Existem algumas oportunidades que jamais podemos perder. Para a comunicação esta máxima é mais verdadeira ainda. São momentos únicos, pequenos e delicados que podem fazer total diferença na conquista de um objetivo comum. Isto aconteceu hoje, 1o de maio de 2011, domingo a noite. Tudo começou com este pequeno twitt:
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Barack Obama faria um discurso à nação. Nada de novo, não fosse a surpresa disto acontecer sem antecedência e tarde da noite em um domingo, mesmo nos EUA. Algo importante estaria por vir. Logo os canais de TV internacionais começaram a especular e ativar suas fontes. A informação dava conta de que Osama Bin Laden, líder da rede terrorista internacional, Al-Qaeda, estava morto. Esta seria, desde 11/9 2001, a maior vitória dos EUA, mais do que a captura e execução de Saddam Hussein.
Aguardei ansiosamente pelo pronunciamento do presidente americano. CNN ligada, lá veio ele, pelo corredor da Casa Branca. Colocou-se em frente ao púlpito e iniciou. Em suas primeiras frases confirmou as especulações, Bin Ladem havia sido morto, e valorizou o feito da situação.
Nas linhas que seguiram, Barack Obama aproveitou com maestria a oportunidade que lhe foi dada. Em tempos de lançamento de sua candidatura à reeleição, sua imagem/apoio em baixa, crise econômica e recuperação não tão boa dos EUA, Obama aproveitou a situação para atrelar sua imagem a valores e sentimentos que podem fazer o apoio a sua imagem subir drasticamente.
Seu discurso, sereno, em grande parte calmo (ele chegou a engasgar por algumas vezes em que quis correr com as palavras), foi recheado de emoção, e palavras estrategicamente colocadas.
Iniciou relembrando os fatos, 11/9, o ataque, a perda de cidadãos americanos, pais, mães, filhos. Trouxe a tona muito do emotivo, das lembranças dos sentimentos dos americanos. Trabalhou a união que tomou conta do país após o fato trágico, os valores e sentimento de amizade, de ajudar uns aos outros. Reforçou a importância das guerras que foram iniciadas para combater o terrorismo e capturar os líderes da Al-Qaeda. Reforçou também a confiança e orgulho que o país tem dos soldados que foram à guerra, os que morreram, as pessoas que integram os serviços de inteligência e, especialmente os soldados que trabalharam na captura de Bin Laden.
Passou então a contar o processo que levou para a operação, o trabalho de inteligência desenvolvido sob sua coordenação, o que culminou na sua autorização para que a operação fosse deflagrada. Retomou o que a morte do líder da Al-Qaeda significa, que por mais que a morte não seja algo desejado, foi justo frente ao que Bin Laden provocou. Um ponto fundamental de seu discurso foi afirmar que os EUA está em guerra contra o terrorismo e não contra o Islam. A religião cresce constantemente no mundo todo (veja aqui), e deixar de frisar isto poderia voltar com uma onda de revolta e preconceito contra ela. Frisou que o terrorista não era um líder islamico, mas sim um líder terrorista.
Obama terminou seu discurso ressaltando que o povo americano, quando permanece unido, é capaz de realizar o que quiser. Pediu união, o resgate do sentimento de país que junto consegue prosperar. Classicamente, suas frases finais foram trechos do “Pledge of Allegiance” (juramento) americano. Disse ele:
Let us remember that we can do these things, not just because of weath, or power, but because of who we are: “… one nation, under God, indivisible, with liberty and justice for all.”. Thank you. May God Bless you, and may God bless the United States of America.
O vídeo acima está em inglês. Em breve versões em português vão surgir. Quer concorde ou não com os EUA, goste ou não do Obama, aprove ou não a guerra, a captura/morte de Bin Laden, analise, comunicador, o discurso do presidente americano de forma crítica. Note como uma situação pode ser usada para novamente unir um país e trazer frutos aos envolvidos. Como temos quea agir rapidamente para aproveitar estas situações. Veremos nas cenas dos próximos capítulos se isto trará frutos ao Barack Obama!
