Com as aulas presenciais do ensino superior suspensas em todo o Brasil, os cursos de relações públicas estão divididos entre aqueles que estão mantendo suas atividades à distância e os que estão com seus calendários letivos 100% paralisados.
Para entender como os cursos de relações públicas têm compreendido este momento, quais iniciativas estão promovendo e as perspectivas que vislumbram para um futuro próximo, conversamos com professores de três instituições: Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), e Universidade Federal do Amazonas (UFAM).
O papel da academia
Conversamos com a Profa. Dra. Karla Maria Muller, diretora da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da UFRGS; o Prof. Dr. Israel de Jesus Rocha, coordenador do curso de relações públicas da UFAM; e a Profa. Dra. Paula Franceschelli de Aguiar Barros, coordenadora do curso de RP da FECAP.
Para os três, a academia cumpre um papel fundamental de construção e promoção do conhecimento através de suas pesquisas científicas.
São esses estudos realizados no âmbito acadêmico que fornecem subsídios e informações que ajudam as organizações a se posicionarem de forma assertiva e ajustarem suas comunicações frente às novas tendências de comportamento do público durante e pós-Covid, defende Paula.
Karla acrescenta a importância da responsabilidade social da academia que, acredita, está sendo exercido e amplamente reconhecido. Em suas palavras, “a academia está mostrando a que veio, e que é possível criar soluções em parceria com toda a sociedade.”
Na mesma linha, Israel pontua que a universidade exerce um papel ainda mais importante do que em tempos normais, seja através de pesquisas que guiam tomadas de decisões em todas as esferas, seja com ações práticas de uso dos seus espaços, profissionais, estudiosos e conhecimento no apoio ao enfrentamento da pandemia.
Como professores e cursos de RP podem contribuir neste momento?
Analisar cenários, estudar novos comportamentos, pensar comunicações direcionadas e assertivas para cada público, necessidade e momento, gerir crises, enfim, são inúmeras as habilidades de um relações-públicas que as instituições públicas e privadas precisam para tomar decisões embasadas e que deem resultados positivos. De fato, os professores e estudantes de relações públicas podem contribuir de muitas maneiras.
Na UFRGS, além das ações solidárias que a universidade tem se envolvido para ajudar a suprir necessidades básicas das comunidades do entorno, os cursos de comunicação se aliaram à Escola de Administração para promover assessorias, materiais informativos, entre outros auxílios às micro, pequenas e médias empresas.
Na FECAP, os alunos estão sendo estimulados a desenvolver trabalhos de comunicação para pequenos e médios negócios que foram impactados com a crise, além de se envolverem com projetos de iniciação científica. A agência experimental da faculdade também tem feito sua parte, atendendo organizações do terceiro setor e da comunidade alvarista.
Na UFAM, os professores de relações públicas têm ajudado as demais instâncias da universidade no apoio às estratégias de comunicação de risco e crise. Além disso, o curso está à disposição dos governantes e secretarias para colaborar no desafio de comunicar de forma clara e objetiva os impactos e formas de resolução dos problemas gerados a partir da pandemia.
Outras iniciativas e ações estão sendo adotadas pelas três instituições, como orientações, assessoramento, pesquisas, apoio ao estudante e promoção de videoconferências públicas para debater assuntos como o papel da comunicação organizacional nesse momento e possíveis alternativas para os problemas relacionados ao campo das relações públicas.
As perspectivas para os próximos meses
A indefinição é um consenso. Para as três regiões do País, as aulas presenciais ainda não têm uma data para serem retomadas.
Até a data de publicação deste texto, em 04 de junho, o semestre letivo da UFAM e UFRGS seguem suspensos, enquanto na FECAP as aulas acontecem através de plataformas digitais.
A UFAM e a FECAP, conforme relatam Israel e Paula, estão discutindo e preparando suas normas de higiene e segurança, mas compreendem que será um processo lento e cuidadoso. Já a UFRGS não tem comentado publicamente seus próximos passos, no aguardo de novos posicionamentos das autoridades de saúde.
Os próximos meses exigirão muita criatividade e trabalho em equipe, projeta Karla. “Nesse aspecto, as RPs sabem muito bem como lidar e como criar novos caminhos, tão essenciais para superar crises como a que vivemos”, complementa.
Para os três professores, deve-se valorizar neste momento a atividade de relações públicas e reforçar a sua responsabilidade de produzir conhecimento e orientar práticas organizacionais saudáveis, sustentáveis e de harmonia entre todos os públicos.