Vocês devem estar acompanhando a crise que a marca de esmaltes Risqué está enfrentando nas mídias sociais.
Tudo isso porque lançou uma coleção “Homens que amamos” com frases encaradas como machistas por alguns muitos grupos de pessoas nas mídias sociais. O resultado não poderia ser outro: “bafafá” intenso, muito buzz em torno da marca e debates acalorados entre os que estão a favor da coleção e não veem mal nenhum e aqueles que entenderam como ofensivo e sexista.
Eu, particularmente, estou no grupo de quem não achou nada demais nas tais frases…
Enfim, vamos à discussão: o que a Risqué fez de errado? Ou será que estamos na era do mimimi em tempo real?
Analisemos sob os dois pontos de vista:
Erros
– talvez tenha faltado uma validação prévia da campanha junto às audiências interessadas
– talvez tenha faltado um olhar de advogado do diabo antes do lançamento, o que implica em mapear todos os possíveis cenários negativos e determinar planos de ações para cada um deles
– Talvez tenha faltado um pouco de habilidade de comunicação/RP para lidar com a situação.
- A nota emitida pela assessoria de imprensa foi evasiva, na minha opinião
- Apenas mencionou estar ouvindo os consumidores (eu, sinceramente, fucei a fanpage e não localizei interações da empresa com quem reclamava ou defendia o caso). Está ouvindo mesmo?
- Acredito que agilidade em uma situação como essa poderia também minimizar o problema
- A Skol, por exemplo, recentemente, passou por situação similar e resolveu mudar o tom de sua campanha após receber críticas de ser sexista. Valeria a pena reforçar a intenção da campanha de Risqué e frisar o carinho, o cuidado e o agrado dos homens com as mulheres?
A Risqué divulgou uma nota para comentar o caso:
“Risqué, marca líder em esmaltes e presente há mais de 60 anos no mercado, possui uma completa linha de produtos para unhas. Seu portfólio apresenta cores regulares, como os grandes clássicos Renda e Gabriela, e lança coleções semestralmente, com temas do cotidiano, como as recentes linhas inspiradas no futebol, na fé e em viagens. A coleção ´Homens que Amamos´ foi inspirada em gestos de carinho e respeito vindos de pessoas que amamos. A marca considera todo tipo de discussão positiva e reafirma que está sempre atenta aos comentários de seus consumidores”.
Mimimi em tempo real?
Muita gente pode ter se sentido ofendida com o tom da comunicação. Em tempos de mulheres independentes, trocas de papeis, homens na cozinha, mulheres no ringue, nada mais precisa ser como nos tempos da vovó. Talvez tenha faltado essa sensibilidade à marca.
Independente disso, estamos na era do real time e isso implica em algumas questões para as empresas:
– é preciso testar antes de se lançar ao público, sobretudo nas mídias sociais
– é preciso ter uma estratégia de resposta na “ponta da língua” e, para isso,
– é preciso ter mapeado tudo o que pode desdobrar daquela campanha, ação, tema
– é preciso conviver com as críticas. Impossível agradar a todos.
– É preciso agir rapidamente, mas ter tudo previamente planejado.
Vai um RP aí? 😉
Não acho que seja mimimi, acho que simplesmente a Risqué está por fora da tônica dos novos tempos, tempos de mulheres independentes e que encaram essas ações destacadas nos esmaltes como "nada mais que obrigação" de um homem que a ame e seja amado por ela. Recentemente saiu um artigo tratando sobre agências de publicidade e sobre o fato do machismo ser a regra da casa, e algumas das campanhas citadas estão aí para confirmar. E se em nota a empresa afirmou que é "marca líder em esmaltes e presente há mais de 60 anos no mercado", sorry, mas se continuar assim, vai perder a liderança.
Chris, agradeço a visita e o comentário! 😀
Tenho como um mantra o "Manifesto de Cluetrain" (pra quem não conhece, super indico: http://www.cluetrain.com/portuguese/) e a primeira tese apresentada por ele, diz o seguinte: é "Mercados são Conversas", ou seja, uma via de mão dupla! Não adianta achar que as pessoas vão ver sua campanha e rapidamente ir comprar esmalte (ou simplesmente, deixar de comprar)! Tudo é experiência.
É claro que nunca uma campanha vai agradar todo mundo, mas é importantíssimo olhar pra fora da casinha. Abrir a janela do escritório e ver o que as pessoas estão falando. Existem assuntos que precisam do máximo de análise de risco possível. É prever comentários, reações e até Plano B (como foi o caso da Skol). É olhar para o cliente como um valor pra sua marca, para antes pensar que só sua marca tem valor.
Perfeito, Vivi! Faltou um processo completo de planejamento para as mídias sociais. Ou seja, não basta ter um produto e querer divulgá-lo, por meios pagos, é preciso entender o cenário e as demandas, anseios, crenças e atitudes das audiências que se quer atingir. Faltou isso…Obrigada pela visita e pelo comentário!