Uma polêmica recente que me chamou a atenção foi a notícia de que a blogueira-mirim, Anna Clara Mansur, que se autointitula “a primeira blogueira fitness infantil” foi bloqueada pelo Instagram, rede em que postava seus feitos, depois de ser descoberta e por infringir a norma da plataforma de estar abaixo da idade mínima para participar.
O perfil, que agora é privado, e segundo entrevista dada ao G1 pela mãe, administrado por ela, mostra a rotina de treinos e alimentação da garota de 9 anos.
Fora os juízos de valores que possamos fazer em torno da menina ter ou não direito ao perfil, o que me salta aos olhos é o seguinte: as novas gerações têm necessidade extrema de se expressar ou mostrar-se por meio das tecnologias digitais. A rede escolhida, no caso, foi o Instagram.
Outro perfil que também me saltou aos olhos foi o da boneca Barbie no Instagram (@BarbieStyle): para quem está direcionado? Crianças ou adultos? Estímulo ao consumo ou apenas “desfile de moda e sofisticação”?
O cenário de autoexpressão exacerbada gera diversos “poréns” para a nossa sociedade atual:
– O controle dos pais deve ser mais rigoroso (por onde navegam, o que fazem e quanto tempo passam nas redes) com seus pequenos internautas?
– É saudável essa necessidade de expressão e blogagem aos nove anos de idade?
– O culto ao corpo já atingiu a mais tenra infância? O que é saúde e o que é estética pura e beleza?
– As marcas estão prontas para se relacionar com esses novos ou futuros consumidores, líderes e decisores?
– A comunicação e o diálogo com eles passa necessariamente pelas redes?
Por enquanto, são só dúvidas e questões. Acompanhemos as cenas dos próximos capítulos. Mas, o que é fato para mim é o acesso 24h/7dias semana/365 ano e a mobilidade desse público. A relação destes com a rede é natural e não requer qualquer aceitação como para gerações anteriores.
Ah…e para não perder a piada…já malhou hoje ou viu algum perfil fitness que te inspirou? 😉
Fim do ano passado, estive em uma comunidade carente de minha cidade e dentro de tantas dificuldades enfrentadas por aquelas pessoas, deparei-me com uma esperança: o nome dessa esperança é INFÂNCIA.
Lembro-me de quando tinha meus 9 anos de idade. Jogava futebol, bolita e tazo, corria, andava de bicicleta e patinete. Vivia na rua brincando. Hoje nas esquinas onde eu brincava, raras crianças. Apenas as enxergo pela janela de suas casas, em frente a um celular, computador ou videogame.
A tal blogueira fitness infantil é uma aberração dos novos tempos. Certo ou errado, prefiro minha infância. São duas gerações em uma década. A tecnologia acelerou o processo de mudança comportamental e a infância se perdeu; ou então, ela se redescobriu. São parâmetros diferentes, mas creio que minha infância – e das crianças que vi brincando na tal comunidade – seja mais alegre, divertida e proveitosa. Nada como ralar os joelhos e sujar a mão de barro!