Não é interessante? Estamos vivendo o século 21, que para os adultos de hoje era visto como uma referência de um futuro tecnológico em que poucas coisas ruins poderiam ocorrer e em que nossas vidas pessoais e profissionais estariam muito próximas da perfeição, num estilo “os Jetsons”.
De certa forma, sim, muito do sonho se realizou. Temos hoje equipamentos que permitem a comunicação a distância de qualquer parte do mundo, podemos nos telefonar vendo simultaneamente o rosto do interlocutor. Temos televisões tão finas que parecem quadros de parede e dispensam um móvel para apoiá-las, os fornos de micro-ondas têm botões que em vez de números mostram os nomes dos alimentos a serem cozidos ou aquecidos. Há prédios altíssimos com formatos futuristas e videoconferências de trabalho.
Entretanto, nas empresas, um dos problemas mais comuns ainda é a dificuldade de estabelecer relações satisfatórias mútuas entre subordinados e superiores. Atrair e, principalmente, reter talentos é difícil, apesar de todos os benefícios financeiros, físicos e materiais oferecidos pelas companhias. A internacionalização dos negócios e das organizações, apesar de ter ampliado o alcance logístico, as oportunidades de ganhos e de crescimento profissional, tem trazido choques culturais inesperados.
Por mais que estejamos globalizados, que o inglês tenha se tornado a língua comum no mundo dos negócios, que lugar algum hoje seja virtualmente inalcançável e pessoa alguma possa não se comunicar, persiste grande resistência para superar as diferenças culturais – especialmente entre pessoas cujos países ficam em diferentes hemisférios ou são de origens contrastantes, como anglo-saxões, asiáticos, latinos, africanos –, para aceitar que há vantagens na diversidade, para ceder espaço e assimilar concepções distintas.
Tenho observado, por exemplo, que há questões de comunicação interna muito sérias para serem trabalhadas em empresas de origem chinesa, japonesa, alemã que vêm estabelecer escritórios ou filiais no Brasil ou que se instalam na Índia. O staff chega nos “novos” locais trazendo a cultura do seu país, os valores, modelos administrativos e de gestão de pessoas que fizeram suas organizações crescerem e se destacarem. Os empregados nativos querem trabalhar nas empresas fortes, que têm boa reputação e oferecem boa remuneração, mas sofrem com a rigidez das normas e práticas. Forma-se então o impasse: empresas com resultados bem abaixo do planejado versus empregados insatisfeitos, desmotivados e infelizes que produzem cada vez menos e com menor qualidade. Uma batalha em que todos saem perdendo.
Mas esse é justamente o tipo de situação em que, depois de se dar conta que dar murro em ponta de faca não resolve, finalmente os responsáveis – quase sempre o RH e algumas vezes os membros da diretoria – dão o braço a torcer e usam o telefone vermelho. Eis que uma equipe de relações públicas vem estudar, analisar e diagnosticar o caso e oferecer um trabalho de comunicação interna (geralmente de médio a longo prazo quando se trata que questões culturais mais profundas) para promover a compreensão e o aprendizado mútuos e ajudar a criar o espaço de interação e integração que permitirá gerar um relacionamento saudável e sustentável para a satisfação de todos.
Por incrível que pareça, eis aí algo que eu, no “século passado”, não imaginava: que a comunicação interna se estenderia pelo terceiro milênio como uma atividade tão ou mais importante do que já se havia provado após a revolução industrial e as lutas sindicais.
É claro que hoje há questões diversas daquelas, porém, o objetivo principal continua sendo o mesmo: fazer com que as pessoas – que em última análise são a matéria-prima das organizações – relacionem-se da melhor maneira possível e atinjam uma qualidade de vida, sucesso profissional e organizacional cada vez melhores, aproximando-nos da realização dos sonhos de uma “vida de Jetsons”.
Ana, vc toca num ponto crucial para todos nós: as diferenças culturais dentro das empresas. Que luta essa nossa para fazer entender que as relações humanas são o fator mais importante no relacionamento. No próprio seriado dos Jetsons ficam evidentes o avanço tecnológico e as relações humanas entre eles. Muito legal essa sua associação. Gostei. É por isso que cada vez te admiro mais. Parabéns. Abraço