Neste post de hoje procuro esclarecer mais um pouco sobre O QUE É e O QUE NÃO É Relações Públicas, E sobre o que nós, profissionais, fazemos e não fazemos nessa atividade que tantas vezes é confundida com outras e até mesmo incompreendida.
Fica o espaço via “comentários” para que todos possam fazer sugestões que poderão ser incluídas nas listas, ou para fazer suas perguntas a fim de esclarecer outras dúvidas que tenham.
Conto com vocês para desmistificarmos e conhecermos cada vez melhor as Relações Públicas.
O que NÃO É Relações Públicas
Hipocrisia, ilusionismo e falsidade
Acompanhante de executivos
Assistente de diretoria ou presidência
“Caçador” de clientes
Construtor de imagem
“Enfeite” de eventos
Operador de telemarketing
Promotor de festas
Recepcionista de luxo
Hipocrisia, ilusionismo e falsidade – as relações públicas não trabalham com a simulação da realidade, charlatanice ou mentira. Só é possível construir relacionamentos verdadeiros e duradouros se de acordo com os valores éticos e morais, diretrizes e filosofias reais sobre o qual se alicerçam as organizações.
Acompanhante de executivos – embora muitas vezes o profissional de relações públicas acompanhe ou assessore o alto escalão da empresa, sua função nesses casos é evitar conflitos, orientar o assessorado em relação a questões de cerimonial e protocolo, receber eventuais solicitações de entrevistas e organizá-las, entre outras atividades relativas a aparições públicas do assessorado.
Assistente de diretoria ou presidência – assistente é o auxiliar ou adjunto do diretor ou presidente, em uma área específica de conhecimento técnico ou das atividades gerais do assistido. Pode ser um secretário executivo, por exemplo, que tem conhecimento de todas as atividades do diretor ou presidente e organiza a sua agenda e toma as providências necessárias para que o superior possa realizar com maior agilidade suas funções.
“Caçador de clientes” – o profissional de relações públicas não é alguém que “pega clientes à unha” para divulgar produtos e serviços e convencê-lo a comprar. Muito pelo contrário, em relação aos clientes, que são apenas um dos muitos públicos de uma organização, o RP busca conhecer seu grau de satisfação em relação à organização, bem como captar e compreender suas necessidades e expectativas, de maneira a estabelecer com ele um relacionamento duradouro, muito além da simples aquisição de produtos ou serviços.
Construtor de Imagem – as Relações Públicas não “ constroem” imagens, até porque imagem é um produto da percepção dos diferentes públicos da organização, e a percepção dos públicos pode ser muito diferente da percepção do próprio profissional de RP ou dos demais membros da organização. De acordo com o grau de informação, da cultura individual e social, do nível intelectual e da educação formal, entre outros itens, os indivíduos e grupos sociais percebem uma mesma situação, organização ou pessoa de diferentes formas.
“Enfeite” de eventos – por mais que um profissional de relações públicas tenha boa aparência, vista-se bem, seja desenvolto e simpático, de forma alguma é apenas uma peça decorativa ou de atração de um evento. Para isso servem acessórios de decoração como faixas, flores, luzes, obras de arte, balões coloridos, etc.
Operador de telemarketing – o telemarketing é uma ação de marketing cujo principal propósito é prospectar clientes e vender produtos e serviços por meio de telefonemas. O profissional de relações públicas não desenvolve ações diretas de venda.
Promotor de festas – confraternizações, comemorações, congressos e outros tipos de eventos são instrumentos de comunicação com diferentes objetivos, desenvolvimento e planejamento que podem ser utilizados pelos profissionais de relações públicas desde que dentro de uma linha de raciocínio tático com a finalidade de atingir objetivos estratégicos.
Recepcionista de luxo – uma das atividades relativas às relações públicas é atender com atenção e cuidado todo e qualquer público que dirija-se à empresa, seja com o propósito de fazer reclamações, sugestões, ou qualquer outro objetivo. Entretanto, não é função de relações públicas atuar como um recepcionista ou telefonista, para isso existem profissionais específicos.
Vendedor ou representante de produtos e serviços – um profissional de relações públicas, como já dito anteriormente, não tem como uma de suas atividades fazer propaganda ou vender serviços ou produtos de uma organização. Tais atividades são ligadas à área comercial ou à de marketing, mas podem ser utilizadas como um canal de transmissão ou recepção de informações.
