Pesquisadores têm apontado que da Era Industrial passamos para a Era da Informação ou do Conhecimento, com toda uma avalanche de alterações comportamentais, econômicas e sociais. E há outros que complementam: na verdade, estaríamos agora na Era Conceitual. Para estes, o futuro pertence a um tipo muito diferente de pessoa, cuja mente é totalmente diversa – criadores em geral, pessoas empáticas, leitores de padrões, contadores de histórias.
A ideia central é que deixaríamos de ser uma economia e uma sociedade baseadas nas faculdades lógicas, lineares, frias e objetivas, indo para uma sociedade baseada nas faculdades criativas e sistêmicas. Antes, o profissional de ótima formação capaz de processar informações e de oferecer alto grau de especialização era suficiente. Hoje não é mais: a abundância de bens materiais, a globalização e as tecnologias impactaram as profissões, inclusive aquelas de natureza intelectual. Agora, estamos nos encaminhando para uma nova forma de pensar e ver a vida, que valoriza outras aptidões. E isto é difícil compreender e aplicar, como em todo início de processo.
Daniel Pink, autor do excelente “O cérebro do futuro”, dá dois indicadores. O High Concept seria a capacidade de enxergar padrões e oportunidades, de criar beleza artística e emocional, de compor uma narrativa envolvente e de combinar ideias aparentemente não relacionadas para criar algo inédito. E High Touch seria a capacidade de estabelecer empatia com o semelhante, de compreender as sutilezas das interações humanas, de encontrar alegria íntima e suscitá-la nos outros, de ir além do superficial em busca de sentido e propósito.
Basicamente, o raciocínio envolve a própria divisão de nosso cérebro em dois hemisférios. O hemisfério esquerdo é sequencial, lógico e analítico; já o direito é não-linear, intuitivo e holístico – e não se trata aqui de reforçar diferenças caricaturizadas, até porque se sabe que eles operam de maneira complementar. De todo modo, as competências valorizadas desta era que, na visão dele, está terminando, são necessárias mas não suficientes. Chegou a vez da inventividade, da alegria, do sentido da vida, que determinarão ascensão ou queda, seja para pessoas individualmente e para suas famílias, seja para organizações, como empresas e universidades. A obra “Inteligência Emocional” de Daniel Goleman justamente defendeu, com ênfase a partir da primeira metade dos anos 2000, que as faculdades emocionais são ainda mais importantes que as racionais tradicionais. Resta saber se estamos preparados para isto.
É nesta tarefa que me envolvi no Mestrado em Ciências da Comunicação na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Minha visão é que as narrativas pessoais são agora mais relevantes num tempo em que mais pessoas têm maior vontade e liberdade para buscar uma compreensão mais profunda acerca de si mesmas e de seu objetivo de vida, saindo do automatismo que o capitalismo típico e a velocidade da existência vêm tentando impor. Nesta linha que está em andamento um concurso de documentários da Fundação CSN – o “Histórias que Ficam”, especialmente no tema da memória (abaixo você pode assistir uma das histórias, e pensar sobre o que significa conectividade emotiva, atratividade de discurso e conteúdo reflexivo – tudo isto sem ser chato).
Ah, A Era Conceitual…
Gosto bastante do Daniel Pink. Genial como ele transforma conceitos profundos numa história intrigante no mangá Johnny Bunko.
Abraços
Excelente texto. Parabéns. Também sou admirador e leitor do Daniel Pink. Não deixe de ver o vídeo dele chamado "The Candle Problem". É espetacular !!!
Abcssss. Mauro Segura. http://www.aquintaonda.blogspot.com
Obrigado pelas dicas de continuidade de leitura/visualização de conteúdos do Daniel Pink, Fernando e Mauro. Temos que enveredar por este caminho de uma nova leitura sobre as relações entre pessoas. Valeu pelo contato.
Valeu, Mauro e Fernando, tanto pela visita quanto pelos comentários com dicas de novos conteúdos sobre o Pink. É preciso pensar nesta nova visão sobre as relações entre as pessoas.