“O profissional de RP nunca foi tão imprescindível, isso porque tem três características essenciais para o momento: é flexível, tem conteúdo e sabe ler a sociedade.”
Foi assim que Kiki Moretti, fundadora e CEO do Grupo In Press, sintetizou a importância das relações públicas neste cenário de mudanças e incertezas que estamos vivenciando com a pandemia.
Em entrevista para o Blog RP, a primeira de uma série com gestores das maiores agências do País, Kiki falou sobre o processo de transição vivenciado em março e assuntos como reputação, legado, crises, comunicação interna, cultura, tecnologia, conteúdo e sociedade.
Confira como foi o bate-papo!
A virada para o home office
O Grupo In Press, holding de agências de relações públicas e serviços especializados, entrou 100% em trabalho já no início da quarentena, em março.
A transição tranquila no modelo de trabalho, conforme relata Kiki, se deu em especial pela recente experiência de mudança de sede, em que a equipe já havia experienciado ficar uma semana inteira fora do escritório, tempo necessário para efetivar a mudança.
Para Kiki, as pessoas se adaptam a tudo. Aliás, não faz muito tempo que a área de comunicação precisou se transformar rapidamente. Em 2007, muitas e significativas mudanças tecnológicas ocorreram: Iphone, Android e Gmail, por exemplo, foram divulgadas ao público nesse ano.
Com isso, o padrão vigente de alcançar o consumidor somente por intermédio da imprensa ficou obsoleto e a comunicação de mão-dupla, com diálogo direto entre marcas e seus públicos, passou a ser o novo padrão.
Em uma entrevista para a Luana Leão, aqui no Blog RP em 2017, Kiki falou exatamente sobre esse assunto. Para ler, é só clicar aqui.
Após o período de distanciamento social, na volta aos escritórios, a expectativa de Kiki é de que seremos, no geral, mais flexíveis e menos caretas. Para ela, a própria relação de confiança atinge outro patamar quando se percebe que “não precisa estar ali com a pessoa para saber que ela está trabalhando”. Esse é um dos legados que a dinâmica de home office deve proporcionar às empresas.
Para além da discussão sobre o retorno aos escritórios físicos, um assunto fundamental para abordarmos
Falando em legado
Kiki menciona a valorização que o trabalho de comunicação tem recebido neste momento e relata que as relações públicas foram alçadas a uma posição mais estratégica nas organizações.
O que as marcas vão deixar de legado durante e após a pandemia serão preponderantes para os seus futuros, tanto pela percepção do mercado quanto de seus consumidores, funcionários, enfim, todos os seus públicos.
É uma discussão urgente e genuinamente RP. A reputação da empresa é mais importante do que o que ela produz ou vende, todas precisam e devem se perguntar hoje como querem ser lembradas logo ali adiante, afirma Kiki.
As áreas mais requisitadas
A relação entre o atual papel das relações públicas e as transformações do mundo corporativo e de toda sociedade são complexas, profundas e impactam diversas áreas da profissão e da comunicação como um todo.
Mas três dessas áreas são destacadas por Kiki:
- Gestão de crises;
- Comunicação interna;
- Cultura organizacional.
Tantas turbulências inesperadas em um espaço de tempo tão curto evidenciaram a importância de se valorizar a criação de planos para gestão de crises.
A transição de operações físicas para o trabalho remoto criaram uma série de gargalos na comunicação interna, como dificuldades de interação entre equipes e usos de ferramentas.
E, na cultura organizacional, um desafio e tanto: migrar o clima e as vivências físicas para o digital é muito mais difícil do que migrar a operação, em boa parte das vezes.
O diferencial do RP
A personalidade flexível e adaptável, tão comum em profissionais de RP, é um diferencial importante para lidar com o atual momento. Mas Kiki vai além e destaca a capacidade desses profissionais em ter conteúdo de qualidade e saber ler cenários. Para ela, “tem que cada vez mais entender o que as pessoas querem, aguçar a sensibilidade.”
A tecnologia evidentemente desempenha um papel fundamental na conexão entre conteúdos, informações e pessoas. Porém, “o que faz a diferença é o quanto você consegue se conectar com as pessoas e se adaptar rapidamente às mudanças”, completa.
Todos esses diferenciais, somados à capacidade de entender o que está acontecendo e saber como apresentar o contexto aos executivos, colocam o relações-públicas em uma posição privilegiada. Para fechar, Kiki acredita que tudo isso faça com que você, RP, seja o profissional que todo mundo precisa.
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