A mesa redonda da noite de quarta-feira da RP Week #4 foi sobre Diversidade. Mas mais do que isso, foi o momento de fazer um exercício coletivo de empatia, “para o qual somos convocados enquanto cidadãos e profissionais de comunicação”, afirmou Ariane Feijó, Co-Fundadora da Todo Mundo Precisa de Um RP.
Ela conduziu a conversa sobre Diversidade, que contou com a participação de Patrícia Salvatori, coordenadora do curso de relações públicas da Faculdade Cásper Líbero, Marina Campos, estudante de moda do Senac de MG convidada para falar sobre a representatividade étnica e racismo, Raísa Martins, Fundadora do Coletivo Transformação e Marcelo Nonohay, da MGN Consultoria, que comandou também o workshop de Voluntariado Empresarial.
O propósito da conversa foi discutir como a comunicação pode contribuir para a abordagem da diversidade nas organizações e no comportamento do indivíduo.
Empatia como caminho para a diversidade.
Ariane abriu a discussão falando sobre empatia. “Diversidade não pode ser só uma palavra que está na mídia e que vai perder a força com o passar do tempo. Por exemplo, há algum tempo existia a sigla GLs e esta nomenclatura já caiu em desuso hoje porque nos descobrimos cada vez mais múltiplos enquanto seres humanos, cada vez mais diversos. E isso é maravilhoso”.
O que não é maravilhoso, no entanto, é o que a nossa falta de empatia gera. E, por isso, a diversidade tem que ser fortalecida a todo o momento. “Temos que falar quando não sentimos empatia no outro. E falar com empatia, sem acusar, diminuir ou excluir”, continuou ela.
Se somos profissionais da empatia, nós RPs – e profissionais de comunicação como um todo – temos uma enorme responsabilidade neste campo. O diálogo, a desconstrução de conceitos e o aprendizado sobre diversidade – étnica, de gênero, de sexualidade – para estarmos mais do que preparados para falar sobre empatia e aplicá-la junto às empresas, junto à mídia, junto às causas sociais.
Para Patrícia Salvatori, como relações públicas temos a obrigação de pensar na diversidade. “Precisamos pensar nesse fator desde o momento inicial, não podemos fazer nada de comunicação com qualquer tipo de preconceito. Quando falamos de diversidade, não dá para generalizar, cada um dos grupos minorizados tem características singulares. Como RP, a obrigação de ser empático é redobrada”.
LGBT+, representatividade étnica e direitos humanos.
Raísa Martins é fundadora do Coletivo Transformação, movimento que oferece ensino e cursos populares voltados para o público LGBT+ que possui pouco ou nenhum acesso ao ensino e mercado. “Todo mundo tem que estar comprometido em multiplicar a diversidade, em falar sobre. Quando eu digo e faço isso, eu me conecto de uma forma diferente com as pessoas. Uma coisa é opinião, e falar de diversidade e direitos humanos não é uma questão de opinião: você não tem o direito de não gostar de mim só porque sou homossexual. A diversidade é uma questão humana, mais do que profissional”, ressaltou em sua fala.
Marina Campos compartilhou com a platéia alguns exemplos de violência que já enfrentou devido ao preconceito. Mostrou como diferentes formas de ser ignorada e violentada pelo preconceito afetam na autoestima, confiança e crescimento de pessoas negras – principalmente quando elas pertencem a outras minorias. “A minha esperança é que a nova geração tenha mais representatividade. Para eu me aceitar como sou, precisei ser minha própria inspiração, pois não encontrei ninguém que me inspirasse a me aceitar”.
As iniciativas de diversidade estão partindo de pessoas que não aguentam mais não se ver, não serem representadas. Trabalhar a representatividade nas organizações, na mídia e na comunicação é muito importante para que a pessoa que não se encaixa no padrão branco-cisgênero-heterossexual se sinta representada, para que essa pessoa pare de se agredir e comece a se amar, a se aceitar, a se tornar protagonista da sua história e receber as mesmas oportunidades do que as pessoas com privilégios dispõem.
Andressa Lima, co-fundadora do Coletivo Afro Juventude Hamburguense, enviou sua percepção, bastante pertinente para complementar a discussão da mesa.
“Precisamos pensar que, se queremos começar a mudar o mundo, precisamos começar pelo lugar onde estamos. Eu acredito que podemos mudar realidades através do nosso trabalho, principalmente um trabalho que é capaz de mudar a vida das pessoas, como é o caso dos cursos da área da Comunicação. Como ouvi de uma professora uma vez, quem é mais capaz de influenciar o comportamento das pessoas: um médico com um bisturi na mão, ou um RP ou jornalista com papel e caneta em mãos?”.
Para Marcelo Nonohay, falar sobre diversidade é evolução, é evoluir como ser humano. “Empresas precisam pensar em políticas de ascensão para pessoas “cotistas”, para que elas desempenhem seus papéis sem qualquer tipo de preconceito”, complementou.
Que história queremos construir para o futuro – uma história em que sempre vamos pensar no que é bom e lucrativo para a nossa empresa, ou em uma história em que pensamos no que é melhor para o futuro das pessoas? Esse é o questionamento que precisamos começar a fazer para construir uma comunicação mais diversificada, sem violência ou diminuições do papel único de cada um na sociedade.
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