Escrevi sobre isso no livro do Alf (baixe aqui!) e falo sempre que sou convidada a contar minha trajetória internacional. E há milhares de cursos, escolas e professores de inglês por aí dizendo a mesma coisa: você precisa dominar o inglês de uma vez por todas. Por que levar isso tão a sério?
Quando um texto é traduzido, tende a perder uma parte da sua essência cultural. Consequentemente, somos suscetíveis ao que é publicado em português – sem contar que sobram críticos de sofá e que há muita informação incompleta por aí. Comunicação comparada, uma das disciplinas mais importantes que tive na vida (será que ainda está no currículo?) me ensinou a buscar mais de uma fonte na hora de considerar uma notícia.
E o que isso tem a ver com falar inglês? Veja esse exemplo: a entrevista que Mark Zuckerberg deu para o USA Today.
A matéria conta como ele imagina que o Facebook será uma rede de 5 bilhões de *habitantes* até 2030. Segue os pontos que destaquei:
- O quanto os famosos *graus de separação* diminuirão com o aumento de usuários no Face;
- Questões como o uso da informação online e os seus contrapontos legais, privacidade, etc;
- Um dos propósitos da empresa passa por conectar as pessoas via rede social e é isso que está por trás dos drones – que poderão levar internet para o deserto em breve;
- O início do Facebook: um dos maiores exemplos de empreendedorismo da nossa era. No qual ele e os co-criadores da rede social viam Microsoft e Google como gigantes distantes, mas ainda assim achavam que alguém precisava conectar pessoas e eles fizeram isso.
Ao ler sobre a mesma entrevista no jornal O Globo, a única questão levantada foi tipicamente brasileira: o quanto Mark Zuckerberg *quer mais* do que os 1.5 bilhões de usuários que tem hoje. Pera. Eu interpretei direito?!
O Brasil é um dos países com maior potencial empreendedor do mundo. A própria Globo, no Jornal Hoje, deu que Três em Cada dez Empreendedores Abrem Empresas por necessidade – e isso tem muita chance de dar errado. Ou seja, se o propósito de negócio é a base, educar para o propósito é o princípio que deve ser seguido pela mídia, correto?
Embora a Globo veja o Facebook como concorrência, vivemos uma nova era. Uma era de abundância. Os exemplos de empreendedorismo PRECISAM ser criticados (muito!), difundidos (muito mais ainda) e não mal traduzidos.
Iniciativas como a Endeavor, a Junior Achievement e a AIESEC, devem pautar mais as páginas da web e dos jornais quando o assunto são os grandes negócios do mundo. Mais do que as visões maniqueístas de um tipo de jornalismo, que não correspondem à sociedade em transformação.
Mas mudar isso é uma super revolução. E aqui, a gente acredita nas microrevoluções. E quer você ache o Zuckerberg o cara mais legal do mundo ou o monstro-mor da humanidade, você precisa falar inglês para não ser influenciado ou ainda para ter os argumentos coerentes para criticá-lo.
Talvez em outra língua as pessoas se encontrem cara a cara com a sua falta de noção e com a sua insignificância no meio de tantas coisas para ajustar (I hope so!). E descubram que a moeda chamada dinheiro, com apenas duas faces, não é a mais importante. Estudar inglês é viver outras culturas, entender que a vida é multifacetada e compreender que existem diferentes pontos de vista que sequer imaginamos.
Vai por mim, capriche no inglês antes de se formar, de fazer a próxima especialização ou curso livre. Capriche no inglês para ontem!