ROSTOS BONITOS E CONHECIDOS MAS QUE NÃO ENTENDEM NADA DE CERIMONIAL
Torna-se cada vez mais comum encontrarmos conduções de diversos tipos de eventos e solenidades realizadas por famosos, que vão de miss, atores, cantores, até ex-participantes de reality shows. O erro neste caso é denominá-los como mestre de cerimônias sem que tenham conhecimento e expertise para atuar na área.
O título deste post surgiu a partir de uma fala durante a apresentação da Profa. Sheila Borges que assisti na convenção dos mestres de cerimônias do Brasil (ano II), realizada este mês em SP. A polêmica foi levantada por entendermos que hoje, diversos profissionais de outras áreas levam o titulo de mestre de cerimônias (MC) sem ter a competência necessária para a função, afinal, um verdadeiro MC deve ter mínimas noções de cerimonialista e não apenas um rosto bonito que está em evidência na mídia.
O problema não está em contratar famosos para dar um “Up” no evento, é interessante (dependendo do tipo evento) ter um apresentador diferenciado, como em cerimônias do Oscar, algumas premiações, eventos beneficentes etc. O problema é receberem o título, sem preencherem alguns requisitos básicos, como os citados abaixo pelo mestre de cerimônias oficial da Presidência da República, Lademir Filippin.
- Utilizar roupas sóbrias;
- Ser uma “estrela sem face” (conduzir o evento de forma mais discreta possível);
- Ter postura e bom senso;
- Boa pronúncia e gramática perfeita;
- Voz bonita = saber impor a voz no momento certo;
- Ser ignorante apenas para um, e não para muitos (é verificar a pronúncia correta, de nomes por exemplo, antes de se arriscar ao vivo na cerimônia);
- Ser tranquilo, transmitir segurança na condução do evento;
- Domínio do palco;
- Conhecimento prévio do roteiro.
Como exemplo de falta de entendimento dos pontos acima e do verdeiro papel de um MC, o vídeo abaixo exibe o caso recente em que a atriz Camila Pitanga estava como “mestre de cerimônias” do evento em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu cinco diplomas de doutor honoris causa, concedidos por universidades públicas do Estado do Rio de Janeiro em 04 de maio de 2012. A atriz simplesmente interrompeu a apresentação das autoridades para interpelar a presidenta Dilma Rousseff (erro protocolar inaceitável).
Fábio, parabéns pela abordagem. Gafes que ocorrem com frequência, além de posicionamento errado da bandeira ou composição de mesa sem a devida ordem de precedência. Sempre leio os seus posts.
Obrigado Priscila! Podemos lançar o "Vetemos os aventureiros" ou o "Veta Camila" o que acha? Obrigado por acompanhar meus posts, seus comentários são muito válidos. =D
Fabio, talvez por não trabalhar mais diretamente no segmento de cerimonial e protocolo – embora os conhecimentos desta área sejam muito importantes em diversas outras frentes do profissional de Relações Públicas, eu não vejo a questão que vc apresenta no post com tanta veemência ou recusa. Acredito numa diferença conceitual bastante grande entre "mestre de cerimônia" e "cerimonialista", podendo o primeiro posto ser ocupado por diferentes pessoas de diferentes formações e experiências, por vezes detentores de algum magnetismo (beleza, popularidade, graça) que favoreça de alguma forma o evento e a atenção da plateia. Penso que há uma dureza muito grande nesta área de cerimonial e que mereceria algum frescor, alguma mudança de acordo com os tempos de descentralização do conceito de poder, de autoridade ou de deferência. Enfim, um dia a gente pode discutir isto pessoalmente, mas deixo aqui o comentário pra refletir.
Entendo seu ponto de vista Cogo, acho que eu, justamente por atuar diretamente nesta área, sei que ser mestre de cerimônias, não é uma função apenas para um apresentador bonito e com carisma, principalmente quando se trata de uma solenidade, ou ato político em que a experiência me dá segurança para improvisos ou situações em que tenho que administrar possíveis crises durante uma disputa de ego, por exemplo. No próprio texto eu defendo o mesmo que você disse, existem eventos que realmente pedem um astro, um famoso(a) como apresentador.
A causa é nobre e o tema está em debate pelo recém criado sindicato dos mestres de cerimônias e cerimonialista que nasceu justamente para discutir e regular estas questões. Fico no aguardo para discutirmos mais sobre. Um abraço.
Parabéns Rodrigo! Muito boa a bordagem feita por você.
