“Lideranças colaborativas, uma nova face do empreendedorismo” foi o tema do 4º Congresso Gaúcho de Jovens Lideranças Empresariais. O Evento, realizado pela FAJERS (Federação dos Jovens Empreendedores do Rio Grande do Sul) durou 3 dias e foi totalmente organizado por voluntários. Sua abrangência nacional e internacional, contou com a participação de empreendedores de 69 cidades brasileiras e representantes do Uruguai e Paraguai.
Já na cerimônia de abertura, o jovem foi destacado como o motor da economia. Crise econômica e oportunidades também foram ressaltadas, o que levou o presidente do Fecomércio, Luiz Carlos Bohn, ao apelo: “Por mais difícil que seja, não desistam de empreender”. Pensar é a forma de projetar uma nova realidade, mas para que isso aconteça é preciso existir pessoas que coloquem a mão na massa e façam as coisas acontecerem.
Seguindo esse clima inspirador, Carmen Ferrão, empresária do Grupo Lins Ferrão (compreende a rede de lojas Pompéia e Gang), ressaltou que estamos na era do compartilhamento. “O passado está para sempre e o futuro está na gente”, no qual voz e atitude são as palavras-chave para que o sonho de empreender se realize.
Em tese, essas palavras são belas e o mundo dos negócios é um caminho maravilhoso, mas na verdade, sabe-se que existe uma infinidade de desafios permeando as organizações todo o tempo.
Lideranças colaborativas, o empreendedorismo está preparado para essa mentalidade?
No evento, Carmen Ferrão compartilhou o caso da Pompéia, empresa de gestão familiar, cujos valores são intensamente enraizados. Em 2004, foi lançada uma campanha, inspirada no feedback dos gerentes de loja, ao informar que seus consumidores não sabiam quais eram os produtos e serviços da marca. Daí, nasceu o “o que é que a Pompéia tem?”, com base no slogan “Vestindo e calçando a família”, inspirado na música “O que é que a baiana tem”, autoria de Dorival Caymmi.
A campanha foi um sucesso e, consequentemente, aumentou o número de vendas. Porém, contrariando a regra de “não se mexe em time que está ganhando”, em 2005 a marca resolveu se reposicionar e abranger novos mercados.
A Pompéia investiu em pesquisa na cidade de Canguçu (RS) para saber o significado de “fashion” para a população do interior do estado. Descobriu que remetia à “estar bem e estar na moda”. Embora com receio, o slogan ganhou uma cara nova e passou a ser: “É fácil ser fashion”. Como resultado, novos consumidores foram impactados, principalmente perfis que atendem à persona: mulheres líderes de família, que compram roupas para os filhos e maridos.
Em entrevista, questionamos à empresária, qual o sentimento de pôr em xeque a raiz familiar do slogan e apostar em um novo mercado?
“Tudo tem um momento e nós sentimos que a gestão estava madura para enfrentar esse reposionamento. Na verdade, foi uma visão clara, de que precisávamos investir no varejo de “fast fashion”. Todo movimento foi feito com pesquisa, solidez e engajamento de todos. Acredito que a mudança vem da liderança, buscando atingir novos cargos e colaboradores. Aos poucos nós fomos construindo isso juntos e hoje faz parte do nosso dia a dia (mundo novo), que deu muito certo. A gente sabe que foi uma atitude de risco, mas o que ficou é a reflexão de “saber a hora certa de mudar”. Quando tu está bem no mercado, aí é que é o momento de fazer uma reflexão estratégica”.
Para Fernando Milagre, atual presidente do CONAJE (Confederação Nacional dos Jovens empresários) o empreendedorismo é um trabalho árduo. Para o negócio seguir em frente é importante entender a mentalidade colaborativa, que deriva dos valores da mudança = atitude + coletivo + responsabilidade. O posicionamento do empreendedor “coitadinho” já era, estamos no momento em que: ou você se une a pessoas e vai lá e faz! Ou você vai morrer sozinho na praia.
Exige maturidade profissional e pessoal para pensar no coletivo, muitas vezes as pessoas não estão prontas para viver essa fase. Nesse sentido, questionamos ao Milagre, quando que ele reconheceu a importância do coletivo em sua carreira:
“Quando assumi a CONAJE, tive diversas reuniões com autoridades, ministros e secretários do Estado, no qual muitos lembravam da CONAJE em si, mas não dos presidentes antecessores. Nesse instante, vi o quanto sou insignificante enquanto Fernando Milagre porque são as pessoas que fazem o coletivo e não o meu nome. Quem está ali é apenas a representação da entidade e essa representação só ocorre se entendermos que o conjunto é que faz a diferença, precisa de empoderamento e saber a sua responsabilidade. Com esse entendimento, você despersonifica o movimento, mas utiliza todos os indivíduos que acreditam que podem fazer a diferença e formar um coletivo forte.”
*Thais Gonçalves é Relações Públicas. Comunicativa e completamente apaixonada por cultura e viagem. Gosta de pessoas: são incríveis e difíceis. Desafiadoras. O que espera nessa vida? Ser feliz! Uma observação sobre realização pessoal: não poderia ser outra coisa a não ser RP.