perder todo o investimento de publicidade – e a reputação da empresa.
Sobre Paul Holmes:
Em 2000 criou o The Holmes Group, que dedica-se a “provar e aprimorar o valor atribuído à profissão de Relações Públicas“, fornecendo insights, conhecimento para o mercado e prêmios profissionais. Ele é publisher do Holmes Report, onde publica as informações do dia-a-dia da nossa profissão em diversos países do mundo, reunidas graças às mais de duas décadas de experiência em escrever e avaliar negócios em consultorias de RP tanto para agências quanto para empresas. Se existe um lugar para termos informações apuradas e tendências sobre RP, este lugar é no Holmes Report.