Este sábado, 04 de agosto, foi movimentado em Porto Alegre. Chegamos ao segundo dia de RPWeekend. Com uma programação de respeito, trouxemos para essa edição oito palestrantes que dividiram seus conhecimentos sobre o universo da influência digital.
Abrindo a sessão de Talks, PC Dias compilou os fundamentos para que as marcas possam se relacionar com creators de forma relevante para o público.
Através de algumas pesquisas foi possível visualizar as mudanças de consumo, por exemplo, 30% dos usuários usam adblocks (para bloquear propagandas), enquanto 74% acreditam nas recomendações feitas nas redes sociais.
Sendo assim, 81% das marcas aumentaram a produção de conteúdo com influenciadores nos 2 últimos anos. Porém, PC destaca que “o protagonista é o conteúdo e não a marca!’’ para o trabalho ser efetivo.
Ainda nesse sentido a Natália Blumberg ressaltou que formadores de opinião sempre existiram, no entanto esse lugar de fala costumava ficar a cargo de figuras públicas e atualmente qualquer pessoa que tenha em mãos um celular está apta a desempenhar tal papel.
Esse cenário vem se transformando, posto que as celebridades representam uma imagem distante, já os influenciadores são vistos como pessoas mais próximos dos seguidores.
As marcas estão atentas a esse movimento, uma vez que ‘’o consumidor hoje não faz nada sem pegar o celular e olhar no Google, isso é um exemplo de como a jornada do consumidor está mudando, o usuário passa por vários caminhos e os influenciadores fazem parte das opções encontradas, na tomada de decisão, antes de fechar a compra.
Na sequência, Fábio Bernardi apontou que as pessoas que viveram em outras décadas viram mudanças absurdas ao longo dos anos, a diferença que hoje enfrentamos é que nunca mais vamos ter mudanças lentas novamente.
Outro ponto de transformação é que “antigamente o foco das empresas estava no que elas faziam, agora o grande ativo de uma empresa é conhecer quem consome seus produtos (com quem estou falando e com quem eu influo). Para criar valor hoje é preciso estar próximo dessas pessoas’’.
Mas, se você pensa que só as marcas estão se preocupando com seu posicionamento nesse novo mercado está enganado. A Patrícia Carneiro falou sobre sua experiência com Me Brand, em outras palavras, o processo de construção de marcas de pessoas, como ocorreu no case Alice Salazar.
Então, me brand quer dizer o eu como marca. Quando uma pessoa transforma seu talento, conhecimento ou conteúdo em seu portfólio de negócios baseado em branding. Isso é o que nos torna desiguais num mundo cada vez mais igual.
Essa reconfiguração está aliada a dois marcos transformadores:
- Redes sociais: ampliação da influência a patamares globais permitindo impulsividade, conectividade e agilidade. Possibilitou a exposição de pessoas comuns numa escala nunca antes vista a ponto de se tornaram canais de mídia na pele de creators, influencers e personalidades do mundo digital que influenciam comportamentos e impulsionam marcas, produtos e serviços.
- Produtos e serviços: a prestação de serviços atual é inovadora, pois graças a internet que empresas menores e mais segmentadas criarem escalabilidade e transformarem radicalmente segmentos tradicionais.
Lidar com todo esse desenvolvimento tecnológico tem suas desvantagens. O Rodrigo Azevedo explicou que existem 3 noções preliminares, 3 crises digitais e 3 papéis comuns do advogado e do RP na gestão de crises.
Dentre as noções preliminares estão:
- A crise: evento de grandes proporções, pode ser inesperado ou previsível;
- Continuidade dos negócios: a retomada de operações causa o menor impacto possível preservando processos críticos;
- Resiliência: empresa resiliente é que tem excelência na gestão de crises;
Quanto às crises digitais, elas podem ser: ciberincidentes, vazamento de dados ou fake news. Esses percalços são resultado do panorama ao qual estamos imersos, porque todos têm acesso à informação e qualidade de dados, entretanto a reputação é cada vez mais volátil e a confiança do público frágil, as fake news são um exemplo disso. Dessa maneira, temos 3 papéis comuns na gestão de crise:
- O papel de bombeiro: responsável por garantir o mínimo de dano, sem afetar a confiança;
- O porta voz (indivíduo empatico, que faz a comunicação ser ágil e clara)
- O observador externo (figura que age em prol da prevenção de riscos);
Esses pontos devem ser observados em toda organização, mas não são os únicos. A Analisa Brum, foi além do digital em sua apresentação com seus métodos de lidar com públicos e afirmou: “estamos diante de um novo público interno”.
A geração X continua atuante no mercado, a geração Y está em cargos de liderança e a geração Z será 20% da força de trabalho, em 2020’’. Essa heterogeneidade complexificou as relações trabalhistas. Logo, a comunicação interna precisa de mais que motivação, para ser efetiva precisa de engajamento.
Analisa ainda reforça que ‘’endomarketing é marketing e ponto final’’ e tem de deixar de ser 5% do budget da empresa, já que seu trabalho vai além de brindes e comemorações de datas festivas, é um trabalho que cria experiências como foi demonstrado em alguns vídeos de campanhas internas da Happy House a fim de expor todas as possibilidades de ações em endomarketing.
Na reta final, Gabriel Carneiro trouxe um choque de realidade, comentando algumas incoerências na vida que buscamos e que expomos ao mundo. Segundo ele, estamos todos comprometidos com a mudança dos outros, sem olhar para quem queremos ser.
Gabriel critica as máximas de que ‘’você quer, você pode’’ e ‘’você tem que ser o melhor em todos os aspectos’’, pois esses incentivos acabam por frustrar as pessoas quando as mesmas não atingem seus objetivos.
Na mesma linha de humor que conduziu a talk, Gabriel pondera que existe um caminho e um destino, entre quem eu sou e quem eu quero ser, para chegar lá há um caminho a ser percorrido, mas as pessoas querem chegar ao destino sem caminhar.
Além disso, valorizamos a cultura do esforço, não do resultado. E sugere que um primeiro passo é começar a focar em coisas boas procurando fazer a mudança que você gostaria de ver.
Finalizando o dia de conteúdos, a Neka Machado trouxe um discurso profundo de reflexão, para a mesma ‘’nós não podemos mais deixar a vida passar sem significado’’. E deve-se iniciar priorizando a coletividade, “eu não posso ser uma excelente profissional sem ser um excelente ser humano’’. Porém, antes é preciso estamos bem internamente, seria impossível ajudar outras pessoas sem resolver conflitos pessoais.
Para Neka, no mercado é necessário se posicionar para fazer a diferença de forma sensível nos ambientes que habitamos, para ter influência é primordial ser referência. E não podemos esquecer que somos comunicadores, não silenciadores.
Por Sabrina Almeida