Parece mais do mesmo, mas não é. Não estamos sozinhos, amigos Relações Públicas, nossas angústias sobre o mercado fraco, a dificuldade de contar o que fazemos, explicar sobre a atuação do RP e assim por diante, não é mérito exclusivo do Brasil! Mas nem por isso reclamar resolve as coisas.
Ontem li um “ponto de vista” no site da BBC de Londres que me fez remexer na cadeira a cada parágrafo que terminava. De autoria de Benjamin Webb, Managing Director da Deliberate PR, o artigo nos força a pensar, MUITO. Challenge accepted, óbvio, e fiquei com ele na cabeça a tarde inteira. Dividi com alguns amigos e entusiastas que partilham da mesma visão que eu sobre as RPs e principalmente que “O problema do Relações Públicas é a Relações Públicas”. Nós somos amadores ainda no que a nossa profissão demanda, somos amadores em vender o que fazemos, a culpa é, em grande parte, nossa. E reclamar não resolve nada!
O artigo (que vale ler e reler várias vezes) conta algumas coisas do mundo das RPs lá em Londres (UK), fala do quanto é engraçado ver uma profissão que trabalha com construção e manipulação de imagem, sofrendo uma crise de imagem. Algo interessante que aborda é o quanto as RPs foram destaque e importantes na era da comunicação direta com o consumidor (algo que ainda acho que estamos vivendo, em alguns setores, aqui no Brasil) e como isso minguou com o tempo. Traz um monte de filmes que abordam as RPs, destacam o profissional e seu trabalho, conta cases, etc, e como hoje, lá, RP é “um quase nada”.
Confesso que adorei conhecer como está o mercado de RP em Londres. Adorei saber que não é só por aqui que os profissionais sofrem pra explicar o que fazem e o benefício de seu trabalho para as empresas. Mas o que mais me incomodou no texto inteiro foi ver o quanto lá eles se movimentam, se juntam e trabalham todos em prol da causa, da área, sem #mimimi ou bairrismo. Eu não sei se tem associação de classe de RP no Reino Unido, mas ninguém fica esperando nada não, sai todo mundo pra fazer algo.
Pra colocar a pulga atrás da orelha e incentivar a pesquisa, eles lançaram lá o dia 27 de julho como “Dia Nacional da Valorização das Relações Públicas”. O lançamento foi dia 27 último. Sabe pq escolheram esta data? 1 ano da cerimônia de abertura das Olimpíadas de Londres onde ações de RP dominaram o cenário! Vejam como o “declínio” da coisa aconteceu rápido e como a data é estratégica relembrando um evento que é trunfo das RPs.
Não preciso mais dizer que recomendo a leitura do artigo e a pesquisa sobre o “PR National Awareness Day”, ainda mais pra descobrir quais os casos que invadiram as redes no último ano e que foram efetivamente criados por RP!
E ai, o que a gente vai fazer aqui no Brasil pra melhorar a imagem das Relações Públicas?
Pedro,
Eu sempre disse isso. O principal problema é que RP faz comunicação para RP e nunca para o mercado. E quando alguns tentam fazer é um desastre… a verdade é essa.
O cenário mudou um pouco e muitos profissionais ajudaram a modernizar RP que em certos pontos ainda é jurássica. Principalmente em nossa bibliografia.
E digo mais, por favor.. não criem campanha "eu amo RP".. que nós amamos é um fato, mas que tal mostrar uma ação e dizer "isso é RP".. vai interessar muito mais para o mercado. #ficadica
lindo!!!!
Matou a pau 🙂
Esses dias estava pensando justamente sobre isso. Pensei em vários filmes onde mostrassem situações onde as relações públicas são aplicadas; numa campanha onde cada atividade / ferramenta dentro da profissão fosse destacada como algo de RP. Acho que esse é o caminho. Tangibilizar a coisa!
