Que reputação é um bem intangível (não que eu concorde lá muito com isso), todo relações-públicas sabe. Mas hoje saiu uma nota na coluna da Mônica Bergamo da Folha de S. Paulo que mostra que a reputação vale, na verdade, muito dinheiro, mas MUIIIITTTTOOOOO dinheiro mesmo!
As notas da coluna de Bergamo mostram que o acordo de delação premiada, envolvendo as empreiteiras da operação Lava Jato, passa por um impasse. Isso pois elas, claro, não querem admitir que cometeram crimes e nem entregar nomes de seus executivos para a investigação.
E tem mais, elas estariam dispostas ainda a pagar multas tão altas, que podem ultrapassar R$ 1 Bilhão, além de assinar TACs (Termos de Ajustamento de Conduta) para que problemas semelhantes de corrupção não ocorram novamente.
Veja bem o que está em jogo aqui, amigo RP: Uma empresa ACEITA pagar mais de R$ 1 BILHÃO (com “B”) de reais para não ter que assumir que ela ou que um de seus empregados cometeu um crime. Claro. Um acordo e pagamento de multa é uma coisa, ter marcado na história da empresa que ela assumiu que cometeu um crime é algo BEM diferente e muito mais “caro” em termos de Reputação e Imagem.
Acho que essa história pode começar a ajudar a precificar o quanto vale a reputação de uma organização.
Abraços
/Pedro Prochno
O preço de se comportar como um avestruz (colocando a cabeça embaixo da terra) é caro! Mais vale ser transparente e fazer uma operação de reconstrução e rescaldo da imagem do que agir assim…Se bem que a memória dos brasileiros é curta e passageira, né? 🙁
É Carol, aqui o dindin ainda é melhor do que assumir a bronca heheheheh
Há vários pontos positivos nessa noticia, Pedro:
– Potencial tendência de redução da corrupção corporativa e política (porque, não tendo quem intercambie o dinheiro entre empresas, governos e políticos naturalmente fica mais difícil corromper);
– Valorização, respeito e obediência às políticas corporativas;
– Valorização do trabalho dos profissionais que elaboram as políticas corporativas;
– Valorização dos profissionais que zelam pela imagem e reputação das organizações.
Nota que não estou falando exclusivamente dos Relações Públicas de formação, mas de todos os profissionais, independente da formação, que trabalham para fazer pessoas, empresas e sociedades mais equilibradas, mais justas e mais felizes.
O ponto negativo? Saber que essas empresas fizeram barbaridades e agora estão com medo que todo mundo fique sabendo, não só clientes, fornecedores, investidores, mas os filhos, cônjuges, família e amigos dos envolvidos. Medo da vergonha. :-/
É, a cabeça no buraco que a carol mencionou ali em cima rsrsrs
Pera ai! Essas empresas não estão tentando evitar um impacto em sua imagem e reputação. Podiam pagar 10 Bilhões. Esse não é o problema. Elas já foram expostas e estão sendo investigadas também e até pela justiça norteamericana. A tentativa ai, ao que parece, é evitar a exposição de uma encrenca muito maior, mais ampla e extensa do que já se sabe. Porque ai sim, elas não morreriam por falta de reputação, mas por falência múltipla. É isso que se quer evitar. A reputação, no caso, não tem mais nenhuma importância. Ou você vai mudar de ideia depois que forem pagos os bilhões de multa? Vamos aceitar: RP pode ser feito pro bem e pro mal. As campanhas terroristas e as campanhas do bem são orquestradas com as mesmas técnicas. O que muda é o propósito. Apenas isso. É ele que determina o sentido do jogo. E, ao que me parece, nesse caso, o propósito não foi alterado. Parabéns pela reflexão atualíssima, Pedro. Valeu mesmo. Abraço.
É, acho que é um empurra pra lá, deixa isso abalar menos as estruturas aqui. Mas sim, reputação já foi abalada, flávio 🙂
Creio que o acordo e a multa é uma estratégia desenvolvida por um RP, visando somente os interesses das organizações envolvidas (por um lado não agravar ainda mais a crise de imagem e reputação e por outro, pagar tirar apenas alguns milhões que deve equivaler a uma pouca parcela de tudo o que foi roubado) e a sociedade onde que fica? E o acesso à informação, saber quais e como essas empresas usurpam do dinheiro público? Cadê a transparência nisso aí. Modelo simétrico unidirecional.