Esse post foi escrito por Raquel Vandromel. Participe você também do #Blogrelacoes, veja como aqui!
Como comunicadores, somos comumente ligados à extroversão porque as pessoas imaginam aquele indivíduo que circula livremente entre diversos públicos, que tem essa disponibilidade natural em engajar conversas corriqueiras com muitas pessoas ao mesmo tempo e que, basicamente, podem fazer amizade com qualquer pessoa.
Isso é perfeito para um Relações-Públicas. Afinal, a intenção é comunicar, certo? Portanto, você me diz: um comunicador não pode ser introvertido. E eu te respondo que sim, nós podemos.
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A introversão é erroneamente confundida com timidez. Então, deixe-me esclarecer uma coisa: introversão e timidez não são a mesma coisa; introvertidos podem se relacionar bem com as pessoas, falar bem em público, são bons comunicadores e sabem engajar seu público tanto quanto extrovertidos.
O que determina se uma pessoa é introvertida ou extrovertida, na verdade, é o modo como ela adquire e recarrega suas energias. Extrovertidos sentem uma necessidade de estarem em convívio social para se munirem de motivação, precisam conversar e compartilhar com as outras pessoas. Introvertidos preferem “encher a barrinha” de energia se afastando disso tudo, gostam mesmo é de estarem sozinhos; na verdade ter de interagir muito, de maneira aleatória, suga a energia dessas pessoas.
Quando me descobri introvertida, me assustei.
Eu, introvertida? Nunca!
Eu escolhi a profissão de Relações Públicas, escolhi me tornar uma comunicadora; tenho de ser naturalmente extrovertida.
Sou do tipo piadista, que ri (inclusive de mim) o tempo todo; sabe o happy hour? Eu vou. Tem que conversar com o cliente? Eu falo. Recepcionar desconhecidos, também.
Não sou do tipo antissocial, mas sentia que essas atividades todas me esgotavam, e chegava um ponto da minha vida em que eu tinha a necessidade crônica de me afastar de tudo e de todos; porque no fim das contas, meu reino era voltar pra casa no fim do dia, colocar uma música e ler meus livros, com uma xícara de chá.
Foi quando li um artigo ótimo no Brasil Post falando sobre os 23 Sinais de que Você é uma Pessoa Introvertida, e me identifiquei prontamente com, pelo menos, 21 delas. Senti-me reinserida na sociedade, sem exageros.
Poder permanecer em silêncio é uma dádiva. Isso, em nossa profissão, é considerado um ponto fora da curva. Na verdade, a sociedade como um todo valoriza um comportamento extrovertido; no trabalho, somos altamente estimulados ao brainstorming coletivo, no qual todo mundo fala, mas ninguém se ouve.
Vivemos em uma sociedade compartilhadora, onde o mais acertado é pensar pra fora e a lei que impera é a mesma aplicada ao furo jornalístico “o primeiro a gritar a notícia é o vencedor”.
Li uma vez na Wired, um artigo sobre nosso sistema corporativo atual, em que todo o ambiente favorece um extrovertido. As paredes das salas desapareceram para dar lugar às baias compartilhadas; e o trabalho face-a-face, em reuniões intermináveis em que muito se fala, mas poucas conclusões são tiradas, é constante. Introvertidos precisam agir como extrovertidos, com a intenção de se encaixar no mercado de trabalho. Mas isso os esgota e os desmotiva.
Aí você me diz que comunicadores precisam fazer networking e estarem sempre rodeados de pessoas! E eu respondo, não necessariamente. Somos responsáveis por analisar, planejar e executar planos de comunicação que, ora solucionam problemas, ora evitam que esses problemas aconteçam e/ou se repitam.
Somos responsáveis por olhar tudo nos mínimos detalhes, ver o que ninguém enxergou ainda. Somos detalhistas; é exigido de nós saber ler o mercado e as pessoas. Identificar ranhuras e potenciais escondidos. A regra de ouro é ouvir mais e falar menos, afinal, comunicação assertiva é eficiente e sucinta.
Para conhecer mais sobre o assunto, a dica é o livro The Introvert’s Way: Living a Quiet Life in a Noisy World (Perigee Book), de Sophia Dembling.
Raquel Vandromel é formada em RP pela Cásper Líbero e trabalha na área de Relacionamento da Aberje.
Olá, Raquel!
Que ótimo post! Me encaixei perfeitamente em tudo o que você colocou e o artigo mencionado (dos 23 sinais…) é esclarecedor. Ufa! Não sou um E.T. rsrsrs. Sou introvertida mesmo, com orgulho, e sempre gostei muito de ser assim, já que nunca me impediu de ter uma boa oratória, de ser comunicativa, de me inserir facilmente em qualquer grupo, de ser proativa, enfim… Introversão realmente não tem qualquer ligação com timidez. Apenas me enfastia certas [inúmeras] convenções sociais, e me sinto segura o suficiente para não participar delas. Não me sinto obrigada a prestar contas à sociedade.