“Pensar antes de fazer” pode parecer um simples jargão e pode não parecer ter muito a ver com a ideia que as pessoas tem, de modo geral, sobre criatividade. Mas, essa foi uma das premissas reforçadas por Gustavo Mini, head de planejamento da agencia digital DZ Estúdio, durante o workshop “JAM: o Processo Criativo”. Pensar antes de fazer, estrategicamente, ao invés de sair fazendo as coisas de forma reativa.
Quem conduz o workshop
Contando um pouco sobre a sua trajetória profissional, Mini nos provou que experiências diversificadas também são combustível para a criatividade: sua história vai desde voz e guitarra na banda Os Walverdes, bastante conceituada na década de 90 no RS, passa por redator publicitário, flutua entre editor, blogueiro e colunista de blogs como Papo de Homem e Conector, e vai até a sua posição como Diretor de Planejamento na DZ Estúdio.
Na DZ, Mini trabalha com direção criativa e estratégica de projetos digitais para marcas conceituadas, como Grupo RBS, Sicredi, Nutrella, Lojas Paquetá, Fiergs e Picadilly.
O Processo Criativo
A quebra de tabus sobre o perfil do criativo abriu o tema do workshop. Quando se fala em processo criativo, geralmente as pessoas associam criatividade a excentricidade, a ambientes e a comportamentos muito diferentes daqueles esperados no ambiente de trabalho.
Mas Gustavo nos mostrou que a vida e o estilo das pessoas criativas geralmente são simples e processuais. Justamente porque essas pessoas empenham seu tempo e a sua energia criativa no processo do próprio trabalho.
“Quando investigamos a vida de pessoas criativas encontramos processos, e descobrimos que eles são, na verdade, bastante metódicas”, contou o palestrante enquanto exemplificava mostrando imagens dos espaços de trabalhos de grandes referências em criatividade e inovação, como Woody Allen e Steve Jobs.
Em sua fala, Mini deixou claro que criatividade é um processo organizado a ser aprendido e exercitado, que exige esforço e disciplina. “Em comunicação, criativo é a pessoa que sabe receber, absorver e entender limites, sair deles para explorar coisas novas e adaptar os itens explorados para dentro dessas limitações”.
Trabalho deve estar sempre centrado no perfil e nas metas do negócio do cliente, existindo um processo de trabalho que é o centro do processo criativo – ao qual são adicionadas as ferramentas on e off-line e outras estratégias, como a gameficação.
“Para ser criativo é preciso ter capacidade de transitar entre os pólos objetivos e os pólos subjetivos, sempre dialogando com limites e linguagens que já existem”. Mini ressaltou que saber jogar com os limites é fundamental, como um surfista que sabe que precisa ir além do limite da rebentação para criar as melhores oportunidades de manobrar as ondas.
A criatividade não acontece no vácuo. São necessários três elementos: linguagem, novos elementos e especialistas do setor (que validem a criação, a novidade)
No caso da comunicação, Mini explicou que a linguagem é aquela usada nas campanhas e nas ações que estão acontecendo no momento. A partir daí entram os novos elementos, sempre levando em conta que é preciso saber “jogar” com os limites.
O processo criativo tende a ser considerado como um eixo entre ideias e tempo, mas não e um processo linear, não sucede no estilo “no alto e avante”. Geralmente, o processo criativo acontece em meio a dificuldades e obstáculos.
Mas, como organizar esse processo criativo?
Como explicado por Mini, ordem e caos se alternam no tempo do processo criativo, mas a criatividade não acontece no vácuo. Quando percebeu que não existia uma organização eficaz no momento de gerar ideias para propor aos clientes, Mini percebeu o quanto a falta de um processo para esse momento atrasava o trabalho da agência.
“Não foram poucas as vezes em que fizemos reuniões para propor e validar ideias que acabavam se perdendo no bloquinho da pessoa que as anotava. O problema em si não era a falta de ideias, mas sim a desorganização desse processo criativo”.
Foi pensando nisso que Gustavo Mini e Zé Pedro Paz desenvolveram o método JAM Smart/Simple para criar um processo para gerar ideias, que já falamos um pouco sobre nesse post.
O método é bastante prático e funciona como um canvas para gerar ideias com foco, sendo possível externar a ideia e definir se ela é de fato sustentável, inteligente, aplicável e simples.
“O JAM é um método prático e visual para organizar ideias para projetos de comunicação em, no máximo, 1h. Sua prioridade é a simplicidade”, nos conta Mini, que continua explicando que o método foi testado internamente pela DZ durante um ano inteiro. Depois desse período, a ferramenta foi apresentada no site da agência e externada para o mundo, para que fosse possível obter feedback e aprimorá-la.
Na Prática
Após o break foi o momento de colocar a mão na massa! Mini colocou os participantes do workshop para trabalhar com um briefing direcionado alinhado com o objetivo da RP Week.
8 grupos tiveram aproximadamente 1 hora para desenvolver seu processo criativo utilizando a JAM board, com o seguinte briefing:
Criar uma ação de Comunicação Digital com foco na valorização do profissional de Relações Públicas, tendo como mensagem principal a Todo Mundo Precisa de Um RP.
O público determinado pelo briefing seriam CEOs e CMOs de grandes empresas brasileiras, o orçamento disponível seria de cem mil reais para uma campanha com trinta dias de duração.
Foram cerca de 30 ideias sensacionais que surgiram em menos de 1 hora. Memes, gifs, vídeos, cases, ações sociais, apps, web séries, e-books, eventos… Foi uma variedade de ideias de comunicação integrada que surgiu mediante ao uso do processo criativo organizado através da JAM, proposta pela DZ.
Para finalizar, Mini deixou três “dicas de bolso”:
- Use a JAM, ela está disponível para todos aqui.
- Divirta-se com a JAM – ela é para isso também, processo é bem melhor quando solto e criativo.
- Venda a sua JAM: não adianta nada ter uma super ideia se você não colocar ela em prática. Use o Design para tornar a sua ideia visualmente atrativa e venda-a, sim!
“Exercícios deste tipo têm um resultado melhor quando empregados em um processo. Esperamos que o pessoal saia do workshop sabendo colocar ideias sustentáveis e bacanas no papel para, logo em seguida, colocá-las em prática”, nos contou Guilherme Alf, idealizador da Todo Mundo Precisa de Um RP e irmão de Gustavo Mini, acrescentando que sempre disse que o irmão é o gênio da família.
Esse é apenas o segundo dia de RP Week e ainda restam vagas para algumas atividades – lembrando que diversas delas são gratuitas.