Uma notícia que saiu na Folha de S.Paulo me chamou a atenção: a criação de um gabinete digital do Governo para as redes sociais.
A decisão do Governo se deu após a onda de manifestações e a mobilização dos cidadãos via web e para criar um canal direto de diálogo por meio das redes sociais. Isso porque o Governo não conseguiu responder às demandas levantadas nas redes
O objetivo do Gabinete Digital, segundo a Folha apurou, “é abastecer o mundo cibernético com dados oficiais; monitorar e pautar o debate virtual; fazer disputa de versões, desfazer boatos e tentar, na medida do possível, colocar a presidente Dilma Rousseff em contato mais direto com internautas”.
O estado do Rio Grande do Sul já possui um órgão similar: http://gabinetedigital.rs.gov.br/ com desdobramentos no Twitter (https://twitter.com/gabinetedigital) e Facebook (https://www.facebook.com/gabinetedigital).
O curioso é que a nova estrutura, comandada por Valdir Simão, ex-secretário do Turismo, é considerada estratégica e está posicionada no terceiro andar do Palácio do Planalto, onde despacha a presidente.
A notícia me deixa feliz, claro, afinal também trabalho e vivo disso, mas tenho uma “senhora” dúvida: seria mesmo necessária a criação de um gabinete inteiramente dedicado ao digital? Não estariam as áreas de Comunicação e Relações Públicas prontas para assumir essa demanda dentro do Governo? Não estamos tornando o digital um tanto esquizofrênico, já que o estamos apartando de seus “irmãos” naturais que são a assessoria de imprensa, comunicação institucional, relações com os stakeholders?
Adoraria ouvir a opinião de vocês.
Também creio que não seja necessária a criação de mais um setor (ou como queiram chamar) para manter um contato mais direto através das mídias sociais. Sabemos que hoje muitos profissionais, sobretudo os da área de comunicação (como é destacado no texto), são capacitados para realizar tal função. Assim os setores já existentes estariam totalmente capacitados para exercer tal função. Talvez isso seja mais uma tentativa do governo para almentar o gasto de verba pública, se é que me entendem.
Julio, obrigada pelo comentário! Espero, de verdade, que o gabinete sirva aos propósitos de integrar os interesses do cidadão com o governo via mídias digitais. Vamos acompanhar! 🙂
Olá Carol, interessante a notícia e, mais ainda, o seu questionamento. Em princípio concordo que o ideal seria essa estrutura digital estar aninhada dentro de alguma das áreas de comunicação já existentes no governo. Mas, à partir da minha observação junto ao mundo empresarial, muitas (talvez a maioria) das vezes as áreas "tradicionais" de comunicação não entendem / respeitam / aceitam a comunicação digital. Percebo que aquelas áreas já estabelecidas, pouco acostumadas a interagir com públicos diversificados, tendem a preferir manter o status quo de só conversar com interlocutores escolhidos, determinados. As novas áreas de comunicação digital, principalmente quando ligadas às redes sociais, aceitam e até estimulam o diálogo com um público muito maior, que muitas vezes nem conhece bem o assunto em pauta, mas que tem opiniões e quer externá-las. Aliás, esse público efetivamente externa suas opiniões (sem entrar no mérito de qualidade dessas opiniões) independente da vontade da empresa ou, nesse caso, do governo. Eu sempre digo ás empresas que "vocês já estão nas redes sociais, querendo ou não. Sua única opção agora é se vão participar das conversas, ou vão ficar de fora".
Cazarré, já tá mais do que na hora das áreas de comunicação tradicionais acordarem para o advento do digital e incorporarem isso ao dia a dia, certo? Agradeço muito a sua visita e o seu comentário aqui! Abs!
Corretíssimo, Carolina. É necessário que as áreas de comunicação ditas tradicionais parem de competir com o digital, e que todas as vertentes caminhem juntas, afinal o digital está apenas abrindo novos caminhos e formas de comunicação. A grande mudança que o digital traz é a capacidade de "um para um", ou seja, de se poder destacar um interlocutor (ou vários) e tratá-lo de forma individualizada. Também se destaca a capacidade do digital de captar as opiniões em tempo real, e aí permitir a comunicação imediata, quando for de interesse. Finalizando, a disciplina de monitoramento de redes sociais é hoje uma poderosa ferramenta de pesquisa, que permite estudar os "humores" do grande público quanto à qualquer assunto, e essa capacidade de observação beneficia todas as áreas de comunicação de empresas e, da mesma forma, de governos. Eu que agradeço seu excelente post e abordagem do assunto. Abraços!
tb vejo como pertinente a pergunta da carol, mas por outro lado vejo uma baita utilidade no gabinete digital (como cidadã riograndense do sul que sou, e usuária do gabinete digital, e adepta da democracia cada vez mais direta, cada vez menos representativa, cada vez mais participativa). e como profissional de comunicação atuante no terceiro setor, creio que tanto ou mais importante que as empresas privadas usem caminhos e ferramentas atualizadas e eficientes de comunicação, é necessário, justo e relevante que os empreendimentos públicos e sociais o façam. aliás, como já comentei com a carol num curso, o uso de comunicação alternativas e redes sociais como canal de comunicação com seus púbicos foi usado inicialmente por coletivos e empresas de terceiros setor, pq não tinham verba pras mídias tradicionais (e as mídias tradicionais não estavam "nem aí" pra elas – nem nunca estiveram, e continuam não estando). achei acertadíssimas as ponderações adicionais do cazarré. e a partir das reflexões dos dois, eu arriscaria: e por acaso essa falta de integração, de visão sistêmica, de competição interna dos ramos da comunicação corporativa não existiram sempre? chuto que sim, portanto, nada de novo debaixo do sol. podem advir zilhões de novos caminhos, mas como sempre foi, se a postura não mudar, as áreas e os profissionais que passarem a ter ou seguirem com essa visão apenas no próprio umbigo vão sucumbir.
Débora, muito obrigada pela visita e pelo comentário. Acerca das suas ponderações, já tá mais do que na hora de acabarmos com os provincianismos e corporativismos, não? Mas, você tem razão, essa divisão dentro da nossa própria área existe há tempos e talvez tenha sempre existido mesmo!
O bom é que há esse campo de atuação – mídias digitais – e há que aproveitá-lo, fazer-nos perceber!
Abs!