O incêndio na boate Kiss em Santa Maria, tragédia que abalou o país e repercutiu no mundo, trouxe uma realidade das redes sociais que merece ser comentada.
Mesmo em veículos estrangeiros foi veiculada a crítica negativa a imprensa brasileira que, mais uma vez, espezinhou sobre o sofrimento dos familiares das vítimas fatais e dos sobreviventes. Inclusive e especialmente os veículos de maior alcance e repercussão fizeram questão de serem sensacionalistas e se aterem muito mais na exploração sentimental e na caça aos culpados do que em tornarem-se parceiros e auxiliares voluntários para ajudar e informar a população da cidade e a sociedade.
Por outro lado, foi surpreendente a rede de colaboração que surgiu e estendeu-se com grande rapidez nas redes sociais, principalmente Facebook e Twitter, repassando informações de todos os tipos, recrutando voluntários e doações, organizando grupos de trabalho, caronas solidárias, hospedagens e muito mais. Não que não tenham ocorrido algumas piadas de mau gosto e tentativas de disseminar fotografias sinistras com cenas da boate e das vítimas, ocorreram, sim. Mas os próprios usuários das redes censuraram tais manifestações e tomei conhecimento de muitas pessoas que, em função disso, excluíram e até bloquearam “amigos” por terem feito comentários metidos a engraçadinhos ou publicado ou compartilhado as tais fotos. Alguns até chegaram a agradecer pela oportunidade de conhecerem melhor tais amigos e poderem limpar sua rede pessoal.
Para quem, como nós, usa a redes sociais com regularidade, essa atividade registrada durante o período crítico de vigência da tragédia foi quase uma redenção, na medida em que algumas das pechas que se ouvem por aí é que as redes são um passatempo de jovens desocupados, que se trata de falta de coisa mais séria para fazer, que é uma febre passageira, etc. Até mudam as redes “da moda”, mas por estarem sempre online, ativas, independente de região ou horário, e com uma quantidade infinitamente maior de “repórteres” de plantão do que os veículos de imprensa, elas têm o poder de prontidão sem serem movidas pelo binômio audiência e lucro. De certa forma, nessas ocasiões dramáticas e sinistras, as redes trazem a tona muito mais o que as pessoas têm de bom em si do que o que têm de ruim, muito mais as pessoas de boa índole do que as de mau caráter. Ponto para as redes sociais.
PS: Parabéns para todos os que colaboraram com a publicação e compartilhamento de informações úteis, para os que organizaram comboios de voluntariado pelas redes, ou simplesmente acompanharam as notícias com o pensamento voltado para o bem daqueles que ficaram e enviaram energias positivas. O seu apoio certamente fez a diferença.
Parabéns pelo texto! Excelente!