A tentativa de resposta desta questão vai ser o tema recorrente deste espaço. Vejo que, como comunicadores, só poderemos tentar entender e atender a complexidade das relações humanas se agregarmos inteligências adicionais de outros campos do conhecimento – Filosofia, Antropologia, Sociologia, Biologia, Matemática, História. O olhar excessivamente midiático e instrumental dos cursos de graduação em Comunicação Social fica atrasado diante das novas demandas do mundo, ou relega os recém graduados ao enfoque operacional de orquestrador de canais (intranet, mural, boletim, revista, reunião, caixa de sugestões, jornal, e-mail…). Meu mestrado na ECA-USP, como pesquisador credenciado no CNPq, me levou para a análise das interfaces com história e memória.
A aceleração do tempo e a preocupação com a perda de sentido do passado têm levado as sociedades contemporâneas a demonstrar grande interesse em recuperar a memória. Tantos “finais de mundo” anunciados desde 2000, aliados a este momento de passagem que é a pós-modernidade, enfatizariam a perda da memória e da referencialidade histórica, ficando um vazio de sentido. É deste enredo que vem o desejo de viver só no presente, uma das características atribuídas à tal geração Y. Seria uma espécie de entorpecimento e de insensibilidade de um falso presente, que parece prescindir de passado ou de muitos planos de futuro. É preciso questionar se, na lógica de ansiedade e do excesso, estamos realmente envolvidos em processos de comunicação.
Os momentos de quebra acabam levando as atenções para a memória, e ela funciona como recomposição da relação passado/presente, até como estratégia de sobrevivência emocional. Seria como uma âncora. Como tudo na vida não pode ter a duração efêmera de uma notícia – como por vezes o trabalho diário dos comunicadores parece levar a crer -, entende-se o motivo da busca constante pelas origens familiares e institucionais, o que se torna uma espécie de contrapartida de um processo de globalização que tende a fragilizar tradições locais e laços interpessoais. As iniciativas para recuperar e divulgar memórias, através de livros, exposições e criação de centros de memória, têm como objetivo reelaborar identidades, apresentar uma determinada visão sobre os fatos e reforçar a imagem pública de grupos ou personagens. No mundo da mercadologia, acaba sendo um fator diferencial.
Este é o nosso ponto: cresce cada vez mais a gestão e uso da memória, com preservação eficaz das marcas, desenvolvimento em escala internacional, nacional, regional e local das políticas de patrimônio e hegemonia da memória entendida como um valor. Estudar o lugar do passado no imaginário contemporâneo e as mudanças de percepção de tempo e espaço é uma proposta instigante, difícil e necessária.
Você, profissional da área, acha que isto tem algum sentido na sua organização? Você, estudante da área, enxerga possibilidade de que este raciocínio possa ser importante pras suas análises de carreira? E você, visitante do blog, entende que pensar sobre este tema é relevante pra se situar melhor no mundo? Vamos aos comentários.
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Rodrigo,
Parabéns pelo texto! Um belo caminho para os comunicadores pensarem seus trabalhos.
Abraços,
@alexandre_amc
Muito bem produzido o texto. De fato, devemos levar em consideração não apenas o abstrato da comunicação, mas sim, todas suas nuâncias e vertentes, ou seja, trabalhando sempre pautado na interdisciplinalidade. Parabéns
Olá Rodrigo! parabéns pelo texto e o posicionamento da comunicação moderna como uma continuidade de história…Eu, como recém-formada me interesso, e muito, pela pesquisa e os estudos do conhecimento, como você mesmo diz. Poderia me informar como começou no mestrado na USP? Gostaria de iniciar meu mestrado lá, também! Obrigada e sucesso!