Durante anos, o acesso a informações úteis para campanhas e ações de marketing e comunicação era bem complexo.
E aqui falo desde os dados sobre clientes guardados a 7 chaves (incluindo aquele seu mailing incrível que, imagine, jamais você iria compartilhar com alguém!), até as estatísticas de campanhas, que valiam ouro – ouro que ficava no “cofre” das mentes criativas e mesas de diretores de grandes agências.
Da noite para o dia, o ouro virou areia do deserto. Dados infinitos estão disponíveis na internet, e a sua interpretação aberta para quem se der ao trabalho de “linkar raciocínio lógico com Excel” (Cappra, na RP Week 2015) para que eles façam sentido.
Ao se transformar em infográficos e ebooks, as informações viram conhecimento e facilitam a compreensão e o convencimento dos targets das empresas.
Mas será que esse movimento de quinquilhões de dólares gritando “invista em BI e Big Data” é mesmo o que dá sentido para o trabalho de comunicação e marketing?
Será que grandes ideias surgidas a partir de dados são a melhor receita para ajudar negócios a crescer, vender mais, gerar mais valor para o mundo?
O design é o pai da simplicidade
Eu acredito que estamos vivendo a era que tende para a praticidade e simplicidade da vida.
A escritora Clarice Lispector dizia que a gente leva muito tempo para atingir a simplicidade e na comunicação e no marketing tudo indica que estamos bem perto de simplificar algumas coisas para poder entender outras de forma mais profunda. E nessas nossas áreas de comunicar & vender, simplicidade é descrita por um termo conhecido de todos nós: o design.
Li um artigo no Pulse sobre a matéria de capa da revista norte-americana Harvard Business Review deste mês. O artigo afirma que os próximos consultores de negócios são os designers.
A abordagem é super interessante e faz todo o sentido, já que os designers são treinados para olhar para os produtos e serviços sob a perspectiva dos clientes. E como propósito é o novo produto para os negócios, não existe outra forma de construí-los que não da perspectiva dos clientes e potenciais clientes (ou personas!).
Mais interpretação, menos repetição.
É certo que estamos vivendo uma revolução silenciosa, a revolução que nos teletransporta de uma era descontectada e de acesso difícil à informação, para a era interconectada da mentalidade digital. Vivemos um período com muitas novas possibilidades, de código aberto e precisamos entender que a interpretação mais do que a previsão ou a estimativa é a palavra do momento.
Adoro lembrar que o futuro, diferente do que os Jetsons previram, não é de uma empregada robô para acabar com o subemprego no mundo. O futuro pertence a pessoas, e pessoas independente da idade, classe social, cultura ou credo religioso pensam e sentem como pessoas.
Por futuro eu entendo o dia de amanhã ou daqui uma década. O futuro, no nosso caso enquanto profissionais de comunicação, pertence a quem souber criar, desenvolver, interpretar e manter relacionamentos. E isso quem vai fazer acontecere não são os dados ou a inteligência dos negócios, mas o olho no olho.
O design com certeza é o caminho para criar os melhores ambientes *all line* para relacionamentos lucrativos (pessoal, profissional e financeiramente). E o design thinking a abordagem que já está norteando a criação de valor, de estratégia, de produtos e serviços.
Então, RPs, designers, marketeiros, analistas e especialistas de dados… Uni-vos e estudai mutuamente as vossas línguas e dialetos.
O futuro pertence aos que interpretam e olham para o mundo de forma sensível. E se os robôs vierem, com a quantidade de dados que temos e vamos ter, certamente estarão muito mais para homem bicentenário do que para a empregada dos Jetsons!
DICA: você consegue ler de graça os artigos completos (e em inglês) da Harvard Business Review no site, mas é preciso se cadastrar. Super recomendo!