CONTATO DA EMPRESA COM OS CLIENTES – o profissional de relações públicas pode desempenhar, muitas vezes, atividades de relacionamento com públicos específicos, como é o caso da ouvidoria, por exemplo. Entretanto, o principal meio de contato de uma empresa com os clientes são os canais diretos de venda, além dos próprios empregados, vendedores, representantes, distribuidores, SACs, etc, cujo objetivo é, além de oferecer produtos e serviços e converter essa oferta em aquisição, fazer um bom atendimento e estabelecer um relacionamento positivo entre clientes e empresa.
O que É Relações Públicas
Análise de cenários e mercado
Autoconhecimento e verdade
Busca de resultados tangíveis
Equilíbrio de benefícios para a organização e a sociedade
Informação e comunicação adequada
Mapeamento de públicos
Pesquisa de necessidades e expectativas
Porta-voz empresarial
Realização de eventos estratégicos
Relacionamento
Análise de cenários e mercado – o profissional de relações públicas tem conhecimento e formação para realizar uma ampla análise de cenário e do mercado em que a organização está inserida. Essa é uma das primeiras etapas do trabalho de um RP, pois não é possível que seja desenvolvido um plano com previsão de resultados positivos se não houver o conhecimento prévio da real situação em que a empresa se encontra.
Autoconhecimento e verdade – o profissional de relações públicas promove o autoconhecimento da organização para que esta identifique suas verdades, seus valores, sua cultura, seus princípios e a partir disso estabeleça as diretrizes que balizarão os relacionamentos com todos os seus públicos de interesse.
Busca de resultados tangíveis – embora o profissional de relações públicas não tenha como objetivo direto a venda de produtos e serviços, esse é um objetivo indireto, mais propriamente, uma conseqüência do estabelecimento de relacionamentos duradouros e harmoniosos entre a organização e seus públicos. Dessa forma, as ações de relações públicas têm resultados mensuráveis e tangíveis, na medida em que o aumento das vendas, o retorno e a fidelização dos clientes, o aumento da produtividade e da qualidade do serviço dos funcionários, a valorização das ações da empresa no mercado e o fortalecimento da marca têm impacto direto no faturamento e no lucro da organização.
Equilíbrio de benefícios para a organização e a sociedade – um relações públicas tem sempre em mente que o sucesso da organização está diretamente ligado ao desenvolvimento socioeconômico do país e, portanto, gera impactos na sociedade. Dessa forma, as relações públicas trabalham para estabelecer e harmonizar relacionamentos que promovam o equilíbrio da satisfação tanto das organizações quanto da sociedade.
Informação e comunicação adequada – o trabalho de relações públicas tem como principal ferramenta de relacionamento a comunicação excelente entre a organização e seus públicos, ou seja, a transmissão clara das informações necessárias numa linguagem, instrumentos, meios e canais adequados às características de cada público. Uma mesma informação pode ser transmitida de diferentes formas, de acordo com cada público, para que seja recebida e compreendida com o máximo de facilidade e o mínimo de dúvidas.
Mapeamento de públicos – embora a maioria as pessoas pense que os públicos de uma organização resumem-se aos clientes e funcionários, na verdade eles são muitos além desses. Para conhecer todos os públicos que influenciam a empresa ou sofrem influência desta, é necessário que seja feito um mapeamento, de acordo com a área de atuação da empresa, área geográfica, interesses de negócio, jurisdição legal, entre muitos outros fatores.
Pesquisa de necessidades e expectativas – num relacionamento, seja da espécie que for, existem necessidades e expectativas de todas as partes envolvidas. É papel do relações públicas buscá-las, conhecê-las e interpretá-las, tanto de cada público quanto da própria organização, para que possa compreender o cenário e promover o equilíbrio da satisfação de todos.
Porta-voz empresarial – o profissional de relações públicas tem preparo para ser o porta-voz oficial de uma organização quando esta não dispõe de um representante do alto escalão preparado para sê-lo. Entretanto, o relações públicas procura sempre capacitar os líderes da organização para que eles mesmos desempenhem esse papel.
Realização de eventos estratégicos – de acordo com os objetivos estratégicos de relacionamento e comunicação, o relações públicas planeja e coordena eventos corporativos de diferentes portes e com diferentes públicos.