E mais, concordo plenamente com Pedro: o povo gosta de reclamar, mas na hora de fazer algo, sinceramente, deixam muito a desejar. Tenho o Relacione-se! desde 2007 e sei muito bem quantos já se ofereceram, prometeram e nada fizeram. Sorte que no meio ainda existem uns poucos que muito fazem. Por aqui, continuamos realizando nossos eventos, indo aos alunos, explicando aos empresários o que é RP. Temos que buscar quem precisa saber o que é RP, isso é um fato!
Márcia, eu compactuo da tua irresignação. E acho que um dos grandes problemas das RP no Brasil é continuar rezando cartilhas antigas. Já quando me formei, há 10 anos, sabia que a teoria era muito pouco (ou quase nada) aplicável à realidade da profissão.
Aprendemos como RP surgiu, mas não aprendemos como fazer. O aprendizado de fato é na prático e a prática sem a teoria é estéril.
A sensação que tenho é que por mais que tenhamos teóricos fantásticos, ninguém está suficientemente preocupado em refletir de forma teórica sobre a prática da profissão. A mudança do nosso cenário profissional definitivamente não virá de fora para para dentro, com novas "campanhas de valorização", mas sim de dentro para fora, de cada profissional dedicado e verdadeiramente apaixonado por saber a dimensão e o poder da profissão que temos nas mãos. É preciso mais "provas de amor" pela nossa profissão, e menos "demonstrações públicas de afeto". Vamos em frente. 😉
Colegas,
Penso que o associativismo (conselhos, associações, grupos, entre outros) ainda é o caminho positivo, pois juntos temos mais consistência para fazer valer nossa atividade, mostrar com mais eficiência e eficácia nossa importância para o mercado da comunicação. Mas é importante, como falou o Pedro, que deixemos de "mimimi" e bairrismos. As discussões precisam ser mais elevadas e verdadeiramente capazes de melhorar o atual cenário.
Canais como esse são importantes para isso. É um começo, mas não pode ser o fim.
Luciana Hage
Luciana é por ai. Eu super defendo o registro, mas sou a favor da flexibilização também. Precisamos é entrar em uma onda de nos provocar, não é mesmo?
Nossa, eu sou muito "poliana" pelo visto. Acho que estamos em um ótimo momento na área, Pedro! Acho que nunca tivemos tantas oportunidades com relacionamento com a imprensa, mídias sociais, relações institucionais, sustentabilidade. Tá certo que dividimos essas áreas com outras habilitações da Comunicação e muitas vezes com outras disciplinas e profissões, mas penso que só depende de nós nos estruturarmos e nos firmarmos no cenário das vagas e do mercado! Só depende de nós! Assim como só depende de nós sermos felizes, termos sucesso, fazermos escolhas…
🙂
Beijos,
Carol Terra
É isso carol, tbm acredito nisso, mas acho que o "fazer RP em sua amplitude", estratégica, pensada, trabalhada, focando e usando a gestão para promover mudanças profundas, ainda é superficial.
Eu acho que quem tira a bunda da cadeira tem muito o que ganhar, o mercado tá aí, pedindo para ser desbravado 😉
Fico feliz de ler este comentário. Ainda recebo muito contato de pessoas no Brasil me pedindo "assessoria de imprensa", trabalho que terceirizo de parceiros jornalistas, muito mais capacitados do que eu neste ponto da minha carreira – ainda acho que muita gente vê RP como assessoria, mas isso tem tudo a ver com a forma como RP se vende para o mercado.
Acho que há um problema que precisa ser lidado com cuidado, que é a questão de centrar RP nas ferramentas do momento. Não somos uma profissão de ferramentas, somos uma profissão de gestão da comunicação, de reputação e de relacionamento com todos os públicos, sem exceção.
Nesse ponto, Carol, discordo de que "dividamos", por exemplo, mídias sociais com outras habilitações. Acho que temos plenas condições de gerir redes sociais, mas este não é e não deve ser o foco principal de RP – e vou além: dependendo de quem é o cliente, especialmente no caso de pequenos negócios, acho que a melhor pessoa para gerir as redes sociais poderá ser ele mesmo, com base em estratégias e direcionamentos que podem (e devem!) ser definidos por um RP ou pela pessoa que exerça essa função, conscientemente e com conhecimento, dentro da organização.
