Como comunicadores, aprendemos desde cedo a desenvolver um olhar mais sensível e treinado para olhar para as pessoas, habilidade que normalmente é aprimorada durante a graduação e com as nossas experiências profissionais. E engajar pessoas também entra na lista das coisas que devemos aprender a fazer.
Nos permitimos olhar para o outro e perceber seus sentimentos, nos atrevendo, inclusive, a identificar suas necessidades. Adoro essa característica, que é tão nossa na Comunicação.
O que é óbvio para nós às vezes não é tão óbvio para quem não aprende a desenvolver esse olhar.
Outubro é o mês do empreendedorismo aqui no Blog RP. Durante as últimas semanas trouxemos histórias e experiências de relações públicas que resolveram se aventurar em seu próprio negócio e colocar suas ideias em prática.
Lemos sobre como é possível ser RP e criar um modelo de negócio inovador.
Aprendemos que a trilha do empreendedorismo pode não ser uma linha reta e asfaltada, mas sim uma ingrime subida em estrada de chão batido.
Entendemos como é importante se manter atento às mudanças no mercado e comportamento das pessoas, para adaptar-se sempre que for necessário – sem importar de qual geração de comunicadores você pertence.
Vimos que os erros fazem parte dessa jornada, mas que é necessário saber extrair o aprendizado de cada um dos nossos deslizes.
Empreender envolve, também, um outro desafio: recrutar uma equipe – mesmo que seja uma equipe de 2 pessoas.
Quando se é dono do próprio negócio, se torna necessário aprender sobre gestão, finanças, departamento pessoal, tributação e, inclusive, áreas mais técnicas que envolvem a entrega do produto ou serviço oferecido.
A agenda aperta e parece que não há mais tempo suficiente durante a jornada de trabalho. O desespero por vezes se torna o combustível para buscar ajuda, ou seja, mãos extras para fazer o trabalho acontecer.
Uma equipe engajada não é engajada apenas porque as pessoas são otimistas, persistentes e esforçadas. Essas características influenciam na forma como cada um executará o seu papel dentro do “time”, mas não são o que garante a satisfação e engajamento dos membros da equipe.
Comunicação é plural, é canal. Se uma das pontas não existe, ela também se esvai. Liderar pessoas envolve guiá-las, e não é todo mundo que se sente confortável nessa posição.
É uma habilidade a ser desenvolvida, habilidade essa que, por vezes, envolve muito mais entender sobre pessoas do que sobre processos. Mas, quem sabe deixamos uma especialista no assunto falar sobre isso?
Se você ainda não conhece a Viviane Mansi, conheça-a agora e comece a acompanhar seu trabalho.
Viviane Mansi é Relações Públicas e leciona na Faculdade Casper Líbero. É autora do livro “Comunicação com Empregados – a Comunicação Interna sem fronteira”, produzido em parceria com Thatiana Cappellano e Bruno Carramenha, e de “Comunicação, diálogo e compreensão”.
Depois de mais de 15 anos trabalhando em indústria farmacêutica, em 2014 Viviane integrou o time de América Latina da GE como gerente de comunicação e public affairs para o Brasil.
Em 2015 assumiu a posição de gerente global de Comunicação Interna e Marca Corporativa para a Votorantim Cimentos.
Com sua experiência e visão aguçadas para a comunicação voltada para o público interno, Viviane tem um olhar sensível e humano, que fica claro nesse texto publicado por ela no Pulse e que você pode conferir aqui:
Sobre o Óbvio e a Comunicação
O que é óbvio, como toda obviedade, quando examinada, revela-se uma trama de potencialidades. O pensamento é de Luís Mauro Sá Martino, quem eu tive a satisfação de ter como professor na época do mestrado.
Refletir sobre isso me lembrou que os cinco sentidos estão tão à nossa disposição que nem sempre nos damos conta. Quais seriam as potencialidades deles se aplicados à comunicação com empregados?
Sentidos estão, em princípio, relacionados à percepção do meio interno e externo, sem fronteiras, por isso me interessei pela comparação.
Vou me arriscar:
Visão:
É preciso observar o ambiente, pois tudo comunica. O dito, e também o não-dito, são informações que nos ajudam a criar um planejamento correto, a melhor estratégia, a tática mais indicada.
Importante também ver com o coração, afinal, comunicação tem que ser efetiva, mas também afetiva.
Audição:
Ouvir é nosso tendão de Aquiles. Na escola, provavelmente vamos lembrar da professora escrevendo na lousa e de nós, alunos, copiando as informações no caderno.
São poucas as memórias das conversas em roda, de a gente prestar atenção um no outro. Logo, não fomos acostumados a ouvir o colega, mas nunca é tarde para melhorar isso. O bom é que quanto mais a gente treina, melhor a gente fica. O que precisamos: a-p-e-n-a-s tempo.
Olfato:
Olfato e paladar, para uma pessoa como eu, são coisas que se confundem. Só consigo me lembrar agora das expressões “sinto cheiro de mentira”, ou “isso não está me cheirando bem”.
Recordei dessas coisas só pra lembrar que os empregados não são bobos e não compram mentirinhas corporativas, dessas que às vezes a gente conta porque não consegue dar má notícia ou não está preparado para lidar com situações difíceis. Resumindo: mentira cheira mal.
Paladar:
Dos vários momentos felizes que eu me lembro, a maioria deles foi cercado de algum tipo de comida (de doces, não vou esconder). E eu trago o paladar pro trabalho: me delicio com uma boa campanha, não gosto de engolir sapos, brindo a eficiência e a felicidade do time, chamo algumas pessoas de amargas quando eles não têm paciência com as outras.
Enfim, trazer o paladar junto de si é um convite às boas coisas. Pra jornada do trabalho ser doce, é preciso “abertura, simpatia e generosidade”.
Tato:
Ah… o tato. Bom, esse é o ingrediente essencial de toda receita de sucesso. Olhar nos olhos é tato, sorrir é tato, pegar pela mão quando alguém da equipe precisa é tato, ser gentil quando gostaríamos de explodir é tato.
Ter tato é, afinal, fazer o melhor que podemos fazer. Sempre.
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A comunicação entre gestores e funcionários vem ganhando cada vez mais espaço nas organizações. Com objetivo de informar a importância da comunicação corporativa voltada para o público interno que alunos e convidados dos cursos de Pós-Graduação em Comunicação Corporativa e Relações Públicas da Faculdade Cásper Líbero produziram o e-book Comunicação com Líderes e Empregados, que você pode fazer download aqui. Tem artigo da Viviane Mansi por lá que vale ser lido do início ao fim. 🙂