O espelho, ou o olhar para si mesmo, é uma ferramenta de autoconhecimento importantíssima tanto na vida pessoal quanto profissional e também na organizacional. Mesmo quando acredita que “está pronta”, na verdade a empresa – assim como as pessoas – apenas concluiu uma etapa, porque ninguém é hoje o que era ontem nem o que será amanhã.
Numa organização tudo está acontecendo o tempo todo. Pessoas vão embora, novos colaboradores se apresentam, a empresa ganha um prêmio, suas ações caem na bolsa, realizam bons negócios, perdem grandes clientes, mudam de sede, vendem uma planta industrial, fundem-se com outra empresa, entram em processo sucessório… E enquanto tudo acontece e não há momentos de reflexão, é comum a espiada no espelho trazer uma imagem muitas vezes distorcida e diferente da realidade.
Entretanto, de alguma forma, é preciso que se encontre tempo e disposição pra o aprendizado, para crescer em conhecimento e expertise. É claro que em parte isso acontece por osmose, empiricamente. Porém, assim como a teoria não é suficiente em si mesma, o conhecimento prático, sozinho, não constrói um verdadeiro aprendizado nem leva ao autoconhecimento real.
As Relações Públicas, por exemplo, são multifacetadas e o arsenal de informações que processam para desenvolver relacionamentos e gerir a comunicação perpassam por um número quase ilimitado de disciplinas e de áreas do conhecimento. Lembro que, durante o mestrado, me penalizei por anteriormente não ter dado mais atenção às disciplinas de sociologia e psicologia social durante a graduação. Verdade seja dita, naquela época, trabalhando, estudando e atendendo a casa e filhos, não teria tido tempo suficiente para isso, mas passei, então, a resgatar o tempo e o aprendizado perdidos – o que procuro fazer até hoje. E somente quando comecei a lecionar planejamento na universidade é que tomei consciência do papel fundamental que o curso de programação em Cobol, que fiz ainda muito jovem, teve no desenvolvimento do meu raciocínio lógico e na capacidade de ter visão sistêmica dos processos.
Ainda que a minha trajetória não tenha maior importância, creio que exemplifica em parte o quanto as Relações Públicas são complexas e, em que pese a correria e excesso de atividades do dia-a-dia, o tanto que é necessário nos mantermos estudando mesmo após a graduação e pós-graduação. O difícil é reconhecer, sejamos pessoas ou empresas, que não estamos prontos, finalizados, nem nunca estaremos.
Se ao invés de perguntarmos se “há alguém mais belo do que eu” questionarmos “quais as minhas lacunas, o que ainda preciso aprender, qual o valor da minha formação atual”, estaremos muito mais perto de nos tornarmos empresas e pessoas que iremos além de sobreviver: nos tornaremos realizadores. Isso é o que toda a organização que visa o sucesso quer, isso é o que você quer, queremos fazer acontecer, deixar nossa marca, não passarmos despercebidos pela vida.
Fazer e ser história, ainda que seja apenas dentro do círculo em que atua, esta é a missão das organizações e das pessoas que têm valores e princípios bem construídos. Ajudá-los nesse caminho, cultivar sua reputação e registrar os fatos para manter a memória é também função das Relações Públicas.
Comments 1