Especificamente sobre as redes sociais, elas são um ponto de contato com os públicos – que devem ser tratadas com a mesma seriedade que RP tratava as relações com a imprensa ou com o governo ou qualquer outra, antes da Internet surgir.
Acho importante o que dizes sobre estarmos num momento tão bom e por isso tambem acho importante reforçar que não somos profissionais de ferramentas, mas de relacionamentos – e nesse ponto, acredito que não dividimos nada com habilitação nenhuma! A questão é que muitos profissionais estão "habilitados" mas não necessariamente preparados para algumas destas funções relacionais. (e aqui volto ao comentário que fiz no comentário da Marcia Ceschini acima, sobre teoria e prática)
Ninguém é habilitado para gerir a estratégia de relacionamento das organizações como um profissional de RP. E estar habilitado e capacitado não significa "fazer tudo sozinho": gerir é fazer, mas principalmente conhecer quem são as pessoa certas e os perfis profissionais necessários para desempenhar esta ou aquela função. Abraço!
Muito bom essa visão que o pedro fez das RP´S só acrescentando o que ele falou, acho que nós RP´s temos que nos unir, muito mais do que estamos fazendo, nos temos a chance de mostrar nossa cara, para isso basta ousar dar a cara pra bater, fazer algo de visibilidade, trabalhamos com imagem galera temos que nos mostrar mais e brigar pelas funções que de fato são exercidas por nós….
Discordo do "mimimi". Falar isso é generalizar. Lembro há alguns aninhos a Jocélia dando as primeiras aulas sobre RP na "Meto" e dizendo que já durante as guerras o profissional de RP era muito importante (Ivy Lee?rs), toda a comunicação ali eram RP's fazendo, etc e tals, porém não mostravam e eram vistos como RP, ou não existia a nomenclatura. Podemos pensar que somos uma profissão, categoria, sei lá como chamar, das mais antigas, mas não estava no papel ainda.
Lembro ainda da Ana Manssour dizendo que após tantos anos, nós, aquela geração que se formava, estava pra começar a mudar o desconhecimento sobre a profissão e as diferenças para os outros profissionais do mercado (cada um no seu quadrado) e mostrar pra todo mundo que não "seguramos copo" e muito menos fazemos "festinhas", como muitos dos filmes americanos mal mostram. Nós sim temos é muito pensamento estratégico, conhecimento, planejamento, análise, aplicação, e acima de tudo uma P… força de vontade e tesão pelo o que fazemos. O problema é q nem sempre temos o bendito número que o chefão quer ver no final pra pagar a nossa conta. Mas, o famoso ROI aparece de uma forma ou de outra, ou eles sentem no bolso na primeira entrevista, na primeira pequena crise, no produto mal comunicado, na matéria negativa e se perguntam: "Pq n fiz aquele media training? Pq não contratei aquela assessoria? Porque eu fui pedir pro meu amigo fazer um facebook, Twitter, "Insta" pra minha empresa?
Concordo com a Carol, estamos em um momento nunca antes vivido pelos RP's. E com o Brasil no spotlight do mundo só fará crescer e crescer…
Mas, blz. Tem uns mimimi por ai. Não vamos nos influenciar com esses!
O que vem agora? Joga no peito que agente da um jeito! Ainda sinto que somos vistos como bombeiros…
Abs Pedro!
Show mau! é isso, o ponto é esse, temos que fazer acontecer, e não reclamar 😉
Acho que RP nunca vai ser mais do que é, pelos serviços reduzidos mesmo. Pequenas e médias empresas precisam de um RP? Alguém já tentou empregar coisas de RP em negócios familiares?
Com o passar do tempo passei a pensar que RP é um nicho mesmo. A gente que ouve muito na faculdade que é algo supeeer iiiimportaaante, acreditamos, e saímos achando que o mercado é injusto. RP nunca vai ser engenharia civil, e mesmo como graduação (no que diz respeito a matérias lecionadas), tem MUITO a evoluir.