Relacionamento – é a palavra-chave que orienta o trabalho de relações públicas. Com base em conhecimentos da área da psicologia social e da sociologia, entre outras disciplinas, o relações públicas sabe que “tudo é feito por pessoas e para pessoas” e que, desta forma, nada é possível se não for estabelecido um relacionamento positivo entre as partes envolvidas para que os interesses entre as partes sejam alcançados satisfatoriamente.
- Como um maestro e sua orquestra, o RP orienta e conduz a comunicação de uma organização.
GESTOR ESTRATÉGICO DA COMUNICAÇÃO – O profissional de relações públicas levanta informações, analisa-as e interpreta-as, e a partir desse conhecimento desenvolve planos estratégicos de comunicação únicos, customizados, para cada tipo de organização. Assim como as pessoas são diferentes entre si, as empresas também têm personalidades próprias, bem como histórias, percursos, experiências e objetivos diferentes. Não existe, portanto, uma receita pronta de comunicação e relacionamento que possa ser aplicada a todos ou vários tipos de organizações. O profissional de relações públicas tem conhecimento teórico e prático para desenvolver planos sob medida para as empresas, o que o torna um gestor competente e especializado da comunicação estratégica de uma organização.
No próximo post, As Relações Públicas em 3 níveis, saiba quais são os níveis de atuação das Relações Públicas.
Perfeitas suas considerações, Ana. Só fico sempre me perguntando como fazer com que um jovem entre 17-20 anos (média de entrada num curso de graduação) consiga aprender, apreender, internalizar e exercitar tudo isto. É por isto que há uma corrente que defende Relações Públicas como pós-graduação.
É verdade Cogo. Leva a vida para aprender e entender o que faz RP. Cada dia descubro uma coisa nova e uma forma nova de desenvolver a atividade.
De uma maneira geral, Rodrigo, todos os jovens iniciam cursos superiores muito jovens. Assim como RP só "entendemos" na sua amplitude de contexto e de impacto depois de um bom tempo de estrada, o mesmo acontece em grande parte dos demais cursos superiores, como Medicina, Administração, Psicologia, Economia, Contabilidade e por aí adiante…
Eu entrei na faculdade já aos 21 anos de idade, minha primeira filha tinha um aninho e eu trabalhava 8 horas por dia para ajudar a sustentá-la e ao curso, que na PUC/RS da época equivalia a mais um filho (imagino que atualmente equivalha a dois filhos!). Em função disso, creio que eu já tinha uma certa maturidade para entender melhor as RP, bem como podia observar o que acontecia na empresa e fazer comparações com o que via na faculdade.
Realmente, talvez RP devesse ser uma pós-graduação. Ou o ensino superior no Brasil devesse ser revisto, de maneira que houvesse etapas com respectivas habilitações para cada nível finalizado. Isso, inclusive, poderia amenizar bastante a questão da qualificação e preparo profissionais no país, e até facilitaria o enquadramento dos profissionais nas empresas (cargo/função/faixa salarial).
Com um bom vinho, uma tábua de frios e um lugar aconchegante esse assunto pode render bastante! Aliás, com um bom chimarrão e uns acepipes, também! 🙂
Um abraço.
Texto excelente. Só gostaria de fazer um adendo ao Mapeamento de Públicos, o tão chamado hoje de Mapeamento de Stakeholders. Uma das nossa funções é não só mapear todos os públicos de interesse para empresa e os quais ela mantém um relacionamento, mas também mapear todos os seus opositores para que, em uma possível crise da empresa, os nossos clientes possam ter esses opositores ao seu lado.
Olá Renato, muito legal te ver por aqui!
Sim, é exatamente isto, bem como colocou a ana ao dizer de públicos que \”influenciam ou são influenciados\”. Tem que ver todo mundo, separar os que interessam e trabalhar quem deve 😉
Abraços
Pedro Prochno
@prochno
blogrp.todomundorp.com.br
🙂
Pois é, Renato! O mapeamento de públicos precisa ser bem feito e considerar todos os públicos da organização. Há níveis e áreas diferentes de interesse que precisam ser bem identificadas, e certamente não são apenas os mais óbvios e diretos.
E quanto antes tivermos políticas e estratégias específicas de relacionamento com todos esses públicos, de acordo com as características de cada um, mais cedo e com maior facilidade as crises poderão ser inclusive evitadas. É o que eu chamo de criar "relacionamentos sustentáveis", cuja manutenção é a maior garantia de suporte que uma empresa pode ter, não só nos dias felizes, mas também em épocas de vacas magras.
