Vou arriscar hoje em falar rapidamente sobre oralidade, ou seja comunicação direta face-a-face como alternativa a um mundo tão saturado (mas ainda assim encantado) com mediações tecnológicas – como celulares, tablets, webcams, fóruns, comunidades conectados pela internet.
O fato é que, com o advento das novas tecnologias, a oralidade ressurge com muita importância e se torna, no meio corporativo, fator decisivo no relacionamento com diversos públicos, instaurando importantes transformações nos processos comunicativos contemporâneos. Como a preocupação não deve estar apenas na mensagem a ser transmitida, mas sim na forma, há um reconhecimento crescente da importância do discurso, da retórica e da oralidade como fatores que podem distinguir a comunicação organizacional com públicos estratégicos. O discurso e a retórica organizacional requerem configurações individuais e de integração grupal. Estas características igualmente envolvem a personalidade, a motivação, a liderança e a satisfação dos públicos. Trato de uma noção de retórica distante da ideia de discurso vazio ou enganoso, mas sim como resgate de uma gestão do discurso por meio de argumentos escolhidos dentro de uma tríade do conhecimento: lógica, emoção e ética.
Gaudêncio Torquato defende a existência de um “poder expressivo”, junto à topologia adotada por Amitai Etzioni e ao lado dos poderes remunerativo, normativo e coercitivo. A intenção foi mostrar o poder da comunicação como fundamental para as metas de engajamento e participação e obtenção de eficácia. Ele explica que se poder é a capacidade de uma pessoa em influenciar uma outra para que esta aceite as razões da primeira, isso ocorre pela argumentação. A relação de poder pode ser referida a partir do ato comunicativo. A projeção da oralidade vem de sua condição de animar os ambientes, atrair a atenção e a simpatia de ouvintes e interlocutores.
Nesta perspectiva é que formatos como storytelling podem ser preciosos na garantia da atenção, num primeiro momento, e de estímulo à legitimação na sequência. O embasamento histórico como lastro para contação de histórias só reforça a credibilidade pela característica da verificabilidade, ainda que componentes ficcionais possam ser agregados à narrativa como forma de transcendência.
Como um exemplo desta perspectiva, ainda que trazendo um trecho de programa televisivo coreano que envolve cantores-candidatos em apresentação para um júri e uma plateia, convido você a analisar se este vídeo tem ou não uma força comunicativa e atrativa surpreendentes.
Como este é meu último post neste 2011, não perco a chance de deixar meu abraço a quem lê este tema aqui no blog Relações e todos os outros dos colegas que fazem este projeto coletivo. Em 2012, uma outra ação agregadora vai começar a fazer diferença para nossa área. É só esperar.
Memória
Carlos Drummond de Andrade
Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.
Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.
Além da força comunicativa-atrativa, como vc mencionou, Rodrigo, o vídeo e o personagem principal tem uma força motivadora e cativante incríveis. Fiquei emocionada de ver! E viva a comunicação! E viva a comunicação oral! Um grande beijo e feliz 2012, @carolterra.
Obrigado Carol, é preciso sempre (re)lembrar que, ao menos na maioria das vezes, há um ser humano do outro lado da(s) tela(s), e este tom de pessoalidade e de genuidade sobre o que se diz e como se diz deve ser alvo permamente do comunicador.