A manhã do segundo dia de RP Week #4 foi o momento de pensar na construção de carreira internacional em relações públicas, de quebrar alguns conceitos que permeiam o trabalho no exterior e, também, de desvendar possibilidades para seguir uma carreira global.
Ariane Feijó, Guilherme Alf e Pedro Prochno compartilharam aspectos sobre suas atuações como RP no exterior, mostrando algumas possibilidades bastante interessantes para quem deseja cruzar fronteiras de território como RP.
Quer saber quais são as habilidades que precisamos desenvolver para começar a pensar em uma carreira internacional? Então confira a experiência, dicas e caminhos que esse trio trouxe no workshop de Carreira Internacional.
Experiência Corporativa
Pedro Prochno é Gerente de Comunicação da Uber no Brasil e abriu o workshop contando um pouco das experiências que deram base para que ele conquistasse a oportunidade, em 2014, de integrar uma das maiores e mais relevantes empresas do mundo. Depois de passar por empresas como Unisys, Burson-Marsteller, Banco Real, Patri e de atuar como RP e assistente pessoal de Lilian Pacce, Pedro teve sua própria agência de RP, a Hygge, com foco em atender micro e pequenos negócios e startups.
Por ter trabalhado com empresas essencialmente americanas, Pedro conta que sempre conviveu com estrangeiros e outras culturas, mas foi na Uber onde começou a viver realmente uma carreira internacional, pois passou a viajar para o exterior com muita frequência ao invés de apenas trabalhar com os “gringos”.
Hoje, o maior desafio é adaptar o posicionamento global da empresa para implementar na comunicação da marca no Brasil. Isso envolve se adaptar à cultura e comportamento da região, para que exista a chance de adesão do serviço em cada local. Essa trajetória é longa, com aprendizado constante e, para começar, Pedro deixou três dicas de habilidades para você planejar sua carreira internacional como RP.
Três fatores para planejar sua Carreira Internacional
Línguas: aprenda, no mínimo, um segundo idioma. Esse é o primeiro passo para começar – e o inglês, hoje, já é básico e obrigatório. 😉
Cultura: aprenda a analisar a cultura de onde for atuar. Vamos sempre esbarrar na cultura do país ao implementar um posicionamento de comunicação de uma marca. Dentro do Brasil, por exemplo, é possível esbarrar em culturas muito diferentes conforme a região do Brasil. É por isso que entender a cultura de um país é até mais importante do que dominar a língua local.
Oportunidades: fique atento à elas. “A oportunidade vai bater na sua porta uma vez. Ou às vezes ela não vai nem bater, ela vai só passar na frente, e se você perder, meu amigo, pode demorar até passar a próxima.” Pedro reforça o quão importante é se preparar, ficar atento ao que está se destacando no mercado e estar pronto para quando a oportunidade chegar.
Experiência Empreendedora
Diferente do Pedro, Guilherme Alf decidiu construir uma carreira internacional seguindo duas de suas paixões: empreendedorismo e futebol. Alf é sócio-fundador do Valen Bar18+ e da Todo Mundo RP e percebeu uma oportunidade de mercado ao identificar o crescimento exponencial do futebol asiático e criou o projeto China Brasil Futebol.
Como surgiu a ideia de ir pra China? “O futebol chinês só fala em dinheiro. Temos jogadores brasileiros com um ótimo desempenho atuando lá, mas ninguém sabe disso aqui no Brasil”, conta Alf.
Ele explica que falamos muito sobre o futebol latino, norte-americano e europeu, mas muito pouco sobre o asiático – que vem chamando atenção de outros mercados e recebendo investimento de times da Europa. Nesse cenário, Alf percebeu como os jogadores brasileiros que atuam na China não recebem reconhecimento no Brasil, fator que limita as oportunidades e reconhecimento desses jogadores.
A primeira ideia do projeto China Brasil foi desenvolver um trabalho de consultoria para esses jogadores, atuando na construção de reputação e de reconhecimento desses jogadores no mercado do futebol brasileiro.
Hoje, o projeto é uma plataforma de comunicação focada nos brasileiros que atuam no futebol chinês. O papel da plataforma é contar as histórias por trás dos milhões envolvidos nas transações de um dos mercados que mais crescem no mundo.