Um abraço.
Gostei do txt Ana pena que aqui em Belém precisamos de um campo melhor para trabalho eu e mais alguns colegas estamos tentando nos encontrar pois o que apredemos na faculdade não dá para enfrentar ainda o mercado. quero contar com sua ajuda um abraço.
Realmente, Vicente, não só no Pará e em outros estados a situação complica para os relações públicas, mas também nas cidades menores mais afastadas da capital aqui mesmo em São Paulo.
Infelizmente, o conhecimento e conscientização das empresas só ocorre na medida em que elas crescem e têm maior relacionamento com outras empresas com bem mais tempo de existência e experiência.
Mas continuamos na luta, não é? 🙂 E é claro que podem contar comigo. Se quiser entrar em contato privadamente, envie-me um e-mail (ana . manssour at prorp . com . br) ou localize-me nas redes sociais (www.meadiciona/anamanssour).
Um grande abraço.
Olá Ana, não sei se será válida minha observação, na verdade minha dúvida.
Ainda estou a universidade e já tive que, inúmeras vezes, tentar explicar ou definir o que faz o profissional de Relações Públicas. Em minhas explicações sempre incluí o apoio para a "construção de uma boa imagem institucional", desde que as práticas empresariais também fossem boas.
Paralela a questão há outro problema: a dificuldade da vender os serviços dos relações-públicas. Sabemos que já é comum em grandes instituições a atuação do profissional, mas essa realidade é diferente em médias e pequenas empresas.
Sendo assim, como profissionais de Relações Públicas, que usam o argumento da construção de boa imagem (argumento que tem mais fácil entendimento por parte de empresários) podem propor este mesmo serviço sem parecermos "construtores de imagem"?
Ivan,
antes de qualquer outra coisa, desculpas pela demora em responder… Ando submersa! rsrsrs
Olha, pessoalmente, não gosto dessa visão de "construtor de imagem", até porque penso que imagem é uma coisa realmente passageira, que "envelhece" com o tempo, assim como nossos próprios rostos e corpos. Esse, inclusive, é um argumento bom de usar na hora de vender nosso trabalho. "A primeira impressão é a que fica", sim, no começo. Mas depois, ainda mais em tempos de Internet onde podemos buscar informações remotas a qualquer momento, se a empresa não tiver uma boa reputação, não tem imagem que a mantenha em boa situação no mercado e perante os públicos.
E como se cuida da reputação? (Mais argumentos de venda!) Ajudando a empresa a repensar a si mesma, revendo seus valores, missão e visão, definindo ou descrevendo suas filosofia e políticas de comunicação e relacionamento, mapeando e identificando corretamente todos os públicos de influência e criando estratégia, táticas e ações que cuidarão para que a organização crie laços verdadeiros com os públicos, mantendo assim um relacionamento de longo prazo em que ambos se apoiam mutuamente.
O que a empresa ganha com isso (Mais argumentos de venda!) Funcionários satisfeitos que produzem mais e melhor, clientes que permanecem ao lado da empresa, consumindo, trazendo mais clientes, fazendo divulgação gratuita nas redes sociais e no boca-a-boca, ou seja: aumento de faturamento e aumento de lucratividade. Não é um caminho curto nem uma reta absoluta, mas traz resultados tangíveis e que não se restringem a um período de promoção ou propaganda para o caixa da empresa.
Eu compraria! 🙂
Eu também! rsrssr
Olá Ana, gostei muito do seu texto e dei boas risadas no que não é RP, fico indignada quando escuto esses e outros conceitos totalmente fora de questão ao que diz respeito a profissão. Mas outro dia li um texto que falava justamente sobre isso (Sua profissão não é compreendida? Se você não explicar, não vão entender).
Vejo seu texto e as inúmeras vezes que paramos para explicar o que é RP, umas das formas de evidenciar a profissão. Gostei bastante dos comentários relacionados ao texto, sempre é bom saber a visão dos demais colegas de profissão e suas contribuições.
Em relação ao mercado, este está escasso no Pará no Amapá (minha cidade) e em tantas outras, nos cabe como profissionais mostrar nosso potencial e mudar esse cenário, vejo que já temos grandes progressos, muitas oportunidades surgindo e boas oportunidades estamos criando, o mercado busca o profissional cada vez mais completo mais experiente e mais proativo, não acompanhar essa demanda é ficar fora dessa acirrada competição.
