Particularmente acredito que falta MUITA visão de negócio para nós, RPs. Sou do time que acredita que a profissão está mais ligada à área da administração do que da comunicação social. Na faculdade aprendemos que somos estrategistas, analistas de cenários, mas quando vamos para o mercado fazemos pouco disso. Somos tomados pelos releases, social media, eventos, e isso não é demérito, e também é culpa nossa. É com esse pensamento em mente que estou terminando minha pós-graduação em Administração, para poder entender E falar “negócios” com executivos.
Esse post é inspirado em um texto que li recentemente, publicado no blog da prmoment.com e escrito pelo Robert Phillips, ex-presidente da Edelman para a EMEA (Europa, Oriente Médio e Africa). Ele foi compartilhado pelo meu ex-colega de Banco Real, Marcelo Torres (muito obrigado) e pode ser visto na íntegra aqui.
Phillips começa seu texto fazendo uma alusão ao futebol-americano. Diz que os times devem pontuar quando estão ganhando a partida, isso pois tem mais capacidade de leitura de jogo, de cenário e, portanto, mais chances de obter sucesso no seu objetivo. Com as Relações Públicas funciona quase da mesma forma.
Várias vezes conseguimos, RPs, antever cenários, observar tendências, vislumbrar o futuro das coisas: fomos formados para isso. Mas quando a hora “H” chega, perdemos o jogo para publicitários, marketeiros, jornalistas e assim vai. Culpa de quem? Nossa! Saímos desfilando por aí as nossas ideias, falando do quanto conseguimos pensar e antever situações e não colocamos nada em prática. Não nos apoderamos desse conhecimento.
Phillips define essa desastrosa posição dos RPs como falta de visão de liderança, ausência de uma definição rigorosamente bem feita do nosso ponto de vista de nossa própria essência (propósito) e principalmente uma questão de modelo econômico e de negócios de nossas empresas, agências ou MEIs.
Em resumo a culpa das coisas estarem como estão é nossa!
Meu colega de Todo Mundo Precisas de um RP, Guilherme Alf, usa muito o termo #RPFazedor e eu gosto muito dele (do termo… rsrsrs). É disso que precisamos, levantar e fazer coisas, criar, colocar em prática os nossos planejamentos e reflexões, fazê-los acontecer. Para dar ainda mais estrutura às coisas, precisamos fazer isso com paixão, claro, mas sempre com os olhos no negócio; nos objetivos de negócio das empresas para as quais trabalhamos.
No texto, Phillips dá três “caminhos” que temos que seguir e fazer acontecer imediatamente, com base nele os três MUSTS que eu vejo são:
1. Precisamos melhorar nossa imagem, URGENTE!
Precisamos criar e mostrar cases de RP, mas RP MESMO!!! com análises, planejamento, estratégia, ações múltiplas, mensuração de resultados, execução impecável. Precisamos, junto com isso, entender a nossa essência e propósito como RP, que segundo Phillips é “ajudar empresas a entender seu próprio propósito e histórias que tem pra contar”.
2. Precisamos vender mais do que horas
Se você trabalha em agência entende muito bem este tópico. Time-sheet! Nós não somos apenas horas trabalhadas, somos conhecimento, somos criatividade, somos análises e estratégias, somos engajadores, somos criadores de conteúdo e por ai vai. Publicitários e marketeiros ganham muito dinheiro como? Vendendo horas? Acho que não! É por ai que precisamos ir, dar o efetivo valor que temos para uma organização, mas não apenas cobrando por isso, mas mostrando e entregando resultados! Podemos até chegar ao caso de colocar o dedo na “ferida” do “cobrar por resultados” (success fee).
3. Precisamos entender de negócios!
Precisamos ser pós-doutores em administração, finanças e gestão de negócios/empresas! Entender e dominar tanto disso quanto dominamos sobre engajamento de stakeholders, definição de mensagens-chave, redação de releases e por ai vai. Precisamos mostrar o impacto que nosso trabalho tem nos negócios, o quanto ele facilita a obtenção de resultados financeiros, a vida da equipe de vendas, ou da equipe do call center. Somos atividade-meio, damos suporte para diversas áreas da empresa, precisamos mostrar isso.
Esses pensamentos sempre me assombraram. Foram eles que me fizeram criar um modelo diferente de cobrança por serviços oferecidos em minha empresa, e são eles os grandes pesos nas nossas costas.
Se você gostou do texto e domina o inglês, incentivo muito que leia o texto original. Vamos juntos e compartilhe conosco aqui ou nas redes sociais o que você tem feito de diferente no mundo das RPs. Use a Hashtag #RPFazedor
Muito bom, Pedro!
Há empresas que já pagam até custo psicológico. Elas percebem que os funcionários sofrem um desgaste que ultrapassa o que o dinheiro pode pagar como hora extra ou banco de horas. Mas claro que estamos falando de grandes empresas. No caso de agências e clientes menores, precisamos ter a noção do custo psicológico que lidar com certos projetos envolvem e cobrar adequadamente. A parte mais difícil, né!
abs
Excelente Pedro.
Está muito bem resumido e detalhado um RP.
Vale ressaltar que as organizações procuram pessoas que saibam fazer a diferença, ser visionário e perseverante, saber tomar as decisões corretas, ter atitude e espírito de liderança e principalmente criatividade são as características fundamentais.. a inspiração existe, mas ela precisa te encontrar trabalhando.