A Motim publicou recentemente a primeira edição de uma pesquisa que foca em entender o consumo de serviços de RPs por empresas do mercado – com recorte das “100 empresas inovadoras mais relevantes” (também estou curioso para saber que lista é essa). Pesquisas assim são super interessantes e ajudam a compreender a maturidade e para onde caminha a área de RP, especialmente dentro deste que é (se estou assumindo corretamente o perfil da amostra), o segmento mais ousado ou mais “prafrentex” do mercado.
E os dados da pesquisa mostram, por um lado, uma mesmice alarmante, e por outro, novidades interessantes.
Você pode baixar o conteúdo completo do estudo, de graça, no site da Motim.
Quem cuida da estratégia
O primeiro dado interessante de olhar é “quem cuida da estratégia de RP da empresa”, e o contraste com o tempo que a empresa investe em RP. Segundo a pesquisa, para empresas que investem em RP há menos de 1 ano, apenas 40% delas delegam a estratégia para agências. O que, segundo os dados da pesquisa, nos leva a entender que 60% fazem isso internamente ou com a ajuda de um consultor externo.
O percentual de empresas que delegam a estratégia para agências especializadas salta para 72%, entre empresas que investem há entre 1 e 3 anos em RP, e volta para 62,3% para as empresas que investem em RP há mais de 3 anos.
Interessante notar que, novamente assumindo corretamente o recorte que a pesquisa estudou, empresas novas internalizam tal assunto logo no início, buscam rapidamente por ajuda quando estão crescendo rapidamente e depois, com mais maturidade sobre o assunto ou com um time interno “sênior”, encontram um equilíbrio mais adequado ao caminho para a maturidade. Algo que vi em todas as empresas assim pelas quais passei – Uber, Meta e iFood.
Boa e velha assessoria de imprensa
E coloco o subtítulo assim, pois cruzo com outro dado interessante da pesquisa – e o que mais me chamou a atenção: 90% dos entrevistados dizem que investem em assessoria de imprensa, clássica, com as demais ferramentas mais utilizadas sendo eventos, influenciadores e “liderança inspiradora”. Ao mesmo tempo, 66% dos entrevistados dizem que “sucesso em RP” é o volume de matérias publicadas na imprensa – atrás apenas de audiência alcançada com as ações.
Ver que números pontuais, quantitativos, que pouco traduzem qualidade, efetividade, contexto ou relevância do trabalho de RP, ainda são os mais relevantes para medir o trabalho de RP, é algo preocupante e deveria servir de alerta para os gestores de RP das agências e das empresas.
A mensuração em RP segue sendo um desafio para todo o mercado, sem um modelo difundido e consolidado mas, hoje, temos muito mais capacidade para identificar “KPIs” que sejam relevantes e importantes para a empresa. Dado corroborado pela própria pesquisa, que mostra que quase 50% dos respondentes não sabem mensurar o impacto de PR.
Satisfação com RP pode destravar negócios
Outros dois dados importantes de olharmos conjuntamente falam sobre a satisfação dos gestores com os resultados atingidos por PR, e como essa satisfação aumenta os investimentos em iniciativas para além da “assessoria de imprensa”.
Um terço dos respondentes se declararam indiferentes ou insatisfeitos com os resultados atingidos. Ao mesmo tempo, segundo a pesquisa, gestores satisfeitos com o trabalho de PR tendem a investir em mais frentes de comunicação como a construção de comunidades, liderança inspiradora e projetos com influenciadores. Claramente um ponto importante para gestores de comunicação e para dirigentes de agências.
Como destacou Silas Colombo, CCO da Motim, no texto final, parte da solução passa por garantir conversas e alinhamento entre as equipes de negócio das empresas e as de comunicação. Ambas estratégias precisam estar alinhadas. Comunicação isoladamente, por mais linda que seja, não serve de muita coisa se não gerar resultados para a empresa. E é papel da alta liderança das empresas garantirem que este alinhamento seja feito.