Relações públicas já saiu de uma matéria para virar graduação, já existe pós – graduação e quanto mais nos envolvemos, aprendemos e executamos, vemos o mundo de coisas que ainda podemos aprender e por em prática.
Parabéns pelo texto e por ajudar na identificação desse profissional tão necessário.
Saudações Cara Ana Manssour,
esse é o segundo artigo seu que leio, e eu estou profundamente agradecido e impressionado por ele.
Impressionado pela clareza e precisão da mensagem, e agradecido pela profunda revolução na imagem que eu fazia do que era um Relações Públicas, qual sua área de atuação, e como se dá essa atuação.
Uma coisa que me tocou especialmente, é quando você diz que um RP não é um "Construtor de Imagens", e, no diálogo com um colega seu mais abaixo, você diz que percebe imagem como algo passageiro, que o que garante o sucesso de uma empresa é sua reputação, parafraseando vossa dignidade:
"Mas depois, ainda mais em tempos de Internet onde podemos buscar informações remotas a qualquer momento, se a empresa não tiver uma boa reputação, não tem imagem que a mantenha em boa situação no mercado e perante os públicos. "
Aqui, minha indagação é filosófica, e sempre com a intenção de chegar à uma conclusão que nos permita a ambos enxergar a vida de forma mais rica e profunda, sem a pretensão de estar "certo".
No caso, Imagem e Reputação são sinônimos, pois, ao meu ver, não é a Reputação somente uma Imagem construida e sustentada por uma determinada extensão de tempo, na consciência de determinados indivíduos?
Ao meu ver, que é limitado, um RP é realmente um construtor de Imagens, essas podendo ser tanto de curto quanto de longo prazos, a Reputação sendo somente uma imagem construida sobre princípios mais sólidos, não necessariamente éticos, o que permite que ela se prolongue no tempo.
Por exemplo, para substanciar meu argumento, eu coloco em pauta o caso do novo Chefe de Estado da Índia, Narendra Modi, que contratou a suposta maior empresa de RP do planeta, a APCO Worldwide, para que ela o auxiliasse a passar uma imagem de confiança, uma vez que ele já cometeu violações graves contra os direitos humanos em um outro mandato seu, como dirigente de um estado da índia, para ele se canditar a Primeiro Ministro da Ìndia. As provas do crime dele são públicas, a reputação dele como nacionalista e islamofóbico também, ele defende abertamente a expulsão de certas minorias, e fez vista grossa para pequenas ações de extermínio das mesmas em seu mandato. Tudo isso é fato conhecido e comprovado, e, no entanto, ele, de fato, construiu uma imagem de que é um líder confiável e responsável, comprometido com os "direitos humanos", e que é a esperança de uma nova Índia.
Isto posto, não é esta a prova patente de que um RP é um construtor de imanges?
Todas as informações sobre o que falei podem ser verificadas nesse blog:
http://greatgameindia.com/mechanics-of-narendra-m…
A APCO Worlwide é tão boa que ela é empregada pelos únicos ditadores ainda é função no planeta, como o do Azerbaijão, algo que é narrado na reportagem acima, para projetar uma imagem de confiabilidade perante o congresso e os investidores americanos.
Não seria isso uma segunda prova de que, de fato, um RP é também, um construtor de imagens?
Eu digo construtor porquê os fatos, em ambos os contextos, vão gritantemente contra as imagens sendo projetadas, e, no entanto, as pessoas que foram mais afetadas pelas operações de RP agiram baseadas na imagem construida dos clientes da APCO, não nos fatos mundialmente conhecidos de que eles são assassinos em massa e violadores de seres humanos.
Após tudo isso amiga, e com todo meu respeito perante uma profissonal experiente e respeitada como você, se não é realmente possível dizermos que as RP envolvem sim, em contextos ESPECÍFICOS e circunscritos, a construção artesanalmente arquitetada de imagem?
( esse é o finalzinho que não coube no comentário anterior =) )
Inclusive, o próprio Edward Barneys, considerado um dos Pais das RPs modernas, disse, em seu livro "Propaganda":
"The conscious and intelligent manipulation of the organized habits and opinions of the masses is an important element in democratic society. Those who manipulate this unseen mechanism of society constitute an invisible government which is the true ruling power of our country. …We are governed, our minds are molded, our tastes formed, our ideas suggested, largely by men we have never heard of. This is a logical result of the way in which our democratic society is organized. Vast numbers of human beings must cooperate in this manner if they are to live together as a smoothly functioning society. …In almost every act of our daily lives, whether in the sphere of politics or business, in our social conduct or our ethical thinking, we are dominated by the relatively small number of persons…who understand the mental processes and social patterns of the masses. It is they who pull the wires which control the public mind."
