A mídia é a instituição global menos confiável. Ao mesmo tempo, nunca foram vistas tantas oportunidades para CEOs demonstrarem liderança frente a causas sociais e mudanças políticas, de acordo com resultados do Trust Barometer 2018.
Lançada anualmente pela Edelman desde 2001, o Trust Barometer é uma pesquisa global que mede atitudes sobre o estado da confiança de países com relação às suas quatro instituições regentes: negócios, governo, ONGs e mídia. Se você ainda não conferiu os resultados do Trust Barometer 2018, trouxemos aqui insights da pesquisa que ilustram o cenário global pelo qual estamos passando.
Essas informações podem ser úteis para o planejamento anual da sua empresa e na tomada de decisões neste ano.
Em um período dominado por notícias falsas, talvez não seja surpreendente que a confiança na mídia tenha caído mais de 50% em 22 dos 28 países pesquisados no Trust Barometer 2018, em relação à pesquisa do ano anterior. Ainda assim, o fato de que, pela primeira vez, a mídia é a instituição menos confiável em âmbito global não é um detalhe que passa despercebido.
A diminuição da confiança na mídia é impulsionada principalmente por uma queda significativa na confiança das pessoas em plataformas, ferramentas de busca e redes sociais:
- 63% dos 33 mil entrevistados disseram que já não sabem como diferenciar bom jornalismo de fake news, rumores ou falsidades,
- 59% disseram que se tornou cada vez mais difícil distinguir se uma notícia foi produzida por um veículo de mídia respeitado e confiável,
- quase 70% dos respondentes demonstraram preocupação com notícias e informações falsas sendo utilizadas como “armas” para conflitos entre nações – como, por exemplo, para influenciar ou perturbar eleições nacionais.
Os resultados do Trust Barometer 2018 demonstraram aumento na confiança em especialistas técnicos e acadêmicos como porta-vozes de organizações. Esse dado é importante pois, desde 2006, a pesquisa vinha mostrando um aumento na credibilidade de pares, ou “pessoas como eu”, como porta-vozes de marcas. Frente à desconfiança em massa, no entanto, fontes especializadas e credenciadas estão se tornando mais importantes do que nunca.
A busca por fontes de informação seguras também entrega um lado positivo para jornalistas profissionais: a confiança na profissão de jornalismo foi renovada, com 20 dos 28 países demonstrando um aumento de dois dígitos na credibilidade dos jornalistas.
“Há problemas de credibilidade para plataformas e fontes. A confiança das pessoas em ambos está em colapso, deixando um vácuo e uma oportunidade para os especialistas de boa-fé preencherem”, disse Stephen Kehoe, presidente de Reputação Global da Edelman.
“Felizmente, já estamos vendo os primeiros sinais de arrependimento sobre a dependência excessiva em nossos pares e em líderes populistas. A preocupação das pessoas com as notícias falsas e sua vontade de ouvir os especialistas mostram que anseiam pelo conhecimento”, afirmou Richard Edelman.
A onda de desconfiança no poder público abriu oportunidades para organizações tomarem para si assuntos de interesse econômico e social. Negócios, agora, devem ser agentes de mudança.
O Trust Barometer demonstrou que o empregador é a nova casa segura na governança global, com 72% dos entrevistados afirmando que confiam nas empresas para as quais trabalham. Além disso, 64% dos respondentes acreditam que uma empresa pode tomar ações que aumentam os lucros e melhoram as condições econômicas e sociais na comunidade onde atua.
No ano passado, a credibilidade com relação a CEOs teve um expressivo aumento de sete pontos, indo para 44% depois que vários líderes de grandes empresas expressaram suas posições sobre questões sociais e políticas. Quase dois terços dos entrevistados dizem desejar que CEOs assumam a liderança na mudança de políticas ao invés de aguardar o governo, que agora tem seu nível de confiança muito abaixo do de negócios em 20 dos 28 mercados que participam do Trust Barometer.
Esta demonstração de credibilidade vem com novas expectativas do indivíduo em relação às empresas. Construir confiança (69%) é agora o trabalho número 1 destinado aos CEOs, superando a produção de produtos e serviços de alta qualidade (68%).
Outras descobertas importantes do Trust Barometer 2018:
- O setor tecnológico continua a indústria mais confiável (75%), seguido por Educação (70%), serviços profissionais (68%) e transporte (67%). Serviços financeiros foram mais uma vez o setor menos confiável (54%), juntamente com bens de consumo (60%) e automotivo (62%).
- Empresas com sede no Canadá (68%), Suíça (66%), Suécia (65%) e Austrália (63%) são mais confiáveis. As marcas menos confiáveis estão localizadas no México (32%), na Índia (32%), no Brasil (34%) e na China (36%). A confiança em marcas dos EUA (50%) caiu cinco pontos, o maior declínio dos países pesquisados.
- Exatamente metade dos entrevistados indicam que interagem com mídia convencional menos de uma vez por semana, enquanto 25% disseram que não liam nenhuma mídia porque é muito perturbador. Além disso, a maioria dos entrevistados acredita que as organizações de notícias estão excessivamente concentradas em atrair grandes públicos (66%), notícias de última hora (65%) e políticas (59%).
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