Recentemente circulou na internet um vídeo institucional produzido por uma famosa agência nacional para um cliente de telefonia celular e conexão à internet, utilizando a música Eduardo e Mônica, da banda Legião Urbana, conhecida há 25 anos e um dos grandes sucessos cantados por Renato Russo.
Eduardo e Mônica – Vivo – Agência Africa (2011)
[youtube http://www.youtube.com/watch?v=gJkThB_pxpw&version=3&hl=pt_BR&rel=0]
Ao mesmo tempo, começaram a pipocar na rede comentários dos mais variados, a maioria de elogios e indicações, mas alguns também acusando a agência que criou o vídeo de plágio, uma vez que já teria sido realizado outro vídeo, há mais tempo, com a mesma ideia e para o mesmo tipo de cliente, que mudou de nome mas ainda é concorrente, oferecendo o mesmo tipo de serviços. Mais de 398.000 resultados na busca do Google comprovam a existência dessas acusações e comentários, assim como vídeo feito em 2002.
Eduardo e Mônica – ATL Claro – Agência Publicis (2002)
[youtube http://www.youtube.com/watch?v=Q__bDu-B9N4&version=3&hl=pt_BR&rel=0]
Muito foi dito a respeito, acusações e defesas foram feitas, como o fato de que a letra da música pode ser considerada um roteiro e que não há como evitar contar a história dessa forma – com o quê concordo. Entretanto, pode-se dizer que não é obrigatório incluir na interpretação cênica desse roteiro telefones celulares, tablets e conexão à internet. O melhor é você mesmo assistir a ambos os vídeos e tirar suas próprias conclusões a respeito.
O que acho mais importante discutir aqui é a questão da reputação. Essa mesma agência já enfrentou outra grave acusação de plágio, em 2010, que tomou vulto. Na ocasião, ao desenvolver uma campanha para uma concessionária de veículos, a agência utilizou uma arte em que a única diferença em relação ao trabalho do artista Mico Toledo, é o texto dentro da imagem. Veja:
A questão a reforçar aqui é que, ainda mais em tempos de internet, uma mancha na reputação de uma empresa é indelével. E que uma vez existindo essa mancha, a organização precisa triplicar os cuidados, especialmente quando situações semelhantes podem ocorrer. Neste caso, o core business da agência é “criação em publicidade” e foi justamente aí que ela incorreu em descuido, não uma, mas duas vezes, afetando não só sua própria imagem e reputação, como colocando em risco a responsabilidade e credibilidade dos clientes que atende.
Fica a impressão de que houve falta de cuidado da agência com a própria reputação e a do cliente. Mas pior do que isso, parece ter havido desprezo em relação um problema que, dependendo das evidências, pode ser considerado crime, passível de julgamento e condenação, e que não houve, a partir daí o desenvolvimento de um plano de gestão de crise. Um pequeno parêntese: será que há profissionais de relações públicas assessorando a agência em nível estratégico?
A facilidade de se encontrar informações no ciberespaço é a mesma para todos que têm conexão à internet. As empresas até mais, especialmente para encontrar as informações pertinentes ao seu negócio, tanto para fazer benchmarking, quanto para prevenir e evitar situações constrangedoras que possam submetê-la a acusações, fundamentadas ou não, de má-fé.
Nos dias de hoje, em que estamos todos – indivíduos e empresas – expostos nas mídias e redes sociais de maneira quase incontrolável, nossos princípios e valores, pessoais e profissionais, precisam estar cada vez mais definidos e afirmados, não só em frases de efeito, mas principalmente em atitudes e ações. Prevenir é sempre melhor que remediar, portanto, pensar bem, analisar e avaliar situações é primordial antes de nos manifestarmos.
Você e sua empresa têm dedicado tempo e trabalho para prevenir manchas na reputação?