A área de comunicação no Brasil padece de organização, estruturação e profissionalismo em diversos aspectos. Ainda é muito clara a divisão das áreas em “feudos” o que dificulta ainda mais o crescimento e desenvolvimento estruturado da área.
O Congresso Mega Brasil de Comunicação (que se iniciou ontem e termina amanha, quinta-feira) é o único, se bem sei, específico sobre comunicação. Ele tenta abordar assuntos correlatos às principais áreas da comunicação, o jornalismo e as Relações Públicas, além de dar uma pincelada em diversas outras.
Estou participando do congresso à convite do Rodrigo Cogo que gentilmente me cedeu uma inscrição. Após quase 12h lá dentro já pude formar minhas primeiras impressões sobre o evento, e é isso que vim compartilhar aqui com vocês baseado também na opinião de outros colegas que lá estavam e com os quais conversei. Após o término do congresso pretendo trazer outros posts sobre os assuntos abordados por lá ;-).
- Relações Governamentais é tendência – Pra quem ainda tem dúvidas disso, basta olhar a grade do evento e a quantidade de palestras ligadas à Public Affairs, Relações Governamentais, Lobby ou qualquer outra maneira que vc prefira usar para se referir ao tema! Gol pra mim, que trabalho com isso 😉
- Falta participação – Em casa de ferreiro, o espeto é de pau! O centro de convenções rebouças é bem interessante para receber o evento, porém tem MUITO mais capacidade do que o que o Congresso consegue reunir. O Curso de abertura do Prof. Dr. Paulo Nassar, um dos encontros mais lotados do evento, não conseguiu encher nem 25% do Grande Auditório…
- Falta atentar aos detalhes – Evento de comunicação, cheio de comunicadores que gostam e precisam se COMUNICAR não tem wi-fi…. Parece um detalhe, mas são justamente esses que fazem a diferença. Resultado, gente pra lá e pra cá buscando sinal de celular para acessar o 3G… Isso sem falar das tomadas… Orientação pra almoço, guia com locais da região, sugestões… mais um detalhe… e por aí vai!
- Bons temas, mas falta profundidade – Os temas das exposições são muito bons, assuntos que estão sendo discutidos e movimentando o mercado de comunicação, mas o aprofundamento no tema fica por conta das perguntas de quem se propõem a tal. Isso não chega a ser um problema do evento, mas mostra que nós, comunicadores, ainda precisamos aprender e ESTUDAR MUITO
- Falta investimento do setor – São 56 patrocinadores/apoiadores ao evento. GOSH que evento junta isso?? Poucos, mas poxa, eles tem melhor estrutura… hum…. É, muitos apoiadores, pouco dinheiro de cada, é uma forma de se fazer. Outra coisa que reparei é que toda palestra tem como “oferecimento” a própria empresa em que o palestrante trabalha… Fiquei confuso com isso… :-S
Se você está procurando um evento legalzão, muito bem estruturado, com capricho e atento aos detalhes, infraestrutura de primeira, ambientação, como todos aqueles de OUTRAS ÁREAS que são organizados por comunicólogos, este NÃO é o lugar! Vale a máxima da casa do ferreiro…. Entretanto, até agora estou bastante satisfeito com o conteúdo e o formato do evento. Ele traz reflexões interessantes e provocações sobre o “status quo” da área! Pesando com o valor da entrada (R$ 2.600,00 pra quem pagou no último lote) precisa pensar muito bem…
Ótimas colocações. Quando eu tive oportunidade de ir pela empresa em que eu trabalhava tive praticamente as mesmas impressões. Eram os palestrantes falando para os funcionários de suas empresas e de seus concorrentes, ponto! as inscrições são muito caras e nem todo mundo que gostaria consegue ir.
A primeira – e única – edição que fui desse congresso foi há uns 7 anos. Naquela época tive justamente essa impressão que tu falas aqui, Pedro. Com o agravante que estava morando há poucos meses em São Paulo e desconhecia 100% a região. Na época, o que achei que mais valeu a pena foram os workshops.
Pensei que era porque o evento ainda era novo, estava crescendo e iria se organizar melhor na medida em que novas edições acontecessem. Agora sei que não era tão novo assim, uma vez que este já é o 15º.
Analisando a questão da quantidade X qualidade (R$) de patrocinadores e apoiadores, fico filosofando com meus botões… Isso não é um retrato de como as empresas encaram a comunicação em seus negócios? Alguma coisa do tipo, "a gente investe, sim, em comunicação, mas o percentual maior vai para marketing, claro!"
A pensarmos…