Anos atrás li o livro “O Videota” que inspirou o filme “Muito além do jardim”. Trata-se de um jardineiro que passava seu dia cuidando do próprio jardim e assistindo televisão. Encantado com as maravilhas que via em seu jardim e no que via e ouvia na televisão, começou a formular conceitos e teorias fundamentadas em suas experiências de jardineiro e telespectador.
Como era muito expansivo, falava sobre suas formulações com espontaneidade, mas sem nenhum fundamento, apenas baseado em sua performance pessoal.
Sua naturalidade despertava atenção e sua fama foi se expandindo, fazendo parte de rodas de conversa, de líderes e por fim foi chamado para dar entrevistas em rádios e televisões.
Seu índice de popularidade cresceu e foi convidado para integrar-se a um partido político, concorrendo às eleições, chegou à presidência da república de seu país.
Trata-se de uma história hilária, divertida, mas que teve um final melancólico com a materialização de sua incompetência e simploriedade. Fico imaginando o que esse sujeito faria se tivesse as redes sociais para sua inspiração.
Conto essa história, porque passei minha carreira buscando encontrar formas de não deixar os profissionais, especialmente os jovens que ensinei, se levar pela superficialidade que o mercado deu para a atividade de relações públicas. Como demonstração disso, veja o texto “A arte, o conceito e o estilo”.
Estudei os fundamentos das relações públicas associando-os aos da administração, onde ambos se completam e não podem ser desassociados. Afinal de contas, os preceitos originais de relações públicas representam uma filosofia da administração que deve permear toda ela, em todos os níveis hierárquicos e ser elemento estratégico nos planejamentos e planos de ação empresariais.
Estou velho, fora da realidade? Não. Tenho estudado muito nos últimos anos e pesquisado tendências e novos modelos administrativos e tudo o que encontro são princípios de relações públicas em todas as novas formulações administrativas. Acabei de ler o livro “Liderança para uma nova economia”, escrito por Vicente Gomes, da Corall Consultoria, em que analisa empresas que se tornaram atraentes, inovadoras e financeiramente saudáveis com base num modelo de diálogo, relacionamento e propósitos humanitários, onde o caminho para se conquistar isso é a satisfação dos interesses mútuos e a harmonização das expectativas. Leia aqui.
Você já ouviu falar nisso?
O mais interessante é que essa teoria leva à construção um novo modelo administrativo, o FIB – Felicidade Interna Bruta, que agrega indicadores de Relações Públicas intrínsecos em sua fundamentação. Esses estudiosos chegaram ao mais alto nível de aplicação das relações públicas organizacionais.
E nós aqui cuidando do nosso jardim.
No próximo post ampliaremos esse tema, aguarde.
Fábio, sempre ensinando! Sabe que o que mais vejo quando estudo as mídias sociais é exatamente a mesma coisa: as iniciativas de sucesso são compostas por interação, diálogo e relacionamento com o usuário. Isso, na minha opinião, nada mais é do que RP, no seu estado mais puro e simples! 🙂 Beijão, @carolterra
Carol, querida amiga! Com certeza, você tem razão. A dinâmica das redes sociais com a interação, diálogo e relacionamento é base das relações públicas. E os profissionais estão praticando isso cada vez mais. Meu ponto não é com relação a esse aspecto, mas sim alertando para que os relações-públicas estão se concentrando demasiadamente num único nicho da comunicação e a nossa atividade está presente e sendo aproveitada em níveis bem elevados por outros profissionais e nós não estamos percebendo ou não dando a devida importância para isso. Estou vendo relações públicas em todos os lugares, o avanço da sociedade, das organizações e instituições está totalmente dirigido para nossa área. Estamos vivendo a Era das Relações Públicas e não estamos nos dando conta disso, ou melhor, não estamos tirando proveito disso. Tenho feito discursos e alertando empresários para a nossa área e só tenho recebido feed back positivo. Foi isso que quis dizer em meu post. Tenho aprendido mais com você do que vc comigo. Pode ter certeza disso. Você é brilhante. Abraço
Flávio Schmidt, excelente colocação.
Tenho visto a mesma evolução dentro de um mercado altamente competitivo e pautado na transparência, excelente e na valorização do material humano, seja ele o público interno: colaboradores (esse inclusive deixou de ser o "mero" funcionário e entrou para uma esfera colaborativa), gerentes, diretores e presidente (ou sócios cotistas); ou público externo, leia-se clientes e sociedade em geral.
Recentemente participei do lançamento do livro Inteligência de Mercado do professor Eduardo Marostica (http://pt.slideshare.net/EduardoMarostica/inteligncia-de-mercado-33107417) e ele comenta justamente como tem sido o comportamento das grandes empresas no cenário globalizado moderno.
Um grande abraço e parabéns pelo blog.
Guilherme, agradeço pelo comentário. As empresas não param de buscar novas formas de organização, de administração e estão seguindo por um caminho que vai ao encontro das relações públicas. Elas estão descobrindo que a efetividade das relações internas passa pela satisfação de interesses comuns e isso, técnica e teoricamente, é a própria fundamentação de relações públicas. O campo é muito amplo para os relações-públicas atuarem. Vou acessar o link para ver o conteúdo do livro. Abraço e obrigado.
Muito interessante sua reflexão, Flávio.
De fato, a essência de nossa área está justamente num aspecto fundamental para as organizações e a sociedade, afinal, os relacionamentos estão cada vez mais complexos e exigem sensibilidade, competência e habilidade para saber lidar com eles, muito além do nosso jardim.
Este é o encaminhamento que as empresas estão seguindo e só depende de nós para ocuparmos mais esses espaço, aliás o lugar de onde saímos. De minha parte tenho batido muito nas portas da empresas. Obrigado pela mensagem e vamos conversando, porque temos muita coisa para falar sobre isso. Abraço
oi Flávio, parabéns pelo post, uma excelente forma de ver como o "estado da arte" da nossa profissão precisa ser constantemente dialetizado em termos de teoria e prática. Para buscarmos a ação, precisamos também chegar a um nível de consciência e consistência sobre nossa atividade. Valeu!
Valeu Marcus Vinicius. Obrigado pela mensagem. Estou apenas abrindo uma janela para um lugar que já ocupamos um dia, mas por causa da praticidade do mercado fomos saindo e nos afastamos completamente. Vamos voltar para lá, vamos ocupar o nosso verdadeiro lugar. #euvou. Abraço
Muito boa informação, agradeço por compartilhar.