19 dias após publicar a Portaria 124/12, que instituia o Grupo de Trabalho (GT) para propor o início do processo de abertura do registro profissional de Relações Públicas, o Conselho Federal de Relações Públicas (CONFERP) decidiu revogar sua decisão.
A justificativa para tal medida é que apesar da consulta ter sido conduzida, e de dois documentos terem colhido e apresentado as opiniões dos participantes sobre o processo de abertura, ainda assim estes materiais não são suficientes para a tomada de uma decisão segura e apoiada pela maioria da classe.
Em carta assinada pela Diretoria Executiva (DirEx) e publicada no site do Conselho, os dirigentes apresentam dois pontos que merecem destaque.
1- Diante do atual cenário, entendem que uma adequação ao ordenamento atual é cobrada por parte dos profissionais e só com mudanças coerentes as Relações Públicas conseguiriam continuar o seu processo de crescimento de mercado. Aí declaram:
Entretanto, não é assim que profissionais que representam liderança na categoria, pensam, esperam ou desejam. São as vozes da categoria indicando que não é o momento das mudanças propostas e que ainda há muito o que se discutir e debater.
2- Em seguida declaram que a própria classe, que demanda tais mudanças, demandou também a parada e retomada do debate sobre o processo, ou seja, o CONFERP cumpriu o seu papel.
A resistência a essa inovação não está mais, portanto, relacionada ao atraso ou inércia do Sistema, mas associada a grupos de profissionais que não compreendem a situação com vistas a real condição da profissão no mercado.
Vale a pena ler a integra da carta da DirEx sobre esta decisão, bem como as justificativas e motivos que levaram a tal decisão expostas pela Portaria 126/12 que “revoga o GT”.
Apesar de “cutucar” os profissionais contrários à decisão, particularmente concordo que muitos destes não leram ou se embasaram sobre o que foi colhido na consulta.
Como apresentei no post da semana passada, “A área de Relações Públicas está mudando“, acho que a flexibilização para o registro de profissionais pós-graduados é muito válida, mas as demais precisam de mais debate e mais estudo para fazermos algo adequado e coerente com a realidade que temos e com o que queremos para a área.
A categoria discute esse assunto há vinte anos. Quando finalmente se chega a um desfecho EMBASADO NESSA DISCUSSÃO, vêm os profissionais recém-chegados, mal informados, que confundem conselho federal com conselho regional, com sindicato e com associação sem saber quem faz o que nem porque e ficam discutindo o sexo dos anjos nas redes sociais – e vai tudo por água abaixo de novo.
Por mim, que sou formada, registrada, e sei diferenciar as coisas, deixo para as novas gerações se digladiarem outra vez por mais vinte anos. Até chegarem a uma nova tomada de atitude, como o Conferp fez, eu já estarei aposentada, com toda a certeza, e terei feito minha baixa por aposentadoria.
Vou só assistir de camarote!
Discordo que o desfecho tenha sido embasado nessa discussão, porque o relatório não foi conclusivo = ficou no máximo no meio a meio. E desculpe, não são só profissionais mal informados que pensam que o processo não foi bem feito. Não sou mal informada, nem cheguei agora e nem confundo a função do Sistema. A consulta não chegou a todos os profissionais de RP, mesmo os registrados. Hoje conversei com uma pessoa registrada que não é "online" e a mesma não tinha tomado conhecimento dessa consulta até eu falar com ela. Ficou faltando discussão e divulgação que chegasse a todos. Temos que continuar a conversa, dar mais informações e aí sim vamos chegar numa conclusão com mais quórum, é isso que precisamos. Não dá para tomar uma decisão dessa com boa parte da categoria contrária. Antes que digam que eu sou contra, eu não sou. Sou a favor da abertura para pós-graduados em RP, mas não consegui concordar com o processo que estava acontecendo. Quem está chegando agora também precisa participar da discussão, encontrar informações e respostas aos questionamentos, isso tb não ocorreu. Vamos que vamos e espero que essa decisão seja tomada de forma racional e com embasamento realmente em cima da opinião da categoria.
Estou emeio atrasado nesses comentários, mas só agora vi os posicionamentos aqui.
Ana, diante do seu comentário pergunto duas coisas: 1- Se a discussão estava tão bem embasada, pra quê fazer mais uma consulta, se um resultado não conclusivo ou contrário era "inaceitável" como pareceu? e 2) Se a opinião dos desinformados só atrapalha, por que ouvi-los? Por que não simplesmente levar adiante a abertura?
Digo que essa revogação da portaria foi sensata porque pelo menos foi coerente. O conferp se propôs a ouvir a categoria numa consulta, quando não era obrigado a fazê-lo, podendo se embasar nas discussões anteriores. O resultado não foi o tão claro quanto o esperado, nem a participação foi tão ampla.
Quem sabe, com esse "susto" o Sistema de repente se ocupe em criar um sistema de informação e formação dos registrados, em vez de continuar com essa aparente separação entre os que sabem as coisas e devem decidir pelos outros e aqueles que, se são contrários às decisões, é porque são desinformados e só atrapalham.
E assim como a Muriel, eu também não sou contra a abertura, pelo contrario. Mas também considero que essa consulta especificamente não podia ser considerada satisfatória. Se é pra ela contar no resultado final, que seja ampliada. Falta ao Conselho ser capaz de alcançar e mobilizar mais pessoas. Sem isso, não adianta nada criticar os que são do contra, porque os que são a favor de qualquer coisa serão sempre uma parte pequena demais pra ser suficiente pra qualquer coisa.