Gostaria ainda de contribuir com um questionamento para reflexão: Não sendo um artista a estar na tribuna, exercendo a atividade de Mestre de Cerimônias, este, (o MC), seria aplaudido por "quebrar o protocolo"??
Não estamos aqui falando do "quebrar o protocolo" especificamente mostrado no vídeo deste post. Mas respondendo sua pergunta SIM, eu mesmo, como relações públicas e cerimonialista, já quebrei o protocolo e até cantei no púlpito. Aliás, foi um projeto de total irreverência no cerimonial porque o evento pedia – foi a comemoração dos 30 anos de maio de 68, num trabalho que rendeu inclusive prêmio nacional no Expocom e Prêmio Opinião Pública para a Universidade Federal de Santa Maria. Há arranjos possíveis na coloquialidade que as leis restritoras deste campo de ação não compreendem, infelizmente.
Caro Fábio.
Bela e correta abordagem.
Artista é uma atividade e Mestre de Cerimnônias é outra totalmente diferente.
Parafraseando nosso colega Lademir Filippin, o Mestre de Cerimônias é a voz sem rosto.
Em eventos públicos ou formais como este abordado, não cabe ao narrador do evento ( função do MC) inserir opiniões, comentários ou outros. Temos um protocolo a seguir, ainda bem diga-se de passagem.
Para quem critica o cerimonial e acha as convenções obsoletas, pense no seguinte:
– A função básica do cerimonial é estabelecer a correta hierarquia, garantir a execução correta dos ritos e estabelecer uma saudável relação interpessoal com os participantes dos eventos e solenidades.
Para que serve tudo isso?
Serve como referência de uma nação, constituída por um povo que tem nos ritos a sua referência de vida e almeja alcançar a hierarquia apresentada nos referidos ritos.
Roberto da Matta, sociólogo, estudioso dos ritos escreve em seu livro "Carnavais, Malandros e Heróis", justamente a importância dessa identificação do povos com os personagens que compõem as solenidades e eventos públicos
Ana, esta coisa do "Para quem critica o cerimonial…" é um exagero seu. Sugeri um repensar, um novo olhar dentro de um jeito de relacionar-se em sociedade que não parece adequado às formalidades extremadas das legislações da área. Afinal, quantas pessoas chegam nos eventos depois da "solenidade de abertura" por não aguentarem simplesmente tantos ritos que beiram à frescura? Mas enfim, cada um tem seu ponto-de-vista, correto?
Oi Rodrigo, acredite eu concordo com você quando você diz que há cerimoniais muito chatos e cansativos, mas acredite não precisa ser assim.
Os cerimoniais longos, com discursos infindáveis são, na verdade, mal planejados e não deveriam ser o perfil de solenidades. Desd a década de 90 a palavra de ordem em termos de cerimonial no mundo todo é a simplificação.
Esses eventos e solenidades com dez pessoas discursando durante uma hora não se usa mais.
Nem me imagino assistindo a um discurso do Fidel Castro quando estava no poder, acredito que entraria em colapso!
Eu e mais um grupo de profissionais de primeira linha estamos justamente tentando separar o joio do trigo. Organizar solenidades longas e chatas não é o objetivo de profissionais competentes da área.
Infelizmente a profissão de cerimonialista e mestre de cerimônias ainda não foi reconhecida e criam-se cargos fictícios para a contratação destes profissionais, logo não são concursados e é justamente por isso que nos deparamos com estas situações
Profa. Ana Lukower, que honra ter um comentário seu, uma cerimonialista com a sua competência e experiência é motivo de muito orgulho para mim. Concordo e faço das suas palavras,as minhas " A função básica do cerimonial é estabelecer a correta hierarquia, garantir a execução correta dos ritos e estabelecer uma saudável relação interpessoal com os participantes dos eventos e solenidades".
Felizmente tudo isso será regulado pelo Sindicato. Mais uma vez, obrigado por sua contribuição.
Por trabalhar eventualmente com o cerimonial da Presidência da República, acredito que a situação deve ter sido uma baita saia justa. O mestre de cerimônias e o apresentador são personagens diferentes, posso falar com conhecimento de causa pois atuo nas duas vertentes.
O primeiro, é aquele que conhece o protocolo, etiqueta, todo o rito cerimonialístico embasado no decreto 70272/72, entre outras legislações, além de todas aquelas características pontuadas pelo nobre Lademir Filippin.
O segundo, é um profissional multifacetado e parcial, capaz de “tocar” o evento todo na base da improvisação, seja animando, criando suspense, emocionando, premiando etc.