Eu só vejo uma briga de fanáticos, não acho que o Obama seja um fanático, acho ele muito hábil. Mas o fato de sabermos que o discurso dele vai ecoar explica por que existiu uma guerra santa um dia e por que estamos caminhando para uma segunda guerra santa :(.
Parabéns pela agilidade, Pedro. Também fiquei aguardando o tal pronunciamento e imaginando o cuidado que o Presidente Obama deve ter tido ao aprovar/elaborar cada frase daquele discurso. Apesar de o vídeo não mostrar, achei interessante tb a saída dele da sala do discurso: de costas, caminhando devagar, como se dissesse: " Agora vou dormir tranquilo, concluí uma missão pelo povo deste País".
Muito bom Pedro! Você como sempre rápido e com uma análise muito bem feita. Acredito que este fato deve fortalecer a imagem do Obama, mas vai também reacender a chama da guerra e tenho medo de onde possa parar.
Abraços.
Pedro, concordo contigo e acho que a maneira como a Casa Branca está tratando este acontecimento pode ser usada para muitas coisas, entre elas resgatar a imagem de políticos e unir um país, como tu disseste. Mas paremos para analisar o sentimento que move essa união. Parece que a vingança que está dentro de cada um – e que é um sentimento característicos dos seres humanos – é a base para que todos se identifiquem com uma causa e fiquem mais unidos.
Sabemos de tudo que o O(<del datetime="2011-05-02T17:27:45+00:00">b</del>)sama fez, e não estou dizendo que ele merecia ou não o que fizeram com ele (e também não escutei o discurso ainda para analisá-lo), só acho que o sentimento agregador, se assim posso dizer, não é dos mais nobres. E isso é preocupante.
Abraço, Maria Alana.
Alana, Gil, Ellis e Vitório, muito obrigado pela participação de vocês.
Alana, concordo com o que disse. Acho que realmente na cabeça dos americanos a "vingança" é o que norteia a união, o sentimento de amizade, patriotismo, etc….
Como pessoa de fora, analisando, acho que o discurso dele pontuou muito bem, ao dizer sobre o islamismo, que a "guerra" é contra o terrorismo e não contra a religião. Assim sendo, como o Bush defendia, "guerra é guerra" e em uma ação militar, se há reação….
As formas de se analisar a situação são muitas, complicadas, e sim Obama deixou arestas que podem ser usadas por adversários ou pessoas contrárias a ele ou a guerra. Como disse, acho que precisamos ver as cenas dos próximos capítulos 🙂
Bjs
Pedro Prochno
@prochno
<a href="https://blogrp.todomundorp.com.br” target=”_blank”>blogrp.todomundorp.com.br
Pedro, só corrigindo o meu comentário: onde escrevi Obama deveria ser Osama. (Também, pessoas tão diferentes mas com a diferença de uma consoante nos nomes. :-/)
Morte de Bin Laden quem ganha com isto…?
Ninguém mesmo… Sabe porque a mídia grande não informa a verdade como a globo, não fala que foram assassinados mais de 10 mil civis e 2500 soldados americanos na procura de um Homem… E isto é vitória para os americanos Santa Hipocrisia… A verdade é entender que não????
Pelo que acompanhei ontem, o mundo Arábe de modo geral recebeu melhor do que o que eu esperava a noticia da morte de Bin Laden, apesar de terem ecoado algumas promessas de vingança, que na minha concepção não terão muito alcance.
O que certamente foi um dedo na ferida foi o questionamento do Presidente do Irã sobre quem será o próximo inimigo número 1 e o questionamento do Presidente do Afeganistão sobre a permanência deles em território Afegão. Sabemos que não é simplesmente bater retirada após a morte do Bin Laden, mesmo ele sendo uma liderança, não é o único terrorista da rede.
Pedro, li o seu artigo so hoje mas achei bem oportuno =) Era sobre isso que eu estava conversando com uma amiga; em epocas de struggle, os paises estao tentando resgatar esse sentimento de uniao do povo – seja por meio desse discurso/acao militar ou pelo casamento real (que foi lindo e estou super torcendo pela felicidade deles, mas imagino que o momento propicio foi escolhido em prol de um bem maior).