Na minha opinião, o Conferp foi deveras inocente e ingênuo ao querer consultar toda a categoria a respeito do que já havia sido discutido por 15 anos (os 20 que falei antes foram ilustrativos). Era óbvio que não haveria um resultado que refletisse o que os 15 anos de discussão, até porque os representantes que discutiram durante esses anos são uma amostragem não-representativa do universo atual de profissionais de RP (relembrem a validade das aulas de pesquisa!). Isso por várias razões que agora não estou muito disposta a discutir, mas que estão em grande parte diretamente relacionadas ao próprio crescimento do universo em função das tantas gerações de novos profissionais que foram formados ao longo desses anos.
Democracia, em seu conceito fundamental, é a tomada de decisões políticas importantes por meio dos representantes escolhidos pelo povo. No seu afã de ser transparente, o engano do Conferp foi justamente confundir transparência com democracia. Os Conrerps e o Conferp já são os representantes eleitos pela categoria (diga-se de passagem que estou falando dos RPs graduados e devidamente registrados), e como tais, depois de todo o tempo de discussão, estudo e análise das questões que envolvem o registro de profissionais pelas entidades, poderiam ter ratificado a decisão. Ao não fazê-lo e consultar a categoria, o Sistema assumiu o risco de não alcançar a aprovação da íntegra da decisão, e foi o que aconteceu e acabou criando toda essa situação de recomeçar quase do zero toda a discussão. Levará mais 5, 10, 15 anos? Lembrem-se, aqueles que são os novos responsáveis pela análise da abertura, que a cada 6 meses novas turmas de RP chegam ao mercado e muitos, ou alguns, também vão querer dar palpite e opiniões, mesmo sem saber “da missa a metade”.
Tergiversando sobre o tema e traçando um paralelo, é mais ou menos como funciona na educação dos filhos (como vocês são muito jovens acredito que ainda não os têm, mas caso já os tenham não sei se é assim que educam os seus, que, aliás, vem mudando para pior nas últimas décadas – a educação das crianças). Deixar que as crianças tomem decisões importantes é extremamente perigoso, na medida em que elas não têm nem conhecimento nem maturidade suficiente para tanto. A missão dos pais na vida das crianças é educá-las, orientá-las e tomar as decisões importantes por elas, assumindo esse encargo enquanto vão preparando-as, até que elas cresçam e possam fazê-lo por si com maior segurança e responsabilidade. As novas gerações vão chegando e substituindo as anteriores, inclusive nessas responsabilidades.
Tivemos um belo atraso no processo de abertura. Poderíamos agora estar discutindo questões mais táticas e práticas, poderíamos até estar discutindo uma nova estrutura no Sistema, mais ágil e funcional. Mas, agora “Inês é morta”. Na companhia dos colegas das gerações que discutiram a abertura, vamos aguardar para conhecer as opiniões dos RPs das turmas de 2005, 2006, 2007, 2008, 2009, 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017, 2018, 2019, 2020… Enquanto isso, assistiremos a agilização de outras categorias que vêm, ao longo dos anos, desenvolvendo atividades que seriam exclusivas da nossa profissão e que vão aos poucos deixando nosso espaço cada vez mais reduzido e minado no mercado. Uma lástima! Quem viver, verá.
PS: Encerro minha contribuição sobre este assunto aqui.
Ana, concordo com você em quase tudo. É justamente o que eu estava dizendo: o conselho não precisava fazer essa consulta, mas fez.
Só acho absurda qualquer lógica que tente afirmar que a "culpa" do resultado não ser o que se esperava é dos "mais novos" e que o Conferp absolutamente não tem nenhuma responsabilidade sobre o que isso gerou e que não precisa fazer mais nada, como tem sido a postura desde então. AMBOS, e não exclusivamente os "mais novos", são responsáveis. Se o Conferp alguma hora quiser descer do salto e aceitar uma discussão sobre o que ocorreu, com certeza todos vão ganhar.
(obs.: mostrei há poucos dias a carta final do Conferp a uma pessoa de fora da discussão. No meio da leitura a pessoa começou a rir sozinha. "Olha profissionais, a gente representa vocês, mas se a maioria pensa diferente da gente, se virem sozinhos então", foi a interpretação que ouvi. Um RP a mais desacreditando o conselho.)
Pedro Souza Pinto, você foi absolutamente claro em suas colocações e no centramento do foco que deseja discutir no caso. Sinto a mesma coisa que este RP que você consultou: se você está a favor do que a entidade pensa, está ótimo. Se não está, além de ser mal informado, vire-se sozinho… Em tempo: sou favorável à abertura, mas a "estratégia" da entidade que conduziu o processo deixou lacunas que originaram o conflito e o atraso aqui expostos.
Acho bastante temerário: 1) considerar a revogação da Portaria um retrocesso 2) dizer que os mais novos na profissão não têm consciência ou vivência suficientes para emitir opinião.
A decisão de parar o processo sinaliza que o CONFERP reconhece o seu erro: eram poucos decidindo em nome de muitos. A consulta não foi tão ampla quanto precisava e nem tão transparente quanto se quer agora dizer que foi. Respeito meus colegas dos Conselhos, nacional e regionais, mas é óbvio que o posicionamento posterior, com a divulgação da carta, indica que se pretendeu afirmar que alguns sabiam o que seria melhor para todos nós, mas como dissemos Não, agora somos responsáveis por tudo o que vier a acontecer… Votei Não porque não me senti suficientemente informada para deixar a banda passar… E, afinal, não é esse o sentido de estarmos em uma democracia? Wilma Vilaça.