Sou um RP consciente, e acho que todo esse reconhecimento alguns esperam, nunca virá. E nem sei o quão injusto isso é. A frase “todo mundo precisa de um RP” é enganosa, no meu modo de ver.
Abraços
Olá Vitor, nossa concordo muito em um aspecto e discordo muito em outro. 🙂 E aqui vou escrever como uma idealista de RP que acabei me tornando, devido a minha experiência no mercado desde 1999.
Eu já passei por empresas pequenas e gigantes, trabalhando com RP tanto para o Brasil quanto para países como México, Argentina, Chile, EUA, Inglaterra, França, Canadá e mais recentemente em Portugal. Atualmente, tenho o meu negócio, que é uma empresa que "pensa RP" para pequenas empresas, startups e "solopreneurs". Trabalho com clientes de vários portes das indústrias de TI, mercado financeiro, mídia/ marketing, gastronomia/ turismo, arte/ cultura.
Te digo com a mesma clareza que vejo a luz do sol neste momento: se aplicam, sim, os conhecimentos de RP em qualquer área, em qualquer empresa, em qualquer projeto e para qualquer pessoa que queira promover ou reforçar a sua reputação por meio do relacionamento com os seus públicos de interesse. Aliás, digo mais e este é o meu bordão: quer uma estratégia de comunicação que dura a vida toda? Então começa com RP.
Nicho é um conceito de mercado e quando falamos de RP, falamos de um trabalho estratégico/ tático de gestão. Logo, de uma linha de conhecimento – superior a nichos, áreas e indústrias, com práticas que são desenvolvidas de forma genérica e que precisam ser adaptadas para cada especificidadedo mercado. Uma das grandes tendências do mercado, aliás, é o surgimento de profissionais cada vez mais especializados em nichos – por exemplo: RP especializado na área da saúde, RP especializado para o mercado financeiro, ou para as Artes, etc. Pois em cada uma destas áreas há jornalistas, comunidades específicas, bloggers e pessoas com as quais é preciso se relacionar.
O grande problema é que no início da nossa carreira e em boa parte das vagas iniciais e de média gerência no Brasil, tratamos prioritariamente com a execução. No momento em que temos acesso às estratégias centrais de uma empresa, sejam elas de negócio ou de marketing, e a partir daí começamos a criar "programas, planos e projetos" de RP, percebemos a transversalidade da nossa profissão e o impacto real das suas técnicas e funções.
Tem um ditado que eu adoro que é "não compare o seu vigésimo capítulo com o primeiro capítulo do seu vizinho". Não podemos comparar RP com publicidade, ou com jornalismo, ou mesmo com Engenharia, pois sempre foram áreas que tiveram uma independência nas teorias/ linhas de conhecimento que seguem, na forma como criam o seu trabalho e apresentam/ materializam resultados. Agora, com a internet e as potencialidades digitais, RP tem um caminho completamente novo e mensurável para se estruturar, um caminho que certamente se desenvolveu também por necessidades de RP criadas pelo mercado, pelas pessoas, mesmo que inconscientemente.
Talvez essa profissão que ainda não enxergaste esteja surgindo. Cada vez mais somos necessários para o mercado – mas é claro que como "desbravadores" temos muito trabalho pela frente: aprendendo e ensinando o quê e como funciona para clientes, chefes e para o mercado como um todo. Não temos que trabalhar pensando no reconhecimento, eu acho, mas do jeito que as coisas estão caminhando eu tenho certeza que ela virá e muito em breve. Abs!
PS: o ponto que concordo, e acho fundamental no que escreveste, é sobre a graduação – há MUITOOOO a evoluir. Como comentei no comentário da Carol, estamos habilitados, mas isso não significa que estejamos capacitados.
Ariane, o problema é que há 50 anos os RPS são os “desbravadores”. Essa sensação de “agora vai” acontece desde que a primeira geração de professores da USP se formou.
Ah eu tempo, como curso universitário não acho que RP esteja abaixo de jornalismo ou publicidade. Abaixo de Engenharia, sim, com certeza, dá até vergonha de olhar a grade curricular rs
Abraços