Saiba mais sobre o China Brasil Futebol.
Insights de Guilherme Alf sobre sua atuação como RP na China:
- Se você quer trabalhar em qualquer lugar do mundo, a minha primeira dica é: vá até lá. É essencial estar no país para entender coisas que curso, blog e vídeo no youtube nenhum vão te explicar.
- Crie uma rede de relacionamento. Eu comecei olhando para quem estava atuando na China, com quais dessas pessoas eu tenho contatos em comum e poderia me relacionar. Começou com um pessoa sendo meu ponto de contato e fui evoluindo através de construção de relacionamento e conexões com os jogadores.
- O maior desafio é a cultura, pois o modo de pensar dos chineses é muito diferente do nosso. E isso não é pior, é só diferente. Isso é o que mais precisamos passar a aceitar e entender: as culturas são diferentes e a compreensão dessas diferenças sem julgamentos é fundamental para construir uma carreira internacional em RP.
- Conheça a lógica de comunicação do país no qual você vai atuar. Eu ainda estou aprendendo a lógica da China – isso é importante e não tem curso que ensine, e para aprender eu preciso estar lá para viver.
- É importante ir atrás das oportunidades, ser cara de pau, pois as melhores chances do mundo vão surgir dessa forma.
Como se dar bem no mercado global?
Ariane Feijó já passou por ambos os universos: construiu carreira corporativa na Dell Brasil, onde atuou por 6 anos, e decidiu arriscar novas experiências ao se mudar para a Europa. Lá, atuou na KPMG, na organização de exposições artísticas e, também, abriu sua própria empresa em Portugal. Hoje, uniu sua paixão pelo mercado e pela academia em uma metodologia inédita: o INBOUNDPR, aplicada em empresas através do trabalho da sua empresa de consultoria, a Otimifica.
Segundo Ariane, é preciso viver a experiência do mundo globalizado para compreendê-lo, e a única forma de não ser apenas expectador da realidade é viajando. Conhecer novas culturas e aprender a lidar com as diferenças – e superá-las, e abraçá-las – tem tudo a ver com empatia.
Para ela, o relações públicas precisa desenvolver a capacidade de transcriar, que é muito mais do que traduzir a comunicação de uma marca em nível global. “As mensagens, as táticas e estratégias de RP devem ser construídas de forma apropriada com a cultura local.”
Também é necessário mais do que entender as diferenças culturais, e é nesse sentido que entra a empatia: “é preciso tentar extrair o significado de um contexto e imaginar a sensação de vivê-lo”, segundo ela.
Ariane levantou, também, a importância da construção de conexões verdadeiras com as pessoas do mercado local. “A forma como estabelecemos relacionamentos é que nos dá oportunidades de viver as coisas que desejamos e construir conexões valiosas.”
7 possibilidades de construir uma carreira global:
- Fale inglês, leia em inglês, escreva em inglês.
- Participe de eventos e cursos curtos, como:
- Davos e Cannes
- entrevista Paul Holmes
- entrevista Nick Bailey
- entrevista Stand Google
- entrevista multishow
- Termine sua faculdade no exterior ou estude fora – Portugal, por exemplo, possui oportunidades muito boas para estudantes de universidades privadas no Brasil, e, ao contrário do que muitos pensam, é mais barato estudar lá do que aqui. Pesquise e informe-se!
- Pense em países diferentes – quem faz mais do mesmo não se destaca na carreira internacional.
- Tem cidadania estrangeira? Abra um negócio no exterior! Na Europa, é muito simples abrir sua própria empresa.
- Não tem cidadania, mas tem grana? Compre um imóvel no exterior – muitos países concedem a cidadania para quem é proprietário de imóveis no país.
- Não quer abrir seu negócio? Tente uma oportunidade em uma empresa multinacional – prepare-se para se destacar em processos seletivos.
Insights importantes de Ariane Feijó:
“O mundo é pequeno demais para ficarmos muito tempo em um mesmo lugar.”
“Não seja expectador da realidade dos outros. Construa o seu caminho, como você quiser.”
“Mude de país por opção – e não por falta de opção.”