Por que as companhias existem? Por que tantas pessoas se reúnem em um mesmo prédio para fazer as coisas?
Acima estão duas das perguntas mais intrigantes do livro “Makers – A Nova Revolução Industrial“, escrito pelo Chris Anderson, ex-editor da revista Wired, que eu terminei de ler ontem. Você já parou pra pensar?
Para a nossa felicidade, Ronald Coase começou a refletir sobre isso lá pelos anos 1930 e respondeu tudo bonitinho no seu artigo “The Nature of the Firm“, em 1937. Qual foi a resposta, você quer saber? Ele disse o seguinte: “companhias existem para diminuir os custos de transação – tempo, incômodos, confusões, erros”.
A afirmação de Coase perdurou por vários anos, até Bill Joy, co-fundador da Sun Microsystems, já na década de 1990, apontar uma falha. Joy afirmou que “não importa quem você seja, a maior parte dos indivíduos mais inteligentes estará trabalhando para outra pessoa”. Essa afirmação ficou conhecida como a “Lei de Joy”.
Com tudo isso, o que podemos entender é que uma empresa formalmente estabelecida está limitada aos talentos que ela pode contratar. Se uma empresa está em São Paulo, ela provavelmente irá contratar pessoas que estejam fisicamente estabelecidas nessa região, pessoas que que possam legalmente trabalhar, que preferencialmente tenham experiência na área, formação acadêmica e outros requisitos. Já pensou no quanto isso limita as opções?
No livro, Chris Anderson conta como a tecnologia tem impulsionado a inovação aberta, permitindo que as melhores cabeças, de qualquer parte, idade e formação, juntem-se para tocar projetos globais. E não é só isso, o ponto principal é sobre como estamos caminhando para a descentralização da manufatura, em que a robotização diminui os custos de produção e novas tecnologias permitem construir novos projetos físicos em casa.
Enquanto já aceitamos a reprodução e portabilidade dos softwares compostos de bits, estamos caminhando para o mesmo sentido para os objetos compostos de átomos. Já é possível ter impressoras 3D em casa e mandar imprimir brinquedos para o seu filho, como se fosse um texto do Word.
Ok, essas tecnologias ainda não são tão boas ou precisas, mas é só uma questão de tempo para serem aperfeiçoadas. Antigamente não era possível imprimir fotos coloridas em casa, hoje temos impressoras coloridas de alta definição por uma fração do que custavam as primeiras.
Enquanto isso, são pequenas máquinas como as impressoras 3D, cortadoras à laser e fresadoras que estão movimentando cada vez mais o mercado do “Faça você mesmo”. Até os relações-públicas vão poder aproveitar a oportunidade :).
O que me faz pensar é que essa revolução vai mexer fundamentalmente na forma como entendemos as organizações hoje. Não apenas pela tecnologia, mas pela forma com que nos relacionamentos no desenvolvimento de projetos e processos de inovação, que por consequência tem tudo a ver com a nossa velha e boa comunicação.
Não se preocupem, eu não contei nem um décimo do que está no livro. Curtiu? Vale a pena ler.