O MC não pode ser um apresentador durante o mesmo evento, já este, poderá até entrar no âmbito de um MC, mas continuará sendo um apresentador naquele evento.
Trato do assunto levando em
consideração profissionais que atuam em eventos de grande escala ou que pretendem atuar. Sou contra artistas conduzindo eventos oficiais, o exemplo da Camila mostra isso. Cada um sabe o risco que está disposto a correr.
Perfeito Carlos, o fato é que o apresentador ou MC pode até ser artista, mas que tenha competências mínimas para tal função, não estamos brincando no palco. O problema é esse, infelizmente o trabalho do MC só aparece com a evidência de um erro, quando a solenidade termina bem, sem qualquer erro, quando os ajustes de última hora são feitos delicadamente e cuidadosamente sem causar transtornos, ninguém percebe o MC, pq é justamente esta a nossa função; saber fazer e não aparecer.
Agradeço muito a sua contribuição, também uma honra para mim contar com a sua presença aqui. Um abraço.
Obrigado Fabio,
Disseminar a atividade é a missão, rs. Na questão de eu não concordar com artistas conduzindo eventos oficiais leia-se: artistas que não são mestres de cerimônias.
Continue difundindo bons debates.
Abraço!
Conte comigo!
Parabéns pelos comentários! Realmente, a nossa atividade é de fundamental importância e necessita de pessoas competentes e com experiência para exercê-la. Continue contribuindo com comentários e sugestões para que os demais profissionais reconheçam o valor do Mestre de Cerimônia na condução e apresentação de eventos em todo Brasil. Um grande abraço, Klein Lins, Mestre de Cerimônia no Recife- PE.
Olá klein, que bom que também pode deixar aqui a sua contribuição, tenho certeza de que, em breve, conseguerimos fazer com que a maoria dos profissionais de outras áreas entendam o real valor do MC, bem como do cerimonilista. Conte comigo, ainda tenho muitas outras provocações. Continue acompanhando os próximos posts. Um abraço.
Realmente muitos comentários inteligentes, pertinentes e sagazes. No entanto, não somos nós cerimonialistas que deliberamos se falará apenas uma pessoa, 2 ou 10 e sim o cliente! Em segundo lugar, dizer que tudo será regularizado pelo Sindicato é uma inverdade…Somente são passíveis de regulamentos e fiscalização as profissões devidamente regulamentadas(disse isso ao Marcelo Pinheiro em 2005 quando foi meu aluno e era apenas estagiário no Ministério Público)Isso na ótica de quem tem conhecimentos jurídicos e também 20 anos no Ministério do Trabalho. Dizer que o CNCP, o Sindicato tem algum poder para fiscalizar, criar regras, ditar normas é mentira enquanto não existir uma regulamentação das atividades ora exercidas de Cerimonialista e Mestre de Cerimônias(eu disse atividades e não profissões pois ainda não o são).
Olá @ceadcursosssp realmente é uma inverdade dizer que um Sindicato, ou qualquer associação de classe possa vir a mudar Leis, mesmo com profissões já regulamentadas como a de Relações Públicas, sofremos muito com a pouca estrutura e manutenção oferecida, imagina com as que não são regulamentadas. A questão do post foi abordar os vícios que a mídia tem em nomear qualquer apresentador de mestre de cerimônias, o erro é da mídia? Não sei, acredito que seja nosso, dos profissionais que não se unem e não exigem mudanças, que não produzem conhecimento e multiplicam as verdadeiras funções. Enquanto nós ficarmos apenas na disputa de ego, mostrando quem faz mais eventos TOP ou quem é chefe de cerimonial disso ou daquilo não sairemos do lugar. Obrigado pela sua contribuição. Abraços.
Somente complementando, temos jornalistas/artistas globais que são verdadeiras "feras" como MC. Exemplo? Alexandre Garcia que coloca muitos pretensos MC"s para escanteio.
Não podemos generalizar de forma alguma agora em alguns eventos as empresas gostam de dar um tom mais informal contratando globais ou outros. Isso vai continuar a acontecer com regulamentação ou não uma vez que muitos pretensos MC"s(conheci algns em SP que atendem celular na tribuna) estão devendo conhecimento.
Não basta uma bela voz, uma bela postura…É necessário o conhecimento das técnicas de comunicação e outros agregados. Aí sim teremos um verdadeiro MC.
EM TEMPO( o ALEXANDRE GARCIA TEM TODOS OS ATRIBUTOS )
Saudade de vc Fabio. Abraço.