RP é desejada em Cannes, mas ainda pouco compreendida. Os números de Cannes Lions 2017 impressionam: são mais de 41 mil cases inscritos (41170, para ser mais exata) em todas as categorias – que vão de campanhas de inovação e digital, passando pela saúde e indústria farmacêutica até as mídias tradicionais.
Categorias como PR (Relações Públicas, em inglês) e P&A (Promo & Activation) seguem entre as mais desejadas para garantir um Leão no CV e que mais crescem, ano após ano, em número de inscrições.
Após um longo processo de julgamento hoje começaram a ser revelados os finalistas. Em PR, a categoria que nos levou à Cannes para cobertura, foram 2208 inscritos de todo o mundo, mas só 10% deles estão concorrendo ao desejado Leão: são 228 finalistas (em shortlist, como se diz por aqui). Destes, 15 trabalhos são brasileiros, que concorrem em diferentes subcategorias e nos dão 21 chances de voltar para o Brasil com o prêmio máximo do mundo da criatividade.
Alto volume de inscrições, baixo volume de finalistas. Afinal, o que impede o verdadeiro propósito das RP de ganhar prestígio e visibilidade no mundo da criatividade?
HojeAmanhã os trabalhos finalistas são premiados com 4 tipos de Leões: Ouro, Prata e Bronze e o Grand Prix, que é o prêmio máximo para o trabalho melhor pontuado pela equipe de jurados da categoria.
O que nos perguntamos é o que faz uma taxa de conversão de cases inscritos (2280) em finalistas (apenas 228) tão baixa? Será a qualidade dos trabalhos ou os RPs do mundo que não sabem inscrever no evento?
A Presidente do Juri, Karen van Bergen, CEO, Omnicom Public Relations Group, United Nations, comentou os critérios que nortearam a seleção dos cases.
“O trabalho que vencer o Leão de PR este ano será baseado em pesquisa, insights e estratégias baseadas na análise de dados, demonstrando tangibilidade na mensuração e resultados e também impacto social. Terá de ser autêntico com o propósito da marca, demonstrando profundo envolvimento com a audiência, capaz de inspirar e emocionar o público. Além disso, o case ganhador elevará nossas expectativas mais alto do que nunca, mostrando onde a nossa indústria é mais efetiva, tocando mentes e corações ao demonstrar na prática o impacto incrível que as relações públicas podem criar”.
Embora o propósito de Karen esteja muito alinhado com a mentalidade das Relações Públicas, o fato é que muitas agências ainda inscrevem nesta categoria por terem cases com grande visibilidade, compartilhamento e engajamento nas redes sociais. Mas e o relacionamento, que é a essência disso tudo?
Um exemplo é o case da Heineken: um vídeo que era mídia digital, ganhou grande alcance e foi selecionado como finalista de PR. Será mesmo que vale? Todos ficaram sabendo que os participantes eram atores. Se, neste caso, o festival premia a ideia, e não o propósito da construção de relacionamento, será mesmo que RP é a categoria mais apropriada?
O que deveria ser um case finalista de PR em um festival como Cannes? Amanhã, quando soubermos os vencedores, vamos voltar a estes critérios. Mas o fato é um só: precisamos falar, cada vez mais, de RP e do que de fato move o propósito da nossa profissão.
Confira os trabalhos finalistas:
– The Colour of Corruption da Grey para Reclame Aqui
– On Hold Music Festival da Grey para Reclame Aqui
– The Rewearable Dress da Young para Santa Casa
– The Debut da Africa para a AB Inbev (Bud) / ESPN