Dizer que sua agência é defensora do clima e que tem ações para redução da pegada de carbono e do consumo de água, mas essa mesma agência criar anúncios e campanhas de RP defendendo empresas poluidoras ao redor do mundo, faz sentido?
É um debate complexo que tem se acirrado, especialmente nos Estados Unidos e Europa.
Pouco antes da 26ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 26), que rolou agora na primeira quinzena de Novembro em Glasgow, na Escócia, ganhou força uma campanha da Clean Creatives (um grupo de advocacy) que listou as agências de publicidade e de Relações Públicas que trabalham para clientes poluidores (basicamente aquelas ligadas aos combustíveis fósseis).
A parte mais interessante é que a Clean Creatives analisou o discurso de 90 agências, seus compromissos “pró-clima” e como eles se comparam ao mal que a agência faz ao criar campanhas e narrativa para defender empresas poluidoras (veja aqui), já que combustíveis fósseis são responsáveis por 74% das emissões de gases de efeito estufa.
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A Edelman nisso tudo
A Edelman é a maior agência de RP do mundo, segundo ranking da PRovoke Media. Foi por isso e pela recente campanha que ela criou para a ExxonMobil, clamando a opinião pública a se opor a legislações pró-clima, que ela foi parar no centro de uma campanha da Clean Creatives, questionando as práticas e discursos da agência, versus o mal que ela faz, indiretamente, ao planeta.
Depois que a campanha ganhou pressão, o CEO global, Richard Edelman, declarou publicamente que as pessoas veriam melhorias da agência e que eles liderarão o movimento de mudança – o que se chama de bold statement. As primeiras ações deles foram:
- Anunciar 60 dias de revisão da carteira de clientes
- Contratar Robert Casamento como seu primeiro Head Global para o Clima
- Trazer Martin Whittaker, CEO da Just Capital, como consultor independente Sr. da Edelman
- Manter diálogo com os funcionários da agência e acompanhar as mudanças para criar padrões para a comunicação para o clima
Eles também prometeram uma atualização destas primeiras ações no dia 10 de janeiro de 2022, divulgando o primeiro relatório da Edelman para o clima.
São mudanças bem interessantes. Assim como as agências sofreram pressão para parar ou reduzir suas ações com indústrias de tabaco, pode ser que estejamos diante de mais uma mudança importante de paradigma no mundo da comunicação. O que você acha disso?
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