Aqui eu não faço juizo de valor sobre a moralidade, ou o mérito ético das palavras dele, somente uma análise técnica mesmo, embora uma posição ética sua sobre isso também seja profundamente bem vinda e valorizada por mim, que estou entrando agora nesse mundo, e que preciso de referências sólidas para não me perder nas ambiguidades inerentes à uma atividade que trabalha com a percepção humana da realidade, em escala individual e coletiva.
Bem, era "só isso" hehehehe!
Estou encantando com seu modo de escrever, a gentileza e a delicadeza com que você respondeu outros leitores me tocaram tão fundo que não pude evitar escrever também.
Um forte abraço e que Deus te abençoe infinitamente mais do que à mim mesmo!
Georges,
que delícia ver que ainda existem jovens (creio que és um jovem…) que escrevem tão bem! Teu texto é um verdadeiro deleite e praticamente irretocável. Parabéns!
Quanto às tuas colocações, vou tentar te explicar mais ou menos como eu fazia em sala de aula: comparando organizações com pessoas. Afinal, eu sempre disse, e continuo dizendo, que "empresas são feitas por pessoas, de pessoas e para pessoas", e portanto, guardadas as proporções, agem e reagem como pessoas.
Veja se este exemplo pode ajudar a entenderes o meu ponto de vista.
Tomemos uma mulher em torno dos seus 55 anos, digamos, Mirna, cujo corpo e rosto não têm mais o viço e a firmeza dos 20 anos, e em que roupas, maquiagem, cortes de cabelo e tintura (imagem) não mais lhe agradam ou, pior, não mais atendem às exigências da sociedade (públicos/stakeholders) em termos de adequação aos padrões de beleza e estética vigentes (modismos, paradigmas).
Eis que, para sentir-se melhor aceita nesse meio, entre aqueles que são importantes para a sua sobrevivência (sucesso empresarial), ela resolve fazer uma série de intervenções estéticas, tratamentos e cirurgias (mudança de logotipo, reposicionamento de marca, identidade empresarial), porém não vê razões para fazer uma autoavaliação nem ouvir as críticas das pessoas com quem se relaciona, fazer uma reavaliação de vida, redefinição de valores e objetivos pessoais (diagnóstico empresarial, reestruturação interna).
Quando reaparece visualmente renovada (lançamento da nova fase), causa grande impacto entre amigos, familiares e colegas de trabalho (públicos), que ficam bem impressionados e até entusiasmados para, quem sabe, fazerem algo similar (benchmarking). Porém, passado o momento inicial, logo essas pessoas começam a se dar conta que Mirna só mudou por fora, e continua sendo fofoqueira, invejosa, egoísta, mesquinha, e, ainda por cima, mentirosa (histórico de atitudes, reputação).
Ou seja, de nada adiantou Mirna “construir” ou “reconstruir” sua imagem, se a mudança não aconteceu de dentro para fora, se a maneira de pensar, ser e agir dela não evoluíram para melhor. Até porque, essa imagem física e estética de Mirna vai continuar sofrendo a ação do tempo, envelhecendo, e, na melhor das hipóteses, aos 75 anos ela vai estar aparentando 65…
Porém, se ela tiver se mantido sempre aprendendo, autoavaliando-se buscando amenizar e até eliminar seus “defeitos” (fraquezas), procurando ser sempre alguém melhor, eventualmente ela nem teria precisado fazer as intervenções estéticas e sua “imagem”, em vez de velha, poderia ser um exemplo de superação do tempo pela dignidade pessoal, lucidez e espírito jovem (credibilidade de marca).
Moral da historinha: em última análise, o trabalho de RP procura, justamente, trabalhar com essa parte menos “física” e mais “mental” das organizações. Pode-se até fazer as duas coisas, mas sempre uma relacionada à outra, porque mais cedo ou mais tarde, quando passar a admiração inicial pela mudança externa, o que realmente importa e tem valor vai voltar a aparecer. E se não for condizente com a imagem, a casa vai cair.
Obrigada pela oportunidade da parábola, Georges. Espero que aproves. 🙂
Um abraço.